Familiares relatam a aflição de estar há quase 70 dias à espera de notícias; pelo menos 130 pessoas continuam em cativeiros em Gaza


Foto: Sofia Pilagallo / R7

 

O Fórum de Famílias Sequestradas e Desaparecidas, em parceria com a Conib (Confederação Israelita do Brasil) e a Fisesp (Federação Israelita do Estado de São Paulo), reuniu familiares de reféns sequestrados pelos terroristas do Hamas no Clube Hebraica, em São Paulo, nesta terça-feira (12).

 

 

Hen Mahluf, filha do brasileiro com nacionalidade israelense Michel Nisenbaum, sequestrado há quase 70 dias, afirma que “a vida se tornou um pesadelo”.

 


“Estamos muito preocupadas com ele. Não temos mais vida. A cabeça pensa o tempo todo”, diz.

 


Mary Shohat, irmã de Michel, conta que a mãe vive em estado de terror desde que a família ficou sem notícias do paradeiro do brasileiro.

 


“Eu não posso me afastar dela que ela se apavora. Diz que já perdeu um filho e não pode perder a filha agora. Preciso ser forte por ela”, afirma Mary.

 


Michel, de 59 anos, é o único cidadão do Brasil confirmado entre os reféns sequestrados pelo Hamas. Ele imigrou com a irmã para Israel no início da década de 80, e os dois viveram muitos anos em um kibutz nos arredores de Gaza.

 


Pai de duas filhas e avô de quatro netos, ele perdeu o contato com a família no dia 7 de outubro. A filha conta que, no dia do sequestro, tentou ligar para Michel, mas uma pessoa atendeu falando em árabe, e, ao fundo, ela escutou gritos de “Hamas”.

 

 


Encontro com o presidente

 


Nesta segunda-feira (11), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com Mary Shohat e Hen Mahluf. Lula falou sobre os esforços que o governo têm feito, junto aos países da região, para a libertação dos reféns.

 

 

Segundo os organizadores, o evento busca “sensibilizar a sociedade brasileira em prol da libertação dos reféns” e “pedir apoio do governo brasileiro para a interlocução no resgate dessas pessoas”.

 


Outros três cidadãos do Brasil — Ranani Glazer, Bruna Valeanu e Karla Stelzer — tiveram a morte confirmada pelo Itamaraty. A israelense de mãe brasileira Celeste Fishbein também foi morta pelo Hamas.

 


Outros familiares de reféns também participaram do evento: Maurice Schneider, tio de Shiri Bibas e tio-avô do bebê Kfir Bibas, que teria morrido em um ataque israelense, e de seu irmão Ariel; Maia Chmiel, prima de Yair Horn e Eitan Horn, irmãos que foram sequestrados no kibutz Nir – Oz; e Guefen Sigal Ilan, sobrinha de Fernando Merman, que estava em visita ao kibutz Nir Yitzhak quando foi capturado juntamente com Luis Har, marido da mãe dele.

 


Estima-se que pelo menos 130 pessoas continuem em cativeiros na Faixa de Gaza. No ataque do dia 7 de outubro, o grupo terrorista sequestrou cerca de 240 pessoas e matou 1.200, entre civis e militares.

 

 

O presidente-executivo da Federação Israelita, Ricardo Berkiensztat, afirmou nesta terça-feira que não haverá paz enquanto todos os sequestrados pelo grupo terrorista Hamas não forem libertados.

 

 

“O que todos queremos é paz. Mas, antes, precisamos trazer todos os reféns para casa. Sem isso, não haverá paz”, disse Berkiensztat.

 

 

Durante a trégua de uma semana acordada entre Israel e os terroristas do Hamas, mais de cem reféns deixaram os cativeiros subterrâneos de Gaza. Em contrapartida, Israel libertou cerca de 300 prisioneiros palestinos que estavam em prisões do país.

 


Entre os reféns israelenses libertados pelo Hamas está a família de Avichai Brodutch, com quem o R7 conversou antes do acordo firmado entre Israel e o Hamas.