Jennifer Miwa acredita que as informações do cartão foram roubadas depois de uma compra em um popular site chinês

 

 

 

 

Texto: Ana Paula Ramos/Record TV Japan
Foto: @pickawood/Divulgação

 

 

 

O ano começou com um grande aborrecimento para uma brasileira que vive na província de Aichi. Jennifer Miwa, de 41 anos e moradora da cidade de Hekinan, foi avisada pelo marido no fim de dezembro que a fatura do cartão de crédito estava alta demais.

 

“Ele estava chateado e me avisou, mas eu ia entrar de folga e não quis me estressar. Fui conferir a fatura só no dia 8 de janeiro, pois tinha que pagar até o dia 11. Quando eu vi, fiquei muito surpresa com o valor”, contou para a Record TV Japan.

 

Nos detalhes da fatura, Jennifer identificou três compras realizadas no dia 5 de dezembro, em dólar. As compras totalizavam ¥122.371 e ela tinha certeza de que não tinha gasto aquela quantia com o cartão de crédito.

 

“O caso está sendo analisado no momento e devo receber a resposta na próxima semana, além de um cartão novo”, explicou.

 

A brasileira não tem certeza se fez algo que resultou na clonagem do cartão, mas tem uma forte suspeita: “no dia 26 de novembro eu fiz compras pelo site Aliexpress, desconfio que os dados foram roubados através dele”, diz.

 

Ninguém está totalmente livre dos riscos de ter as informações do cartão de crédito roubadas e esse tipo de ação é mais comum do que parece. De acordo com os dados da Associação de Crédito do Japão, em 2020, o prejuízo provocado pelo uso não autorizado de cartões chegou a 25 bilhões. 

 

O roubo de dados totalizou 88% dos casos e o prejuízo é o mais alto registrado no período de um ano até o momento.

 

Demora na verificação

 

Quem faz muitas compras frequentes e está acostumado com faturas altas pode não ter tanta atenção na hora de verificar as despesas do mês. Sem olhar os detalhes da fatura, o usuário pode acabar pagando valores gastos por criminosos.

 

Foi isto o que aconteceu com Daniele Leite, que mora em Togo (Aichi) e tem 42 anos. A brasileira passou por uma experiência de roubo dos dados do cartão há dois anos e levou três meses para perceber. Ela conta que fazia muitas compras online e não olhava os detalhes da fatura no fim de cada mês.

 

“Eu usava muito o cartão no site Aliexpress e não era detalhista com a fatura. Até que veio uma conta de ¥40 mil durante três meses e eu achei estranho. Fui verificar e puxei as outras faturas, então entrei em contato com o banco da Aplus e disse que não tinha sido eu”, explicou.

 

Daniele viveu uma novela com as compras feitas com os dados roubados. Ela teve dificuldade em convencer o banco de que não tinha comprado e foi orientada a pagar a fatura, com a condição de que receberia o reembolso caso a investigação comprovasse a irregularidade.

 

“No começo parecia que eles não estavam acreditando, mas então eu disse que ia registrar a ocorrência e eles falaram que iriam investigar. Eles também me disseram para não usar o cartão, pois a pessoa estava fazendo compras regulares e eles podiam descobrir quem era”, contou.

 

Dito e feito. Algum tempo depois, a brasileira recebeu a ligação do banco perguntando se ela conhecia o sujeito que havia utilizado o cartão. “Eu disse que não e logo depois saiu uma reportagem de um chinês preso por clonar vários cartões. Recebi o reembolso dois meses depois”, diz.

 

Mesmo assim, ela não saiu desta história sem prejuízo: “também fizeram compras com o meu cartão pelo banco online Paypal, uma compra de ¥20 mil e outra de ¥10 mil. Esse dinheiro não consegui recuperar”, lamentou.

 

Ela também acredita que o roubo dos dados aconteceu através do Aliexpress e diz que nunca mais se sentiu segura para comprar pelo site, que é uma das maiores plataformas online de compras, administrada pelo conglomerado chinês Alibaba.

 

Fraudes e como evitar clonagem

 

O usuário pode tomar algumas atitudes para reduzir o risco de ter o cartão clonado ou os dados vazados de alguma forma. Embora não seja possível garantir totalmente, cuidados como uma verificação rigorosa da fatura pode ajudar a resolver a questão mais rapidamente, caso venha a acontecer.

 

O banco japonês Sumitomo Mitsui divulgou algumas orientações sobre os principais esquemas de fraude que resultam na clonagem de cartões e como o usuário pode prevenir e aumentar a segurança (veja abaixo). Se perceber alguma irregularidade, entre em contato com a empresa do cartão para cancelar o uso e solicitar a investigação.

 

1. Pishing: pishing é uma técnica de fraude muito comum, que tenta enganar o usuário para que ele coloque as informações do cartão em um site falso que irá roubar os dados. Essa técnica geralmente é utilizada na forma de e-mails, mensagens fingindo ser do próprio banco e solicitando ao usuário que verifique seus dados para não ter a conta cancelada, por exemplo. Por causa deste tipo de risco, os bancos normalmente não mandam e-mail com links para o usuário acessar com os dados pessoais, portanto, este tipo de mensagem geralmente é fraudulenta.

 

2. Skimmer: trata-se de um dispositivo instalado por criminosos em caixas eletrônicos e bombas de gasolina. O dispositivo é colocado no leitor do cartão e faz uma cópia dos dados, enquanto uma câmera escondida capta a senha quando o usuário digita. Este tipo de dispositivo pode ser sofisticado a ponto de dificultar a descoberta, mas normalmente é possível identificar ao balançar o leitor de cartão. Se algo se mexer lá dentro, é sinal de que a máquina pode estar com o dispositivo.

 

3. Compras falsas: há muitos sites falsos de compras que possuem como objetivo roubar os dados de cartões de créditos de internautas. Você faz a compra normalmente, mas o item nunca irá chegar no seu endereço e de quebra, os dados do cartão são enviados aos criminosos. Por isso, é importante evitar comprar por sites desconhecidos e que não são confiáveis.

 

4. Vazamento de dados: sites comuns de compras, como o Aliexpress, também podem se tornar um veículo de roubo de dados de cartão de crédito, como parece ter acontecido com as duas brasileiras. Por mais que haja medidas de segurança, os criminosos desenvolvem novas formas de acessar contas e furtar números de cartões. O ideal é usar senhas de segurança fortes e nunca deixar os dados do cartão salvos no sistema.