Concebida pelo cônsul-geral do Brasil em Hamamatsu e desenhada por uma adolescente de 17 anos, a ararinha-azul ganha “vida” e pode ajudar a melhorar o relacionamento entre brasileiros e japoneses

 

 

Texto: Gilberto Yoshinaga/Record TV Japan
Fotos: ©Alex Santos/Record TV Japan

 

 

Uma simpática ararinha-azul que atende por Jujuba pode ser uma importante personagem para estreitar e melhorar as relações entre os japoneses e os brasileiros que residem no arquipélago. Com uma primeira aparição oficial no palco – e nos bastidores – do Brazilian Day de Tóquio, realizado nos dias 19 e 20 de novembro, Jujuba foi apresentada como a mascote oficial da comunidade brasileira no Japão.

 

A ideia partiu de Aldemo Garcia, cônsul-geral do Brasil em Hamamatsu, enquanto corriam os preparativos para a Olimpíada Escolar Brasileira – realizada em 9 de julho deste ano na cidade de Fukuroi (Shizuoka). “Solicitei à Maurício de Sousa Produções a presença da Turma da Mônica, mas o prazo era inviável. Então, sondei o COB [Comitê Olímpico Brasileiro] sobre a possibilidade de contarmos com a mascote Ginga, o que também não deu certo”, lembra o diplomata. “Então, comecei a pensar: ‘Por que não criarmos nossa própria mascote?’. Fiquei com essa ideia na cabeça.”

Festival Brasil 2022/Brazilian Day Tokyo. Foto:©Alex Santos/Record TV Japan

Inicialmente, afirma Garcia, o objetivo era que a personagem representasse a comunidade brasileira de Hamamatsu, cidade japonesa com a maior população brasileira – quase 10 mil residentes. “Algumas pessoas me sugeriram que a mascote poderia representar a comunidade brasileira em geral, e não apenas os que residem em Hamamatsu. E a ideia foi tomando forma e crescendo”, explica o cônsul, ao acrescentar que conversou informalmente com seus colegas diplomatas e a ideia recebeu apoio – ele cita o embaixador do Brasil no Japão, Octávio Henrique Dias Garcia Côrtes; o cônsul-geral do Brasil em Tóquio, Guilherme de Aguiar Patriota; e o cônsul-geral do Brasil em Nagoya, Luís Fernando Abbot Galvão. 

 

Garcia lembra que mascotes são muito fortes no Japão, uma cultura conhecida como “yuru kyara”. “Não são apenas os times de beisebol e futebol que têm mascotes. Esses personagens existem nas universidades, empresas, prefeituras, em todos os lugares”, cita. “Mencionei a ideia a jornalistas japoneses que me entrevistavam para tratar de outros assuntos e eles valorizaram demais a história, até deram mais destaque para isso do que para as pautas originais pelas quais me procuraram. Foi quando percebi essa força e concluí que uma mascote também pode facilitar nossa interação e integração junto à sociedade japonesa.”

 

Adolescente é “mãe” da Jujuba 

 

Amadurecida a ideia, o cônsul-geral do Brasil em Hamamatsu soube de uma adolescente brasileira que gostava de fazer desenhos “fofos” e propôs que ela tentasse criar uma mascote, sugerindo dois animais bastante associados ao Brasil: a arara e a onça pintada.

 

Foto: ©Ewerthon Tobace/Record TV Japan

Nascida em Ueda (Nagano), Melissa Maki Hiramoto, 17 anos, atualmente reside em Kikugawa (Shizuoka). Ela nunca foi ao Brasil, mas adorou a ideia e se empenhou por dias para tentar criar a mascote. “Primeiro, estudei as mascotes japonesas e notei que são sempre redondinhas e bonitinhas, bem ‘kawaii’. Desenhei uma ararajuba, que é amarela e me inspirou a criar o nome Jujuba, e uma versão fofinha da onça pintada”, lembra ela, que está prestes a concluir o ensino médio em uma escola brasileira e deseja cursar pedagogia – além de, assim que possível, finalmente visitar o Brasil.

 

Garcia aprovou o nome sugerido por Melissa e, nos passos seguintes até a lapidação do desenho, a cargo de uma agência de publicidade, decidiu-se optar pela ararinha-azul – uma espécie em extinção. Às vésperas do Brazilian Day de Hamamatsu, realizado nos dias 3 e 4 de setembro, nascia a Jujuba, mascote da comunidade brasileira no Japão.

 

Afagos e “selfies”

 

Essa primeira versão da mascote, apenas na forma de desenho, foi exibida em um telão no mesmo festival realizado em Hamamatsu. A partir de então, apoiado por algumas empresas brasileiras, o projeto ganhou “corpo” – uma fantasia desenvolvida por uma empresa japonesa especializada em materializar mascotes.

 

Festival Brasil 2022/Brazilian Day Tokyo. Foto:©Alex Santos/Record TV Japan

E foi essa Jujuba, agora fisicamente presente, que ganhou afagos e pedidos para “selfies” do público presente no Brazilian Day de Tóquio, há poucos dias. 

 

“Foi muito satisfatório, mas a chuva atrapalhou um pouco, porque dispersou parte do público e até chegou a molhar a fantasia”, lamenta Garcia”. Ele crê que, a partir de agora, Jujuba será presença constante em outros eventos e ocasiões especiais. 

Festival Brasil 2022/Brazilian Day Tokyo. Foto:©Alex Santos/Record TV Japan

“Fiquei eufórica e muito emocionada por ter contribuído com algo que representa a comunidade brasileira no Japão”, orgulha-se Melissa, que foi até Tóquio para ver que sua criação ganhou “vida”.

 

A próxima aparição de Jujuba já está agendada: uma apresentação oficial em evento às 19 horas do dia 3 de dezembro, no restaurante do Servitu – um dos estabelecimentos mais antigos e conhecidos da comunidade brasileira em Hamamatsu. E, no que depender da vontade de Garcia, que também conta com a aprovação do Ministério das Relações Exteriores, a próxima ideia é popularizar Jujuba confeccionando canecas, camisetas e outros artigos com a imagem da “ararinha-azul dekassegui”.

 

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