Tenista japonesa disse que sofre de depressão há quase três anos e que não se sente confortável ao dar entrevistas coletivas

 

 

Texto: Redação/Record TV Japan
Foto: Reprodução/Facebook

 

 

 

A japonesa Naomi Osaka surpreendeu Roland Garros no começo desta semana ao anunciar que está desistindo do torneio na esteira de sua decisão de boicotar atividades midiáticas pós-jogo, explicando que sofre de depressão há quase três anos.

 

“Acho que agora a melhor coisa para o torneio, as outras tenistas e meu bem-estar é que eu me retire para que todos possam voltar a se concentrar no tênis acontecendo em Paris”, disse a jovem atleta.

 

Antes do torneio, Osaka disse que não participaria das coletivas de imprensa obrigatórias, dizendo que a maneira como os jornalistas indagam os tenistas tem um impacto adverso em seu bem-estar mental.

 

“Esta não é uma situação que eu imaginei ou pretendi alguma vez quando postei alguns dias atrás”, disse a tenista de 23 anos no Twitter. “A verdade é que sofri períodos longos de depressão desde o Aberto dos Estados Unidos de 2018, e tenho tido muita dificuldade de lidar com isso”, acrescentou ela.

 

A vencedora de quatro títulos de Grand Slam cumpriu a ameaça no domingo, quando venceu sua partida de primeira rodada e se ausentou de uma entrevista coletiva.

 

Ela foi multada pelo árbitro de Roland Garros em 15 mil dólares, e mais tarde os organizadores do Grand Slam emitiram um comunicado alertando para uma possível expulsão do Aberto da França e de grandes torneios futuros se ela não mudasse de postura.

 

“Em primeiro lugar, sentimos muito por Naomi Osaka. O resultado da saída de Naomi de Roland Garros é lamentável”, disse o presidente da federação francesa de tênis, Gilles Moretton. “Desejamos a ela a melhor e mais rápida recuperação possível. E estamos ansiosos para ter Naomi em nosso torneio no próximo ano.”

 

Moretton disse que os quatro torneios principais e os torneios de tênis profissional “continuam muito comprometidos com o bem-estar de todos os atletas e com a melhoria contínua de todos os aspectos da experiência dos jogadores em nosso torneio, incluindo a mídia, como sempre fizemos.”

 

Nesta segunda-feira, a número dois do mundo decidiu agir por conta própria para encerrar o impasse. “Nunca quis ser uma distração e aceito que meu momento não foi o ideal e minha mensagem poderia ter sido mais clara.”

 

Ela continuou: “Qualquer pessoa que me conheça sabe que sou introvertida e qualquer pessoa que me tenha visto nos torneios notará que frequentemente uso fones de ouvido, pois isso ajuda a diminuir minha ansiedade social. … Não sou uma oradora natural e tenho grandes ondas de ansiedade antes de falar para a mídia mundial.”

 

Naomi recebeu apoio de muitos tenistas e atletas de outras modalidades. Martina Navratilova, 18 vezes campeã do Grand Slam, escreveu: “Estou muito triste com Naomi Osaka. Realmente espero que ela fique bem. Como atletas, somos ensinados a cuidar do nosso corpo, e talvez o aspecto mental e emocional tenha pouca atenção. Isso é mais do que participar ou não de uma entrevista coletiva. Boa sorte, Naomi, estamos todos torcendo por você! ”

 

Stephen Curry, duas vezes MVP da NBA, escreveu que foi “impressionante tomar o rumo certo quando os poderes instituídos não protegem a si próprios. Maior respeito”.