Grande momento do levantador gaúcho no primeiro ano de seleção brasileira foi a conquista da Copa do Mundo no Japão 

 

Texto: Juliano Antonio Justo/Agência Brasil
Foto: ©FIVB

 

A pandemia do Sars-Cov-2, causador da doença Covid-19, cancelou todas as competições e os períodos de treinamento da seleção brasileira masculina de vôlei em 2020, mas não impediu que Fernando Cachopa, levantador do Sada Cruzeiro, continuasse pensando na equipe verde e amarela. E motivos para isso não faltam. Primeira temporada do atleta gaúcho no grupo principal, o ano de 2019 foi recheado de bons momentos para ele e para o grupo de Renan Dal Zotto. 

 

Apesar do Brasil ter ficado em quarto lugar na Liga das Nações, o torneio serviu para o atleta pegar experiência para os desafios que ainda viriam pela frente. “Tive muito tempo em quadra. Viajei bastante. Joguei contra atletas de altíssimo nível. Serviu para eu crescer demais. Foi o meu primeiro campeonato adulto”, lembra o atleta de 24 anos.

 

No Sul-Americano, aconteceu o primeiro momento marcante para o jogador. Depois de estar perdendo por 2 a 0 para a Argentina na final, o Brasil virou e faturou o título. “A gente já tinha jogado contra eles na etapa anterior. Mas aquela final foi diferente, tinha outro clima. Eles queriam demais. A gente estava perdendo por 2 a 0 e 16 a 10 no terceiro set para a Argentina. O Felipe Roque foi para o saque e fez chover. Viramos o jogo e saímos com o troféu”. 

 

No Pré-Olímpico, outra passagem marcante. Na decisão da vaga contra a Bulgária, que jogava em casa, mais uma virada de 0 a 2 para 3 a 2 e a classificação garantida para os Jogos Olímpicos. “Nunca tinha visto uma atmosfera como aquela. O ginásio parecia um teatro. Tinha um clima de estádio argentino de futebol. Torcida pressionando muito. Aquela virada trouxe uma sensação incrível. Foi especial”.

 

Mas talvez o grande momento desse primeiro ano do Fernando Cachopa foi o título da Copa do Mundo, no Japão. Depois de uma campanha de 100% em 11 jogos, com apenas cinco sets perdidos, o time nacional faturou o tricampeonato do torneio que teve um gosto ainda mais especial para ele. “Uns três dias antes da estreia, tive uma torção no tornozelo. Só consegui seguir no grupo depois de muita fisioterapia. E a Copa do Mundo tem jogo quase todo dia. É bem puxado. Só tínhamos dois levantadores. O Bruno e eu. Seria bem difícil para ele jogar o tempo inteiro, mas graças a Deus pude continuar no grupo e fazer parte daquela conquista importante demais”. Além disso, o ponto final da campanha brasileira foi do próprio Cachopa. Um ace que fechou o 3 a 0 contra a Itália. “Naquele saque, eu dei tudo que eu tinha. Fechou o jogo, fechou a Copa. Foi um belo momento”.

 

Para fazer parte dessa história, ele avalia que o apoio de uma pessoa foi fundamental, o técnico Renan dal Zotto. “Acho que a temporada que eu estava fazendo no Sada Cruzeiro antes de ser convocado não estava sendo boa. Não esperava ir à Seleção naquele momento. Aproveitei ao máximo todos os momentos ao lado dele e de toda a comissão técnica. Só tenho a agradecer essa oportunidade”. 

 

Em relação aos Jogos Olímpicos, ele prefere manter a cautela. O titular da posição de levantador é o experiente e campeão olímpico Bruninho. E o principal concorrente à vaga no grupo é William Arjona, também experiente e medalhista de ouro no Rio de Janeiro. “Eu não fico jogando a minha mente lá para frente, Olimpíada, Mundial. Tem muito a crescer aqui no clube. Muito a melhorar. Preciso focar nos treinos diários. Não vale a pena eu me perder em pensamentos distantes. Se eu não fizer o melhor hoje, talvez nem esteja em Tóquio”. No Torneio de Tóquio, a seleção brasileira está no grupo B ao lado de Estados Unidos, Rússia, Argentina, França e Tunísia. A estreia está prevista para o dia 24 de julho contra a Tunísia.