Japão é um país seguro, mas a liberdade cultural das crianças, como ir e vir sozinhos da escola, gera preocupações e os dispositivos ajudam a tranquilizar os pais

 

 

 

Texto: Ana Paula Ramos/Record TV Japan
Foto: AdobeStock

 

 

 

Quando as crianças entram na escola primária, um novo mundo se abre para elas e, ao mesmo tempo, um aperto pode surgir no peito dos pais. A escola japonesa tem suas regras, os pequenos aprendem a se inserir nos grupos, fazem seus primeiros amigos e começam a ir e vir sozinhos da escola para a casa.

 

As inseguranças com o trajeto escolar e os períodos do dia em que as crianças estão na escola ou em atividade extraclasse fez crescer o interesse de muitas famílias brasileiras por aparelhos rastreadores. Dispositivos de GPS, telefones infantis ou aplicativos que podem monitorar a localização dos pequenos em tempo real e tranquilizar os pais.

 

O tema é comum nos grupos online de brasileiros no Japão. Nos tópicos relacionados, muitas mães comentam sobre as plataformas que utilizam, enquanto outras tiram dúvidas e pedem recomendações. Quem decidiu por colocar um rastreador na mochila dos filhos não se arrepende. 

 

É possível verificar imediatamente quando a criança se atrasa ou vai parar em uma localização fora do comum, o que ajuda a proteger contra a ação de criminosos e garantir a segurança do filho.

 

A brasileira Cilene Nakayabu vive na cidade de Kazu, em Saitama e é mãe de três crianças, duas meninas de 14 e 9 anos e um menino de 1 ano. Ela contou que veio ao Japão há 4 anos e logo se preocupou com o excesso de “liberdade” das crianças. Cilene acabou optando pelo aplicativo Life360 e passou a monitorar a localização das filhas fora de casa.

 

“Aqui as crianças vão aos parques sozinhas, saem com os amiguinhos, vão à escola por conta. No começo minha filha mais velha era acompanhada no trajeto por uma aluna que era nossa vizinha, mas com o tempo descobrimos que a menina fazia bullying com a minha filha. Decidimos dar um celular a ela para situações de emergência”, explicou.

 

Cilene Nakayabu é mãe de três crianças e usa o app Life360 para acompanhar a localização das duas filhas – Foto: Arquivo Pessoal

Cilene testou alguns aplicativos e acabou escolhendo o Life360. A plataforma permite criar uma rede familiar, avisa sobre a localização, se estão parados ou andando, se o celular for desconectado ou ficou sem bateria, entre outros recursos.

 

“Em dezembro, uma das minhas filhas foi viajar com a escola e ficou 3 dias em Nagano. A escola não permite comunicação, então eu pedi para ela deixar o celular na bolsinha no modo economia de bateria e assim acompanhei o tempo todo. Se não fosse por isso, não teria ficado em paz”, conta.

 

A ferramenta acabou sendo útil para toda a família. Cilene e o marido também se organizam pelo app e com as crianças. 

 

“Na fábrica em que trabalhamos, não podemos usar o celular, mas pelo aplicativo eu consigo saber se ele ainda está lá e ele também sabe que ainda estou no trabalho. Assim conseguimos nos organizar com as crianças, ajuda muito no dia a dia”, disse.

 

Uso de celulares infantis

 

Além dos aplicativos, é possível adquirir um celular infantil, que foi feito para monitorar e proteger as crianças e tem alto controle dos pais. Rosinha Yokoyama vive em Handa (Aichi) e é mãe de Enzo, um menino de 10 anos que possui o celular mamorino5 da operadora Au desde que entrou no primário, aos 6 anos.

 

“Ele funciona como um rastreador. Eu rastreio pelo aplicativo da operadora e ele não recebe ligações de números aleatórios, somente o que está registrado no celular. Para ele fazer ligação também somente para os números que nós registramos no aparelho”, explicou.

 

A ideia de utilizar o telefone infantil partiu da observação de outras crianças e também da recomendação de uma amiga.

 

“Eu fiquei observando as crianças no parque e algumas estavam com esse aparelho pendurado no pescoço. Além de ser um telefone, também tem um dispositivo que soa um alarme de emergência e a polícia pode ser acionada. Depois uma amiga falou desse celular, disse que tinha nas lojas”, contou.

 

O Japão pode ser um país seguro, mas isso não significa que as crianças estão fora de perigo na rua e longe dos pais. Incidentes acontecem e eventualmente as notícias mostram casos de sequestro ou abuso infantil.

 

“Mesmo o Japão sendo seguro eu fui atrás porque o meu filho ia entrar na escola japonesa e eu não poderia levar e nem buscar. Agora ele usa para todos os lugares que vamos, até mesmo em parques e shoppings. Eu acredito que muitas crianças usam, principalmente as japonesas”, comentou.

 

Dicas de dispositivos e aplicativos

 

Os dispositivos estão cada vez mais comuns entre as famílias brasileiras, mas muitas ainda não adotaram o uso dessas ferramentas por falta de conhecimento sobre elas.  Preparamos uma lista de alguns dispositivos e aplicativos mais populares para esta função e mais detalhes sobre as ferramentas que já foram mencionadas. Confira:

 

Telefone Mamorino5: 

 

É um telefone infantil da operadora Au, que tem rastreador para que os pais monitorem a localização dos filhos, além de um alarme que a criança pode acionar quando se sentir em perigo. 

 

O aparelho tem várias funções, como mandar notificação quando a criança chega em casa, avisando os pais mesmo quando eles não estão e também notificar o responsável caso o telefone seja desligado ou acabe a bateria. O custo é de ¥15.840 e os serviços de monitoramento por GPS saem por ¥330 por mês. Veja mais informações: https://www.au.com/mobile/product/featurephone/mamorino5/

 

App Zenly:

 

Zenly é um aplicativo de compartilhamento de localização e não foi exatamente feito para crianças, mas tem sido utilizado também por muitas famílias. O aplicativo acompanha a localização em tempo real, permite o monitoramento e registra os locais por onde o usuário andou. As funções podem ser utilizadas gratuitamente.

 

App Life360:

 

O aplicativo de monitoramento de localização foi feito para ajudar na dinâmica familiar e proteger as crianças. O app envia notificações sobre localização e pode ser configurado para avisar no momento em que chega ou sai de um determinado lugar. As funções são gratuitas, mas há recursos pagos.

 

GPS BoT: 

 

O “GPS Bot” parece um simples GPS, mas na verdade, é um pequeno robô com inteligência artificial, que monitora e registra a localização da criança. O aparelho envia notificações para o celular dos pais e aprende quais os locais a criança frequenta no dia a dia. 

 

A bateria dura um mês e basta deixar na mochila da criança para que o monitoramento seja efetivado. O aparelho custa ¥6.800 (o modelo mais recente) e tem uma taxa de ¥480 por mês para utilizar os serviços. Veja mais informações: https://www.bsize.com/bot/gps?fbclid=IwAR2GDOJBJHHfDTOliCYm6grvfGxqqP4thj1MGlVtYpk7tckLnZ88A3iguyw

 

AirTag:

 

O dispositivo de localização da Apple pode ser utilizado também para que pais monitorem a localização dos filhos. Basta colocar o acessório na mochila da criança e fazer o acompanhamento por um iPhone ou iPad. O Airtag funciona com a tecnologia bluetooth e o monitoramento é feito pelo aplicativo Buscar. 

 

E basta que o acessório esteja próximo de um aparelho da Apple para rastrear, ainda que seja de uma pessoa desconhecida. O aparelho encaminha a localização e protege a privacidade do usuário ao mesmo tempo. É um recurso interessante para quem usa os aparelhos da marca. A unidade custa ¥3.800 e pode ser utilizada ainda para encontrar objetos pessoais, como as chaves ou carteira.

 

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