Doença é o segundo tipo de câncer que mais acomete os homens, principalmente na terceira idade; principal forma de diagnóstico precoce, o exame de toque retal ainda é um tabu para muitos homens

 

 

Texto: Gilberto Yoshinaga/Record TV Japan
Foto: AdobeStock

 

 

Em meio às turbulências em torno do pós-eleição no Brasil e às expectativas pela Copa do Mundo do Catar, uma importante pauta relacionada ao mês de novembro pode ter passado quase despercebida: a campanha de conscientização sobre o combate ao câncer de próstata.

 

Mas a atenção ao problema não deve se restringir ao mês de novembro, e sim ganhar a atenção dos homens durante todo o ano. Afinal, atrás apenas do câncer de pele não melanoma, o câncer de próstata é o segundo com maior incidência entre os homens – só no Brasil, são mais de 65 mil casos diagnosticados anualmente.

 

“Infelizmente, não há como prevenir a doença. O que se pode fazer é, eventualmente, realizar diagnósticos precoces, sobretudo a população de risco, que são as pessoas com algum histórico familiar de câncer de próstata ou indivíduos de etnia negra, que têm maior risco de desenvolver a doença”, alerta o médico Igor Morbeck, coordenador do Comitê de Tumores Geniturinários da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Segundo ele, alguns sintomas, como dificuldade para urinar e gotejamento, podem ser indicativos preocupantes e precisam ser observados com atenção. 

 

De acordo com o especialista, além do fator genético – algum familiar que tenha sido diagnosticado com o problema -, alguns hábitos também podem favorecer o surgimento do câncer de próstata, como sedentarismo, obesidade ou consumo de álcool em excesso. “Esses são fatores de risco não só para o câncer de próstata, mas também para outros tipos de câncer e outras doenças”, adverte. “Então, é sempre recomendável que as pessoas reduzam o consumo de carne vermelha, façam atividade física, não fumem e evitem bebida alcoólica, ou a consumam de forma moderada. Isso evita não só o câncer de próstata, mas também outros tumores e, principalmente, doenças cardiovasculares.”

 

Relutância ao ‘toque retal’

 

Principal método de detecção do câncer de próstata, juntamente com o exame de PSA [“antígeno específico da próstata”], o exame de toque retal ainda é um tabu para muitos homens, lembra Morbeck. “De fato, ainda há muito preconceito e relutância dos homens, por motivos dos mais variados, em relação ao exame de toque retal. Mas nada que esteja relacionado a alguma evidência científica”, afirma. “O fato é que esse exame é rápido, econômico, seguro e indolor. E ele não gera, nem deve gerar, absolutamente nenhum constrangimento.”

 

Morbeck: “ainda há muito preconceito e relutância dos homens” – Foto: Divulgação

Uma alternativa ao toque retal, destaca o médico, seria um exame de imagem – o mais eficaz, cita ele, é a ressonância magnética. “Mas a ressonância é um exame caro, demorado e chato de fazer. Certamente é muito mais chato do que um exame de toque retal”, compara. “Por isso, não considero ideal substituir um exame tão simples e barato por um exame caro e de difícil execução.”

 

Para quem está no Japão

 

Ainda que nem todos os dekasseguis sejam descendentes de japoneses, Morbeck cita que estudos apontam que, em relação aos ocidentais, há menor incidência de câncer de próstata em pessoas de origem asiática. “É uma boa notícia, mas não significa, na prática, que orientais e seus descendentes devam relaxar com os cuidados com a saúde”, lembra. “O cuidado rotineiro precisa continuar em relação a rastreamento e diagnóstico precoce, sobretudo a partir dos 50 anos de idade.”

 

Caso a dificuldade com o idioma ou de acesso a serviços de saúde representem uma barreira para quem reside fora do Brasil, o especialista recomenda cartilhas de orientação do Instituto Nacional do Câncer (Inca), do Instituto Lado a Lado Pela Vida e da própria SBOC, entre outros sites confiáveis. “São fontes de credibilidade e com linguagem acessível, que podem ser consultadas com bastante confiança”, assegura. “Mas o ideal é que, mesmo em outro país, os brasileiros busquem se informar sobre os serviços médicos de diagnóstico e prevenção.”

 

Saiba mais

 

A próstata é uma glândula do aparelho reprodutor masculino, situada na frente do reto e abaixo da bexiga. 

 

• O câncer de próstata possui maior incidência na terceira idade – 75% dos casos acometem homens com mais de 65 anos. Apesar disso, a doença também pode aparecer em homens mais jovens.

 

• Os principais fatores de risco são histórico familiar da doença, alimentação com excesso de gordura animal, sedentarismo, obesidade, consumo excessivo de álcool e exposição a produtos químicos como aminas aromáticas e arsênio.

 

Alguns sintomas podem ser indicativos do câncer de próstata, tais como dificuldade para urinar, gotejamento ou, em fases mais avançadas, dor óssea e/ou insuficiência renal.

 

• Médicos recomendam que homens a partir dos 45 anos façam o exame PSA e o exame de toque retal, que são complementares, como forma de diagnóstico precoce.

 

Pela web

 

O site do Instituto Nacional do Câncer (INCA) possui uma seção específica (https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/prostata) com informações e orientações a respeito do câncer de próstata.

 

Outra fonte confiável é o site da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), onde há um infográfico sobre o câncer de próstata e uma seção que elucida mitos e verdades  em torno da doença.

 

 

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