Foto: Gustavo Costa com o troféu do Rei da Espanha / ©EFE / Prêmio Rei da Espanha
A Record TV enviou um representante a Madri para a cerimônia de entrega, nesta terça-feira (10/11), de um dos mais prestigiados prêmios do jornalismo mundial e o maior nas línguas espanhola e portuguesa, o Rei da Espanha. A emissora foi anunciada vencedora em fevereiro, na categoria televisão, com a reportagem “A Besta – Episódio 1 e Episódio Final”, que foi ao ar no Câmera Record. Esta é a terceira vez que a Record TV é agraciada com o prêmio.
Por causa da pandemia do novo coronavírus, a cerimônia, que ocorreria em março deste ano, foi adiada para esta terça-feira. O evento foi organizado de forma a atender os protocolos de segurança adotados para evitar a propagação do coronavírus. Não houve cumprimentos e apertos de mãos, como nas edições anteriores. Além disso, todos os presentes, inclusive o rei da Espanha, Felipe VI, estavam utilizando máscara de proteção, e havia um espaçamento grande entre as pessoas no auditório para evitar aglomeração.
O representante do programa que foi à cerimônia receber o troféu foi o jornalista Gustavo Costa, responsável pelos projetos especiais do Câmera Record.
Esta já é a terceira vez que a Record TV é premiada com o Rei da Espanha. A emissora havia conquistado, anteriormente, o troféu em 2019 com “Piratas da Amazônia”, no mesmo programa; e em 2016, com As eternas escravas, produzida pelo Repórter Record Investigação.
O documentário concorreu com 206 trabalhos de 17 países numa edição que apresenta o número recorde de dez categorias.
Os jornalistas Romeu Piccoli, Henrique Beirangê, Michel Mendes, Fabiana Vilella, Mateus Munin, Natália Florentino, Gustavo Costa, Pablo Toledo, Rafael Ramos, Rafael Gomide e Renata Garofano participaram da produção da reportagem, sob a direção de Aline Sordili, Clóvis Rabelo, Rogerio Gallo e Thiago Contreira; e a vice-presidência de Jornalismo de Antonio Guerreiro.
Jornalistas e meios de comunicação da Colômbia, Brasil, Bolívia, Portugal e Espanha foram escolhidos para receber esta edição do Prêmio Internacional de Jornalismo Rei de Espanha, que reconhece o trabalho dos repórteres ibero-americanos. O prêmio, outorgado pela Agência EFE e a Agência espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID), está em sua 37ª edição e destaca trabalhos que tem como tema direitos humanos, migrações, feminicídios, crise climática ou diversidade sexual.
Os organizadores justificaram a escolha, destacando algumas da qualidades do documentário: “O trabalho permite conhecer “por dentro” a crise humanitária, a miséria e as dificuldades de mães, filhos e migrantes, como Héctor, que teve uma das pernas amputadas na viagem no La Bestia”.
Ainda valorizam a engenhosidade da equipe, obrigada a bravar em condições bastante adversas. “As gravações são feitas com cuidado, apesar das dificuldades de filmar. Eles usam drones que mostram a rota ferroviária e os filtros de gravação noturna, em uma montagem engenhosa que traz agilidade ao desenvolvimento narrativo. O trabalho de pós-produção permite localizar a rota e introduzir otografias de arquivo que dão ao trabalho uma grande uniformidade”, afirma o comunicado enviado à Record TV.
Sobre a reportagem:
A reportagem mostrou a dimensão do drama de imigrantes dispostos a tudo, inclusive a morrer, na busca uma vida digna em solo norte-americano. A equipe do Câmera Record acompanhou famílias, durante 21 dias, que atravessaram a América Central clandestinamente, fugindo da miséria e da violência de grupos armados, rumo à terra do Tio Sam. Uma viagem longa e perigosa no chamado “Trem da Morte” ou La Bestia. A cada ano, 150 mil pessoas desafiam a morte sobre seus trilhos e 1.300 morrem no caminho ou são mutiladas, segundo Instituto Nacional de Imigração Mexicana. O programa foi exibido em dois episódios, em 07/07 e em 14/07.
Além de mostrar a perigosa saga, o programa entrevistou autoridades e organismos internacionais que analisam o fluxo migratório na região e no mundo.
Na viagem de quase um mês, a equipe descobriu que, antes de embarcarem no trem, os migrantes têm que atravessar um rio, em balsas improvisadas, da Guatemala para o México.
Os salvadorenhos César e o sobrinho caminharam durante cinco dias até a fronteira entre os dois países com apenas uma mochila. Nela, uma troca de roupa para cada um. Estavam exaustos e famintos. “Pra gente é um sonho chegar nos Estados Unidos, Deus vai nos ajudar, queremos trabalhar e ter uma vida melhor, só isso”, conta.
A rota migratória deixa marcas profundas nas famílias que ficam. Porque muitos migrantes desaparecem no meio do caminho ou são sequestrados por cartéis mexicanos. Centenas de pessoas aguardam notícias dos parentes que partiram, com a roupa do corpo, em busca do sonho americano.
Marco Antonio era motorista, mas o salário era corroído pelo imposto de guerra cobrado pelas gangues de Honduras. “Por causa das extorsões e dificuldades que passava em Honduras ele resolveu ir para os Estados Unidos no dia 22 de fevereiro de 2013”, relata a mãe. De lá pra cá, Maria Eliza Castro não teve mais informações do paradeiro do filho.