Ator se despediu da série após viver várias fases da trama e comentou repercussão do público
Foto: Divulgação / Seriella Productions
Sempre no encalço de Davi (Cirillo Luna/Petrônio Gontijo), o rei filisteu Áquis (Augusto Garcia) foi uma pedra no sapato do israelita ao longo de muitas temporadas de Reis. Apesar de viver o grande vilão na série até então, Augusto Garcia conquistou o público com o toque cômico e o jeito irreverente do personagem — que deu adeus à história ao ser morto por Joabe (Marcelo Faria).
Em um bate-papo com o site oficial após o fim das gravações, o ator comentou a repercussão inesperada do trabalho e o grande desafio que foi viver Áquis.
“Eu pensava: ‘Ele vai ser odiado’, porque matou Saul [Carlo Porto], o próprio avô [Luciér, vivido por Sérgio Dias Maciel], os primos… E depois teve toda essa rivalidade com Davi. A resposta [do público] começou pelas redes sociais. Com o passar do tempo, isso se tornou uma coisa muito grande, que extrapolou totalmente as redes. Agora, ando na rua e as pessoas chegam já imitando a risada dele e dizendo que queriam um rei Áquis para botar ordem na casa.”
Segundo Garcia, o antagonista da série, no fundo, nutria uma admiração pelo atual rei de Israel na trama.
“Embora o grande protagonista seja o Davi e tenha sido o Saul, que carregam toda a história, o Áquis conseguiu fazer um contraponto. Fica claro que a obsessão por Davi foi uma grande admiração, por o personagem saber que ele nunca seria aquilo, jamais teria os valores de Davi. […] As pessoas não estavam com Áquis por respeito, mas porque ele tinha o poder.”
O ator definiu o filisteu como “um grande solitário”: “Ele sabia que ninguém ria para ele verdadeiramente. A risada dele era de desespero, tinha muita mágoa, tristeza, frustração. Eu vejo no Áquis uma euforia, mas não paz”, completou.
Reveja a cena final do personagem:
O intérprete também contou que a complexidade do papel exigiu muito dele enquanto artista. “Acho que ele é um divisor de águas, porque foi o personagem que mais me exigiu. Ele é muito maior do que eu poderia ser em todas as possibilidades, na voz, na postura, na atitude, ele luta, é um grande político… Acho que saio melhor ator depois do Áquis. Ele me deu a possibilidade de florescer o que tenho construído há muitos anos”.
A série foi a oitava produção do ator na Record TV, e Garcia teve a oportunidade de contracenar com diferentes núcleos ao longo de seis temporadas.
“Foi um prazer imenso. Vivi três ‘Davis’ e um Saul, né? (risos) O Áquis matou o Saul, teve o Davi jovem [Gabriel Vivan], o do Cirillo [Luna] e o do Petrônio [Gontijo], que tinha vivido meu pai em Gênesis. Então, já tinha uma admiração. E foi uma troca muito legal com todos eles. Cada temporada teve a sua peculiaridade, mas foi muito bom atravessar essa série e poder ajudar a contar essa história, aprendi muito com ela.”
O ator ainda destacou que o personagem mudou bastante ao longo desse tempo no ar.
“Primeiro, Áquis tinha mais controle da situação. Depois, não. Quando o Davi virou rei, ele perdeu completamente o chão e realmente foi obrigado a lutar para sobreviver. Os planos dele começam a dar errado. Isso foi causando um desespero. Todas as características que ele tinha de negatividade começaram a ficar mais afloradas. Na oitava temporada, se passaram muitos anos, ele realmente já estava destruído. A morte, para ele, foi um alívio. Áquis sabia que o fim dele seria esse, mas não queria que fosse na mão de Davi.”
Visual do rei filisteu
O intérprete do vilão também relembrou como foram as mudanças no visual, por conta do envelhecimento necessário para o personagem em A Consequência.
“Já tinha uma caracterização de uma hora e meia, que passou para duas horas e meia. Além de todo o trabalho, tinha uma parte de envelhecimento para o rosto, marcas de expressão. Acabou que esse momento da preparação, com a equipe de caracterização, me ajudou muito em todo o processo, foram os meus grandes companheiros.”
No início, Garcia usava mega hair, mas, ao deixar o cabelo crescer ao longo dos meses, ele contou que foi possível aparecer em cena com o próprio cabelo — cortado na última sequência, em que Joabe mata Áquis.
Por fim, o ator falou sobre como tem sido a despedida do personagem: “Não vou conseguir esquecer o Áquis, mas é uma satisfação também saber que eu não economizei [intensidade] em momento nenhum, não poupei nada”, concluiu.