Fenômeno registrado pela Nasa foi causado pela erupção de um vulcão de lama na costa do Azerbaijão

Foto: Divulgação NASA

Uma ilha que surge do nada e desaparece como um truque de mágica. Foi o que satélites da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, registraram no Mar Cáspio, a cerca de 25 quilômetros da costa do Azerbaijão.

Apelidado de “ilha fantasma”, o fenômeno foi registrado em 2023, depois que uma erupção de um vulcão de lama, o Kumani Bank, fez emergir uma misteriosa porção de terra que, em menos de dois anos, voltou para baixo d’água.

Como isso é possível?

A Nasa, que acompanha atividades vulcânicas no Mar Cáspio e em outras áreas do planeta por meio de satélites há anos, publicou uma sequência de fotos datadas que mostram o processo de surgimento e desaparecimento da ilha.

As imagens capturadas pela agência em novembro de 2022 não indicavam a presença de ilhas naquela região. Entre janeiro e fevereiro do ano seguinte, no entanto, uma porção de terra emergiu por ali após o Kumani Bank entrar em erupção.

Segundo os cientistas da Nasa, foi a força da explosão da erupção que fez com que a ilha, de cerca de 400 metros de diâmetro, fosse lançada à superfície.

Só que, em dezembro de 2024 — menos de dois anos depois —, os pesquisadores notaram que aquela porção de terra havia praticamente desaparecido. Eles constataram que a força das ondas e a erosão causada pelos ventos fizeram a ilha diminuir em extensão até que apenas fragmentos dela se tornassem visíveis.

Vulcões de lama: fenômenos intensos e enigmáticos

Os vulcões de lama, como o Kumani Bank, são formações geológicas únicas, comuns em regiões com alta atividade tectônica ou intensa sedimentação. Essas erupções ocorrem quando a pressão subterrânea força uma mistura de gases, fluidos e sedimentos à superfície.

No Azerbaijão, região com mais de 300 vulcões de lama documentados, essas erupções são frequentemente marcadas por explosões violentas, que podem até mesmo incluir chamas, visíveis a centenas de metros de altura.

Além de terem força destrutiva, os vulcões de lama do Azerbaijão estão associados ao rico sistema de hidrocarbonetos da Bacia do Cáspio Sul e são conhecidos por liberar gases inflamáveis, como metano.

Embora não tenha sido confirmado se a erupção de 2023 teve características explosivas, eventos passados do Kumani Bank lançaram torres de fogo ao céu, de acordo com a Nasa.

O mistério das ilhas transitórias

O mais curioso é que o fenômeno das ilhas “fantasmas” não é novidade. De acordo com registros históricos da Nasa, o Kumani Bank já produziu pelo menos oito porções de terra temporárias desde sua primeira erupção, documentada em 1861.

Cada uma das erupções gerou ilhas de diferentes tamanhos e durações. Na primeira delas, em 1861, a explosão resultou em uma porção de terra de apenas 87 metros de largura, que desapareceu no início do ano seguinte.

A maior ilha registrada pela agência espacial surgiu em 1950, com 700 metros de diâmetro e 6 metros de altura, antes de ser completamente erodida.

E todas essas características podem não ser exclusivas deste planeta. De acordo com a Nasa, algo semelhante à formação de ilhas vulcânicas de lama pode ocorrer em Marte.

Cientistas da agência acreditam que alguns montes de lama nas terras baixas do norte do Planeta Vermelho podem ter se formado quando sedimentos ricos em gás e líquido foram expelidos para a superfície.