No Brasil, a volatilidade da moeda americana pode afetar diversos setores produtivos da sociedade

 

 

O câmbio do dólar é sempre um tema de grande interesse e discussão na mídia. O motivo está no fato do dólar ser a moeda de troca internacional que influencia e é influenciada por uma série de fatores da economia e política mundial.

 

No Brasil, a volatilidade da moeda americana pode afetar diversos setores produtivos da sociedade, desde a importação de produtos até as finanças dos profissionais que recebem em dólar no país.

 

Com a ajuda do economista e professor do departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSC, Daniel Vasconcelos, explicamos os principais impactos da queda do dólar na economia brasileira e no seu orçamento. Confira!

 

 

Dólar caindo: isso é bom ou ruim?

 

 

A queda do dólar afeta diretamente o valor final dos produtos importados. Isso ocorre porque grande parte dos eletrônicos, alimentos e outros insumos usados em diferentes nichos industriais (commodities) têm seus preços determinados em dólar no mercado internacional.

 

Por exemplo, a indústria brasileira importa trigo, refinados de petróleo e insumos farmacêuticos. Todos esses produtos são afetados pelo câmbio e, quando o dólar desvaloriza em relação ao real, isso significa que o preço dessas importações também cairá.

 

O cenário a médio prazo de câmbio do dólar aponta para uma estabilização da moeda norte-americana com valor mais baixo do que ela vinha operando nos últimos anos.

 

Na análise dos especialistas da Goldman Sachs, renomado grupo financeiro multinacional, o dólar deverá cair para R$ 4,40 nos próximos seis meses, uma previsão que não vemos desde fevereiro de 2020.

 

Contudo, é difícil falarmos até quando isso vai durar. “O câmbio é uma das variáveis mais voláteis dos mercados internacionais. Ele pode ser afetado por fatores técnicos, como a inflação e a taxa de juros americana que acaba influenciando o mundo inteiro, e por fatores políticos que, neste momento, estão muito instáveis”, ressalta Vasconcelos.

 

O que a guerra da Ucrânia e o Trump têm a ver com o dólar?

 

 

A instabilidade geopolítica mencionada pelo professor de economia se refere à guerra na Ucrânia, à recente fragilidade do governo russo e ao quadro da economia norte-americana cujo orçamento está em votação no país.

 

Outros eventos que, também geram insegurança sobre o cenário político dos EUA, é as acusações que podem tornar Trump inelegível e as relações estremecidas entre os americanos e a China. Tudo isso pode alterar o valor do dólar e são considerados fatores exógenos, ou seja, não dependem da economia brasileira.

 

O impacto na econômica brasileira de um dólar mais barato

 

 

Segundo a Goldman, o fortalecimento do Real frente ao dólar teve contribuição de diversas questões domésticas que estão se apresentando como estáveis no momento.

 

Os grandes investidores da Faria Lima também observam com olhos mais otimistas os ativos domésticos e estão apostando na queda do dólar e alta da bolsa. Essa mudança brusca de opinião do mercado financeiro se deve a três pontos principais:

 

Em março de 2023, o ministro Fernando Haddad apresentou o arcabouço fiscal, demonstrando o compromisso do governo com seus gastos; a recente discussão sobre as metas de inflação que indicam um controle maior sobre a situação econômica do país, além de que as metas não serão reajustadas;
a queda consistente da inflação nos últimos meses, sendo um dos principais pontos que chamaram a atenção na última Ata do Copom por apontar que o Banco Central pode realizar corte de juros a partir de agosto.

 

É importante que consumidores e profissionais estejam atentos às flutuações do dólar e busquem entender os possíveis impactos em seus orçamentos e renda.