Investigação tem sofrido alguns atrasos pelas preocupações com o acesso às autoridades chinesas e as disputas entre a China e os Estados Unidos
Texto: Redação/Record TV Japan
Foto: Mercado de Wuhan é um dos locais onde a equipe vai se concentrar na investigação / Reprodução/©France 24
A equipe de 13 especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS) já terminou o período de quarentena na China e se reuniu nesta sexta-feira (29) com autoridades do país antes das primeiras visitas a Wuhan. O grupo está na cidade para investigar as origens do coronavírus e o plano era focar no mercado de alimentos local, onde se presume ser o “marco zero” da pandemia.
Segundo comunicado da OMS, a equipe iria também visitar hospitais, clínicas, entrevistar cientistas e socorristas, além de pessoas que foram infectadas pela SARS-CoV-2.
O trabalho tem sofrido alguns atrasos pelas preocupações com o acesso às autoridades chinesas e as disputas entre a China e os Estados Unidos, que acusaram Pequim de esconder a extensão do surto inicial e criticaram a organização da investigação.
Em um tweet na noite de quinta-feira (28), o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que teve uma “discussão franca” com o ministro da Saúde da China, Ma Xiaowei. “Pedi que os cientistas internacionais obtivessem o apoio, acesso e dados necessários, e a chance de se envolverem totalmente com seus colegas chineses”, disse ele.
O grupo é liderada por Peter Ben Embarek, o maior especialista da OMS em doenças com origem animal que afetam outras espécies, e deve permanecer na China pelo menos mais duas semanas.
A investigação no local, que a China levou mais de um ano para autorizar, é extremamente sensível ao regime comunista, cujos órgãos oficiais têm realizado estudos que indicam a origem do vírus em outros países.
O coronavírus, que provoca a Covid-19, foi detectado pela primeira vez em Wuhan, no fim de 2019, mas a China sugere a hipótese de não ter sido a cidade a origem do vírus. A OMS considera que as origens do Sars-Cov-2 estão altamente politizadas.
“Não há garantias de respostas”, disse o chefe de Emergência da OMS, Mike Ryan, em entrevista no início de janeiro. “É uma tarefa difícil identificar totalmente as origens e, às vezes pode levar duas, três ou quatro tentativas para ser possível fazer isso em diferentes ambientes”.
A virologista holandesa Marion Koopmans participa da investigação e disse que sente a pressão mundial por respostas. Ela comentou que a equipe sabe que o planeta está com os olhos postos nessa pesquisa. “Estamos cientes disso, não há como contornar. É por isso que realmente tentamos manter-nos focados, somos cientistas, não somos políticos, estamos tentando realmente olhar para isso do ponto de vista científico”.