Governo pediu aos fabricantes de medicamentos e organizações para aumentar a segurança contra tentativas de roubos de informações

 

Texto: Redação/Record TV Japan
Foto: AdobeStock

 

A pandemia de coronavírus trouxe, além da doença e da crise econômica mundial, um aumento significativo de crimes cibernéticos. Em todo o mundo foram registrados casos de pessoas que caíram em golpes pela internet. Mas as instituições e os governos também passaram a ser alvo de criminosos. 

 

Nos Estados Unidos e na Europa, autoridades já haviam denunciado diversos ataques. Agora, foi a vez do Japão. O país sofreu tentativas de roubos de dados de pesquisas sobre a covid-19 e também tentativas de interromper a organização dos Jogos Olímpicos de Tóquio.

 

Na segunda-feira (19), a CrowdStrike, uma empresa de segurança da informação dos Estados Unidos, afirmou que algumas instituições de pesquisa japonesas que desenvolvem vacinas contra o coronavírus foram atingidas por ataques cibernéticos, aparentemente da China, no que se acredita serem os primeiros casos do tipo no país.

 

Também no começo da semana, o Reino Unido e os Estados Unidos condenaram o que disseram ser uma sequência de ataques cibernéticos maliciosos orquestrados pela inteligência militar russa, incluindo tentativas de interromper os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do próximo ano em Tóquio.

 

Autoridades britânicas e norte-americanas disseram que os ataques foram conduzidos pela Unidade 74455 da agência de inteligência militar russa GRU, também conhecida como Centro Principal de Tecnologias Especiais.

 

Vacina

 

No caso das instituições de pesquisa, que correm para desenvolver vacinas contra a covid-19, elas têm sido alvo de ataques desde abril. Mas até agora nenhum vazamento de informação aconteceu.

 

O Centro Nacional de Preparação para Incidentes e Estratégia para Segurança Cibernética do governo japonês pediu aos fabricantes de medicamentos e organizações de pesquisa para aumentar os níveis de alerta contra tais tentativas de roubo de informações confidenciais.

 

A empresa norte-americana disse suspeitar que os ataques foram tentados por um grupo chinês de hackers com base nas técnicas empregadas. Os ataques envolveram o envio de e-mails com anexos e links para arquivos eletrônicos, que pareciam estar relacionados ao Sars-Cov-2, mas continham vírus de computador, segundo a CrowdStrike.

 

Cerca de 190 projetos de vacinas estavam em andamento no final de setembro, alguns dos quais entraram nos estágios finais de testes, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. No Japão, a Universidade de Tóquio, a Universidade de Osaka, o Instituto Nacional de Doenças Infecciosas, entre outras instituições, desenvolvem algum tipo de pesquisa relacionada com o coronavírus.

 

Outros ataques

 

Segundo reportagem da agência de notícias Kyodo, em julho, Estados Unidos, Reino Unido e Canadá alegaram em relatório que hackers ligados a um serviço de inteligência russo haviam tentado roubar informações de pesquisadores que trabalhavam para produzir vacinas contra o coronavírus em seus países, o que Moscou negou.

 

Também naquele mês, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos indiciou dois cidadãos chineses. A suspeita é de que eles estariam trabalhando em nome do governo chinês. Eles são investigados por tentativa de invasão dos sistemas de computador de centenas de empresas, governos e organizações não-governamentais para roubar pesquisas da covid-19 e outras informações.

 

Pequim negou envolvimento nas tentativas.

 

Olimpíada

 

No final de 2019, a Rússia foi banida pela Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), dos principais eventos esportivos do mundo por quatro anos em dezembro por causa de crimes generalizados de doping, incluindo os Jogos de Tóquio.

 

Isso significa que a bandeira e o hino da Rússia não serão permitidos em eventos como os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, em 2020, e na Copa do Mundo de 2022, no Catar. Mas os atletas que conseguirem provar que não estão contaminados pelo escândalo de doping poderão competir sob uma bandeira neutra.

 

Os ataques aos Jogos de 2020 são os mais recentes de uma série de tentativas de hacking contra organizações esportivas internacionais que autoridades ocidentais e especialistas em segurança cibernética dizem ter sido orquestradas pela Rússia, desde que seu escândalo de doping estourou, cinco anos atrás. Moscou negou repetidamente as acusações.

 

Segundo a Reuters, autoridades britânicas e norte-americanas disseram que os ataques foram conduzidos pela Unidade 74455 da agência de inteligência militar russa GRU, também conhecida como Centro Principal de Tecnologias Especiais.

 

O Reino Unido e os Estados Unidos disseram na segunda-feira que os hackers estavam envolvidos em outros ataques, como o ataque da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2018 na Coreia do Sul, que comprometeu centenas de computadores e interrompeu o acesso à internet.

 

O ataque na Coreia do Sul havia sido vinculado à Rússia por pesquisadores de segurança cibernética, mas foi feito para parecer o trabalho de hackers chineses ou norte-coreanos, disse o Ministério das Relações Exteriores da Grã-Bretanha.

 

“Os ataques aos Jogos Olímpicos de 2020 são os mais recentes em uma campanha de atividades maliciosas russas contra os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos”, disse o órgão em um comunicado.