A chamada de ‘peste negra’ provocou a maior pandemia da história e pode ser transmitida por picada de pulga de rato e também entre pessoas

 

Foi confirmado na cidade de Bayan Nur, na região chinesa da Mongólia Interior, um caso de peste bubônica, doença que causou a pandemia mais devastadora já registrada na história, durante a Idade Média. O fato levou autoridades chinesas a reforçarem medidas de segurança sanitária.

 

Isso porque a doença é disseminada pela mordida de pulgas infectadas pela bactéria Yersinia pestis que se hospedam em ratos e outros roedores, segundo o infectologista Paulo Olzon, chefe da disciplina de clínica médica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

 

Não por acaso, na Idade Média, quando as condições de higiene eram absolutamente precárias, a doença resultou na morte de 75 a 200 milhões de pessoas na Europa e em parte da Ásia.

 

“A bactéria penetra na pele pela mordedura da pulga e desloca-se pelos vasos linfáticos até um gânglio linfático, provocando nódulos chamados de ‘bubões’ e, posteriormente, há um quadro de infecção generalizada”, afirma. A doença é também chamada de peste negra por causar manchas escuras na pele.

 

Os principais sintomas são febre alta, calafrios e dores no corpo. Se não tratada, a doença pode levar à morte em até duas semanas, de acordo com o infectologista Carlos Fortaleza.

 

Segundo Fortaleza, outras formas de transmissão, no entanto, ainda que muito raras, se dão por meio do contato com fluidos de animais infectados ou, ainda, quando o paciente desenvolve a forma pneumônica da doença, contraída por meio de gotículas respiratórias.

Os especialistas afirmam que o risco de uma pandemia de peste bubônica é praticamente nulo. “Além de a forma pneumônica da doença ser rara, a transmissão por gotículas se dá por um curto período de tempo”, explica Fortaleza.

 

“Hoje em dia temos condições sanitárias adequadas, um diagnóstico rápido, que é realizado por meio da detecção da bactéria no sangue, e um tratamento eficiente à base de antibióticos”, diz Marinella Della Negra, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

 

Embora a peste bubônica não provoque mais pandemias, a doença não foi erradicada do mundo. Segundo o Ministério da Saúde, existem duas áreas consideradas focos naturais da doença: a região Nordeste e a cidade de Teresópolis, no Rio de Janeiro. O Brasil registrou apenas um caso da doença nos últimos 10 anos. Foi no ano de 2005, na cidade de Pedra Branca, região serrana do Ceará.

 

Entre 2010 e 2015, o mundo registrou 3.248 casos da doença. Destes, 548 evoluíram para morte. A doença ainda é endêmica em Madagascar, na República Democrática do Congo e no Peru, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

 

Sofia Pilagallo, *Estagiária do R7 sob supervisão de Deborah Giannini