Google e Microsoft anunciaram, nesta semana, que demitirão mais de 10.000 funcionários, cada uma

 

 

Texto: Filipe Siqueira, do R7
Foto: AdobeStock

 

 

O ano das big techs começou exatamente como terminou 2022: com o comunicado de demissões, multas, reestruturação de negócios e turbulência. A Alphabet, controladora do Google, anunciou dia 20 a demissão de 12 mil funcionários nos próximos meses, o que seria uma resposta a “uma realidade econômica distinta que enfrentamos hoje”.

 

Na quarta-feira (18), a Microsoft divulgou medidas siumilares para reduzir o custo de suas operações, o que inclui a demissão de 10 mil funcionários, até março. A justificativa é a mesma apresentada pela direção do Google, e seria uma resposta “às condições macroeconômicas” adversas.

 

O Twitter enfrenta sua própria tempestade, após a rede social ser comprada pelo bilionário Elon Musk. Com a necessidade de cortar custos para pagar a dívida da compra, Musk demitiu mais da metade da força de trabalho da plataforma, parou de pagar alugueis, leiloou objetos, livrou-se de centros de processamento de dados e até mesmo deixou escritórios sem itens básicos, como papel higiênico.

 

No final de janeiro, Elon precisará pagar uma parcela de US$ 1,5 bilhão (R$ 7,8 bilhões) em juros da dívida de US$ 13 bilhões contraída por ele para pagar a compra da plataforma. Em reunião com funcionários, ele chegou a dizer que existe a possibilidade de a empresa pedir falência.

 

Saindo da pandemia, os cortes de empregos em 2022 aumentaram 649% em relação a 2021, liderados por companhias de tecnologia, de acordo com a empresa de coaching Challenger, Gray & Christmas.

 

A queda na demanda em meio a um forte aumento nos custos de empréstimos levou vários executivos do setor a admitir que contrataram em excesso durante a crise da Covid-19.

 

O desdobramento da crise que corrói o valor de mercado das maiores empresas de tecnologia do mundo já era esperado por especialistas, que anunciaram que o cenário deve ser igualmente desafiador em 2023.

 

Em entrevista ao R7 concedida em dezembro, Mark McDonald, vice-presidente da consultoria Gartner e especialista no mercado de tecnologia, revelou que a crise é um “ajuste doloroso” após o crescimento acelerado durante a pandemia, além de um reflexo dos sucessivos aumentos da taxa de juros dos Estados Unidos.

 

“As demissões não contam toda a história. Essa não é uma crise no sentido de que as pessoas estão preocupadas. Em vez disso, é um reequilíbrio doloroso, mas necessário, de recursos à medida que o mundo está saindo de uma pandemia”, contou Mark.

 

Por isso, muitos desses gigantes divulgaram mudanças nos negócios: o Facebook aposta bilhões de dólares no sucesso do Metaverso, enquanto o Google planeja fazer investimentos altíssimos no desenvolvimento de inteligência artificial (IA), após o chatbot ChatGPT, criado pela companhia OpenAI, sem fins lucrativos, ameaçar o domínio absoluto da empresa no ramo de buscas.

 

Conteúdo sem pagamento

 

As big techs também enfrentam ameaças de reguladores de mercado e multas altíssimas. Principalmente porque faturam bilhões de dólares com a venda de dados de usuários para gerar publicidade direcionada.

 

O domínio monopolista desse mercado causou também fortes atritos com empresas de comunicação, que se opõem fortemente à exibição de notícias em plataformas como o Google e Facebook sem serem pagas.

Países como Austrália, Nova Zelândia, Canadá e França já criaram leis que exigem o pagamento por conteúdos do tipo, o que fez tais empresas negociarem com portais e editoras para evitarem encerrar operações nesses países.

 

“É fundamental que aqueles que se beneficiam de seu conteúdo de notícias realmente paguem por isso”, ressaltou o ministro neozelandês da Radiodifusão, Willie Jackson, quando apresentou o projeto de lei, em dezembro.

 

A necessidade de oferecer anúncios publicitários direcionados, baseados em recolhimento de dados de usuários, fez também essas empresas enfrentarem a oposição de ativistas de privacidade, que argumentam que tais práticas são invasivas.

 

Japão

 

O governo japonês é outro que está pronto para fortalecer a cobrança de impostos sobre o consumo de jogos para celular do exterior e, para isso, pretende impor a obrigação de pagar o imposto de consumo às empresas de plataformas, como Apple e Google, que operam entre criadores de jogos e consumidores por meio do fornecimento de conteúdo em lojas de aplicativos.

 

Espera-se que o Japão siga o modelo europeu ao projetar seu próprio sistema de taxação de gigantes da tecnologia em jogos.

 

Uma reportagem extensa feita pelo Nikkei mostrou que, de acordo com uma empresa de pesquisa americana Sensor Tower, cerca de metade dos 100 principais jogos para smartphones vendidos no Japão em 2022 foram criados por empresas estrangeiras, com a China tendo o maior número. Há casos em que o imposto de consumo recebido de usuários japoneses não é pago às autoridades fiscais japonesas por esses criadores de jogos.

 

Como muitas das empresas estrangeiras de jogos são empresas de pequeno a médio porte, elas não possuem unidades no Japão, o que dificulta a cobrança do imposto pelas autoridades fiscais do Japão.

 

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