Campanha internacional, adotada pelo Brasil em 2002, visa compartilhar informações e conscientizar mulheres sobre a importância do autoexame para o diagnóstico precoce do câncer de mama
Texto: Gilberto Yoshinaga/Record TV Japan
Foto: Lia com sua família. Ela criou uma página no Facebook para compartilhar informações sobre a doença – Foto: Arquivo pessoal/DivulgaçãoDivulgação/Arquivo pessoal
Realizar o autoexame durante um banho foi suficiente para que Lia Lamounier, 45 anos, moradora de Toyohashi (Aichi), percebesse que havia um nódulo em um de seus seios. Ao procurar ajuda médica, em janeiro do ano passado, recebeu o diagnóstico de câncer de mama. Apesar do susto, ter feito tal descoberta ainda no estágio inicial da doença foi fundamental para que obtivesse êxito no tratamento, com a retirada das células cancerígenas em setembro do mesmo ano.
O cuidado que Lia vinha tendo com sua própria saúde, ao realizar o autoexame periodicamente, é a tônica do chamado Outubro Rosa, movimento internacional de conscientização para a detecção precoce do câncer de mama. Iniciada nos 1990, nos EUA, e adotada pelo Brasil em 2002, a campanha já teve slogans como “um toque pela vida” e “prevenir é a melhor forma de lutar”. Desde 2011, no Brasil, a campanha também aborda os cuidados para prevenir o câncer do colo do útero.
“O Outubro Rosa visa conscientizar sobre a possibilidade de diagnóstico precoce do câncer que mais atinge a população feminina: o câncer de mama. Quanto mais cedo se detecta um nódulo maligno, maiores são as chances de cura da doença”, explica a médica Daniela Dornelles Rosa, coordenadora do comitê de Tumores Mamários da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
Para brasileiras que moram fora do Brasil, acrescenta a especialista, muitas vezes há mais dificuldade para manter a rotina de autocuidados, como fazer mamografia preventiva e exame citopatológico do colo do útero. “No entanto, mesmo com as dificuldades impostas pela vida no exterior, deve-se tentar cumprir ao máximo as rotinas necessárias de exames, sem deixar de fazer a mamografia anualmente após os 40 anos”, orienta Daniela. “A manutenção do índice de massa corporal dentro do limite normal e a prática de atividades físicas também são extremamente importantes para reduzir o risco de ter câncer de mama”.
Hábitos
Lia, que venceu a doença, diz que os meses de tensão até a bem-sucedida cirurgia a fizeram repensar alguns hábitos – e valores, também. “Percebi que eu era muito acelerada e, sem querer, colocava toda a minha família nesse ritmo desgastante”, reflete ela, que tem uma filha de 10 anos e um filho de quatro. “Também percebi que, em uma rotina caótica, costumamos não enxergar o valor de coisas simples. Muitos pesos que enfrentamos na vida está nas nossas próprias cabeças e é necessário fazer uma higiene mental para tocar a vida com mais leveza, cuidar mais da própria saúde e dar mais valor a momentos com a família, por exemplo.”
Engajamento e acolhimento
Passado o susto, Lia se engajou em campanhas de conscientização sobre a importância do autocuidado. Em julho do ano passado, criou no Facebook a página Câncer de mama no Japão, onde periodicamente posta informações diversas sobre a prevenção da doença, além de histórias de superação semelhantes à sua própria.
“Alguns familiares, amigas e até pessoas desconhecidas passaram a dar atenção a essa questão por causa da minha experiência”, conta. “É gratificante poder informar e conscientizar outras mulheres, para que elas saibam como evitar o pior. Ou, caso tenham de enfrentar a doença, sintam-se acolhidas e motivadas para derrotá-la.”
SAIBA MAIS SOBRE A DOENÇA
Números do câncer de mama
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), este é o tipo de câncer que mais acomete mulheres no planeta. Só em 2020, estima-se que foram 2,3 milhões de casos novos diagnosticados no mundo.
No Brasil, a doença ocupa a primeira posição em mortalidade por câncer entre as mulheres. Em 2021, foram estimados 66.280 casos novos de câncer de mama no país, com cerca de 17,8 mil óbitos.
Sintomas
Os principais sinais que podem indicar câncer de mama são:
• presença de nódulo (“caroço”), geralmente endurecido, fixo e indolor, nos seios;
• pequenos nódulos também podem surgir no pescoço ou nas axilas;
• pele da mama avermelhada ou semelhante a uma casca de laranja.
• alterações no mamilo, com possível saída espontânea de líquido
Fatores de risco
Diferentes fatores estão relacionados ao desenvolvimento do câncer de mama, como envelhecimento, problemas relacionados à vida reprodutiva da mulher, histórico familiar com caso da doença, consumo de álcool, excesso de peso, atividade física insuficiente e exposição a radiação ionizante.
Mais informações
• A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) publicou recentemente uma relação com mitos e verdades sobre o câncer de mama.
• No site do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a campanha Outubro Rosa possui diversas informações adicionais, além de que também foi disponibilizada para download uma cartilha sobre a doença.