1 de dezembro é o Dia Mundial de Combate à aids; ativistas dizem que Japão tem pouca campanha de prevenção e realiza poucas testagens

 

Texto: Redação/Record TV Japan
Foto: AdobeStock

 

Há cerca de 20 anos, o paulista J., que vive hoje na província de Kanagawa, descobriu que havia contraído o vírus da imunodeficiência humana, o HIV (sigla em inglês), causador da aids. “Na época, fiquei desesperado. Mas aos poucos, e com a ajuda de profissionais da saúde, aprendi a conviver com o vírus”, conta o brasileiro. Ele lembra que teve muita dificuldade de entender o tratamento, por falar pouco o japonês, mas com a ajuda de grupos e organizações, encontrou o apoio que precisava, principalmente na parte psicológica. “Não foi fácil. Até hoje, nunca contei para minha família e nem no meu trabalho”, confessa J., que teme a discriminação.

 

O brasileiro não está sozinho. Oito de cada dez pessoas com o HIV têm dificuldade em revelar que vivem com o vírus que pode causar a aids. A razão é o estigma em torno da doença, que pode ser transmitida por sexo não seguro (sem preservativo). O contágio também pode ocorrer por transfusão de sangue contaminado, uso de seringa por mais de uma pessoa, instrumentos cortantes não esterilizados ou da mãe infectada para seu filho durante a gravidez, no parto ou na amamentação.

 

Segundo programa das Nações Unidas Unaids, 64,1% das pessoas que têm HIV/aids sofreram alguma forma de discriminação, 46,3% ouviram comentários negativos no ambiente social e 41% foram recriminados pela própria família. Um quarto das pessoas sofreu assédio verbal, quase 20% perderam emprego ou fonte de renda, 17% foram excluídos de atividades sociais por serem soropositivos e 6% relataram ter sido agredido.

 

Fonte: ONU/Unaids/Divulgação

 

O estudo é feito desde 2008 em diversos países (mais de 100) e ganha destaque agora, pois dia 1 de dezembro é o Dia Mundial de Combate à Aids. O psicólogo Ângelo Brandelli Costa, responsável pela pesquisa no Brasil, explica que ainda existe dificuldade em revelar a sorologia positiva. “As pessoas percebem que não vão ser aceitas pela família, por amigos e até pessoas que elas não conhecem”, diz.

 

Atendimento à saúde

 

“As pessoas se isolam, não vão buscar direitos, não vão buscar o próprio remédio, não vão buscar emprego por conta do temor em relação a viver com HIV”, comenta Jô Meneses, da organização não governamental (ONG) Gestos.

 

Segundo a pesquisa,15,3% das pessoas ouvidas declararam ter sofrido algum tipo de discriminação até por parte de profissionais de saúde. Há relatos de realização de testagem para HIV sem consentimento, esquivamento de contato físico e até quebra de sigilo do estado de súde. Os relatos de discriminação são ainda mais constrangedores entre pessoas trans e travestis.

 

“Isso tudo é muito relacionado ao estigma. A discriminação que gera um não acesso aos serviços de saúde”, pondera Silvia Aloia, do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas, que participou do trabalho de campo e coleta de dados no Brasil. A pesquisadora chama a atenção para o fato de a discriminação acarretar, no caso de mulheres grávidas, a transmissão vertical para o filho, problema para o qual há protocolo de saúde e medicamentos que podem evitar o contágio.

 

“Algumas mulheres estão à deriva. É uma morte civil. Quando você escuta vários tipos de discriminação e quem sofreu não querer contar, ou não poder contar, se sentindo com vergonha, se sentindo suja, como se algo errado tivesse feito, quando foi uma prática social que todos fazem”, relata a pesquisadora. Silvia revela casos de depressão e violência, sobretudo entre mulheres com pouca visibilidade social, como ocorre com as profissionais do sexo.

 

Educação sexual

 

O diretor interino do Unaids no Brasil, Cleiton Euzébio de Lima, reforça a necessidade de educação sexual nas escolas. “Educação da sexualidade não é ideologia, mas ciência. E tem impacto na qualidade de vida e na saúde dos jovens. É importante tanto para trabalhar a prevenção quanto a descriminação.”

 

“O discurso negativo ao que se chama de ideologia de gênero também está alinhado ao discurso contrário ao que se fala sobre sexualidade no ambiente escolar. Isso é uma questão preocupante, quando há crescimento da epidemia entre jovens”, alerta Limar. O psicólogo Ângelo Brandelli Costa complementa: “É impossível falar em HIV/aids e não falar em sexo e gênero. Não só por causa da transmissão, mas por causa dos grupos que são historicamente mais vulneráveis à epidemia.”

 

Números

 

O Ministério da Saúde estima que 900 mil pessoas vivam com HIV no Brasil, sendo que 135 mil não sabem que estão infectadas. Nos últimos cinco anos, o número de mortes pela doença caiu 22,8%, passando de 12,5 mil, em 2014, para 10,9 mil, em 2018. Em todo o mundo, a ONU estima que cerca de 1,7 milhão de pessoas tenham sido infectadas ao longo do ano passado. A disseminação da doença, embora seja 16% inferior ao observado em 2010, preocupa o organismo internacional. No Japão, segundo dados da Aids Prevention Information (API NET), cerca de 20 mil pessoas vivem com aids no país – destes 3.500 estrangeiros.

 

No entanto, segundo os ativistas, há poucas testagens no Japão e não há campanhas de prevenção. O trabalho é feito apenas pelas organizações não-governamentais e grupos. Há pouca participação governamental na luta contra a disseminação do vírus, como educação sexual para jovens.

 

Uma recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) aos países é a busca da denominada meta 90-90-90, para garantir que 90% das pessoas que vivem com o vírus sejam diagnosticadas. Dessas, ao menos 90% precisam ter acesso ao tratamento. E 90% dos pacientes que estão tratando devem conseguir reduzir o vírus a níveis indetectáveis. Estudos apontam que a pessoa com carga viral indetectável não transmite o HIV.

 

Prevenção

 

Aos 66 anos, Francisco Dalton vive com o vírus há 38 anos e avalia que são necessárias mais medidas para fazer frente ao avanço da doença. Ele acredita que a escola deva ser estimulada a discutir o assunto. “Quando você não previne, você terá um gasto maior com medicamento. Eu acho que um jovem bem informado é um agente de prevenção. O Brasil já foi líder mundial nas ações de prevenção. Hoje somos meros coadjuvantes”, diz.

 

O Grupo pela Vidda é um dos que luta contra o preconceito. Ele foi fundado em 1989 pelo escritor, sociólogo e ativista Herberth Daniel. Devido a complicações decorrentes da infecção pelo HIV, ele faleceu aos 45 anos, apenas três anos após criar a entidade. A ONG foi idealizada para lutar por cidadania. “É um grupo que acolhe e mostra à pessoa com diagnóstico recente que ela tem vida, que não precisa se esconder. Não precisa ter vergonha. A vida continua. Temos o direito de viver e ser respeitado”, diz Francisco Dalton.

 

De acordo com Maria Eduarda, a entidade surgiu em um contexto onde as mortes eram muito mais frequentes. “A mortalidade atualmente é devido à não adesão ao tratamento e à falta de política pública. Naquela época, era por falta de tecnologia e medicamento. E além de existir a morte física, existia a morte civil. Havia um estigma social muito maior. Hoje ainda existe. Mas, antes, praticamente se decretava sua morte civil. Então o grupo nasceu para tentar conferir dignidade às pessoas”, lembrou. (com Agência Brasil)

 

HIV/aids

Fonte: NPO Criativos 

 

RegiãoCidadeCandidato eleito
Região NorteBelém (PA):Edmilson Rodrigues (PSOL)
Boa Vista (RR)Arthur Henrique (MDB)
Macapá (AP)[eleição adiada]
Manaus (AM)David Almeida (Avante)
Palmas (TO)Cinthia Ribeiro (PSDB) [reeleito]
Porto Velho (RO)Hildon Chaves (PSDB)
Rio Branco (AC)Tião Bocalom (PP)
Região NordesteAracaju (SE)Edvaldo (PDT) [reeleito]
Fortaleza (CE)Sarto (PDT)
João Pessoa (PA)Cícero Lucena (PP)
Maceió (AL)JHC (PSB)
Natal (RN)Álvaro Dias (PSDB) [reeleito]
Recife (PE)João Campos (PSB)
Salvador (BA)Bruno Reis (DEM)
São Luís (MA)Eduardo Braide (Podemos)
Teresina (PI)Dr. Pessoa (MDB)
Região Centro-OesteCampo Grande (MS)Marquinhos Trad (PSD) [reeleito]
Cuiabá (MT)Emanuel Pinheiro (MDB)
Goiânia (GO)Maguito Vilela (MDB)
Região SudesteBelo Horizonte (MG)Alexandre Kalil (PSD) [reeleito]
Rio de Janeiro (RJ)Eduardo Paes (DEM)
São Paulo (SP)Bruno Covas (PSDB)
Vitória (ES)Delegado Pazolini (Republicanos)
Região SulCuritiba (PR)Rafael Greca (DEM) [reeleito]
Florianópolis (SC)Gean (DEM)
Porto Alegre (RS)Sebastião Melo (MDB)