Enfermidade atinge mais de 415 milhões de pessoas no mundo; alimentação saudável, deixar de fumar e praticar exercícios físicos são fundamentais para evitar a doença
Texto: Ewerthon Tobace/Record TV Japan
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ABR
Desde criança, Sueli Gushi teve problemas com a balança. “Com 15 anos, pesava 75 quilos”, lembra. A alimentação incorreta associada ao sedentarismo desencadeou um problema que atinge milhares de pessoas em todo o mundo: diabetes. Quando veio ao Japão, há 27 anos, Sueli começou a ter problemas mais sérios de saúde, que foram diagnosticados como consequência da diabetes tipo 2. “Tive que fazer dieta e reeducação alimentar, mas meus rins já estavam comprometidos e acabaram parando de funcionar”, conta a brasileira, que desde então faz regularmente hemodiálise.
Enfermidade que atinge mais de 415 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo 12 milhões só no Brasil, o diabetes é uma doença crônica na qual o corpo não produz insulina ou não consegue empregar adequadamente a insulina que produz. Segundo estimativa da Federação Internacional do Diabetes chegaremos em 2040 com 642 milhões de diabéticos em todo o mundo, o que significa um em cada 11 adultos portadores da doença.
Mas você sabe o que é insulina e como o nosso corpo a utiliza? A insulina é um hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue. O corpo precisa desse hormônio para utilizar a glicose, que obtemos por meio dos alimentos, como fonte de energia. Quando a pessoa tem diabetes, no entanto, o organismo não fabrica insulina e não consegue utilizar a glicose adequadamente. O nível de glicose no sangue então fica alto – a famosa hiperglicemia.
Se esse quadro permanecer por longos períodos, poderá haver danos em órgãos, vasos sanguíneos e nervos. “As pessoas acham que os diabéticos têm que cortar o açúcar totalmente, mas não é verdade. Não adianta não ingerir doces, mas manter a vida sedentária, o que é necessário é fazer o organismo gastar as calorias que consome, esse é o segredo”, diz Sueli.
Comemorado internacionalmente em 14 de novembro, o Dia Mundial do Diabetes envolve campanhas de divulgação e sensibilização sobre o tema. A data foi instituída pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1991 e conta com o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), que em 2006 assinou uma Resolução reconhecendo o diabetes como uma doença crônica e de alto custo mundial.
Sueli sabe bem o transtorno que a doença causou em sua vida. Hoje, aos 58 anos, ela já passou por diversas intervenções médicas. “Fiz uma cirurgia na vista direita por causa de uma hemorragia por pressão no olho e também de cataratas nas duas vistas; tive ainda complicações coronárias e tive de colocar uma válvula nova no coração”, enumera a brasileira. “Hoje eu sempre aconselho as pessoas a fazerem controle médico constante. É muito melhor cuidar de uma doença, qualquer que seja, no início”, ensina.
Controle
A nutricionista Patrícia Ruffo, mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo, afirma que somente 26% dos diabéticos conseguem controlar a diabetes, que é uma doença crônica. “No entanto, uma pessoa pode reduzir as chances de desenvolver o diabetes tipo 2 em 58% dos casos simplesmente perdendo 7% do seu peso corporal”, disse.
E, embora 62% dos brasileiros tenha ao menos um fator de risco para desenvolver o diabetes, somente 3 em cada 10 pessoas já ouviram falar do pré-diabetes, segundo pesquisa realizada por uma empresa farmacêutica. O pré-diabetes é um estágio anterior ao diabetes tipo 2 e ocorre quando os níveis de açúcar no sangue já estão acima do considerado normal, mas ainda é possível reverter o quadro com mudanças no estilo de vida. Adotar uma alimentação saudável, deixar de fumar e praticar exercícios físicos de forma regular são fundamentais para evitar a diabetes.
O pré-diabetes, assim como a diabetes, é difícil de diagnosticar. A doença só apresenta sintomas quando já está instalada e avançada, como, por exemplo, sede excessiva, necessidade de urinar muitas vezes e em grande quantidade, visão borrada ou cansaço acentuado.
Quem tem diabetes, ou está pré-diabético, precisa de uma alimentação equilibrada, com horários estabelecidos e intervalos adequados entre as refeições. O ideal é a ingestão de fibras, frutas e verduras, e a diminuição de alimentos saturados como frituras e açúcares simples (sacarose) encontrados, por exemplo, nos doces em geral. (com Marieta Cazarré/Agência Brasil)
Foto: Arquivo pessoal/Divulgação
Sueli Gushi consegue conviver hoje equilibradamente com a diabetes, mas doença causou uma série de outros problemas
Principais tipos de diabetes
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Diabetes tipo 1
– onde o sistema imunológico do corpo ataca e destrói as células que produzem insulina.
Principais sintomas: vontade de urinar diversas vezes; fome frequente; sede constante; perda de peso; fraqueza; fadiga; nervosismo; mudanças de humor; náusea; vômito. -
Diabetes tipo 2
– em que o corpo não produz insulina suficiente ou as células do corpo não reagem à insulina. É o mais comum.
Principais sintomas: infecções frequentes; alteração visual (visão embaçada); dificuldade na cicatrização de feridas; formigamento nos pés; furúnculos. -
Diabetes Gestacional
– Durante a gravidez, para permitir o desenvolvimento do bebê, a mulher passa por mudanças em seu equilíbrio hormonal. Quando o nível de glicose aumenta excessivamente, há riscos para o bebê.
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Pré-diabetes
– Pessoas que tem níveis de açúcar no sangue acima da faixa normal, mas não alto o suficiente para ser diagnosticado como tendo diabetes. É conhecido como pré-diabetes.