Ficar horas dentro de uma aeronave é realmente seguro? Quais as possibilidades de se contrair um vírus durante um voo?

 

Texto: Redação/Record TV Japan
Foto: Pesquisa feita em aeronaves da United Airlines mostrou que é baixo o risco de contaminação em aviões / ©Morgue File/Divulgação

 

No começo deste mês, o Japão reduziu das restrições de viagem e reabriu as fronteiras para a maioria dos países, permitindo assim residentes viajarem e voltarem ao país. Mas muita gente deve se perguntar: é seguro viajar de avião em meio a uma pandemia?

 

Quem nunca ouviu alguém reclamar de ter pego um resfriado ou gripe depois de voar? Também deve ter visto vídeos e ilustrações mostrando como os germes se espalham rapidamente num ambiente fechado quando alguém tosse ou espirra. Sem falar das inúmeras reportagens falando que as mesas de apoio de bandejas do avião são mais sujas do que o banheiro.

 

De acordo com o Centro de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, “a maioria dos vírus e outros germes não se espalham facilmente em voos devido à forma como o ar circula e é filtrado nos aviões”.

 

É preciso tomar cuidado principalmente com mesas de apoio, portas e torneiras de banheiros, e compartimentos para guardar malas / © Morgue File/Divulgação

O ar que circula dentro dos aviões passa primeiro pelo motor do lado de fora e geralmente é uma mistura 50/50 de ar fresco e reciclado – no caso, esse ar de dentro da cabine passa por um filtro HEPA (High Efficiency Particulate Air), o mesmo que é utilizado em hospitais e remove 99,97% de todas as partículas transportadas pelo ar, como germes e vírus. Em geral, os aviões têm de 10 a 12 renovações de ar completas por hora, o que está de acordo com o que o CDC recomenda para salas de isolamento de infecções transmitidas pelo ar em hospitais.

 

Pesquisa

 

Um outro estudo divulgado na semana passada, feito pelo Departamento da Defesa dos Estados Unidos, mostrou que o risco de exposição ao coronavírus em aviões é muito baixo. Quando um passageiro sentado está usando máscara, uma média de 0,003% das partículas de ar dentro da zona de respiração ao redor da cabeça de uma pessoa são infecciosas, mesmo que todos os assentos estejam ocupados, segundo o estudo.

 

O teste conduzido a bordo de um Boing 777 e 767 da United Airlines, supôs só uma pessoa infectada no avião e não simulou os efeitos da movimentação de passageiros pela cabine. O uso de máscaras foi provado que ajuda a minimizar a exposição a infecções.

 

No experimento, cerca de 99,99% das partículas foram filtradas para fora da cabine dentro de seis minutos devido à circulação rápida do ar, à ventilação de ar em sentido para baixo e aos sistemas de filtragem do avião. “Estes resultados significam que as chances de exposição ao coronavírus em uma aeronave da United são quase inexistentes, mesmo que o voo esteja cheio”, disse à imprensa o chefe de serviços ao consumidor da empresa aérea, Toby Enqvist.

 

De acordo com a pesquisa, para ser infectado o passageiro teria de voar cerca de 54 horas em um avião com uma pessoa contaminada.

 

Segundo o professor de ciência de avaliação de exposições da Universidade de Harvard, Joseph Allen, co-autor do livro “Edifícios Saudáveis”, quando um passageiro infectado espirra ou tosse, as gotas vão cair no chão e não ficam flutuando pela cabine. “São os pequenos aerossóis que vão flutuar ao redor da cabine, e com sorte serão pegos pelo filtro HEPA”, explicou. 

 

A International Air Transport Association também afirma, em seu site, que “o risco de pegar uma infecção em uma aeronave é geralmente menor do que em um shopping center ou ambiente de escritório”. Principalmente agora, com os protocolos de limpeza intensificados, a probabilidade de infecção das superfícies da cabine do avião é relativamente baixa, embora você deva ter cuidado ao tocar em qualquer coisa.

 

Mesas de apoio

 

Como já foi dito, as mesas de apoio para bandejas são o lugar mais sujo de um avião, segundo estudos. Segundo especialistas, a razão pela qual as bandejas ficam tão contaminadas é porque é onde nossas mãos estão. Estamos contaminando o tempo todo ao pegá-las. Então, o que geralmente se recomenda é levar um pano descartável desinfetante para as mãos e também para higienizar o local.

 

Evitar tocar o rosto, usar máscaras e álcool em gel minimizam os riscos de contaminação. Cuidado também ao tocar a porta e as torneiras do banheiro, e o compartimento superior para guardar malas.

 

Janela ou corredor?

 

Segundo os especialistas, o assento da janela pode reduzir um pouco o risco de infecção. Experimentos anteriores já provaram que em surtos de norovírus, as pessoas têm maior probabilidade de ficarem doentes se sentarem no corredor porque as pessoas estão tocando as superfícies e passando a todo momento.

 

Além disso, de acordo com especialistas da Universidade de Leicester, na Inglaterra, o processo de limpeza do ar é efetivo e garante a limpeza, mas não previne 100% a contaminação, já que não funciona lateralmente, interferindo pouco no fluxo entre uma poltrona e outra, por exemplo. Por isso, conversas cara a cara são as principais responsáveis pela transmissão do vírus em aeronaves e em qualquer outro lugar fechado. 

 

As medidas de segurança para reduzir as possibilidades de contágio em aeroportos e dentro dos próprios aviões já mudaram o jeito como viajamos hoje. Mas como a maioria dos governos recomenda, só viaje se for realmente necessário. Enquanto não tivermos uma vacina ou remédios eficientes, estaremos sempre correndo o risco de nos expormos ao vírus.