Li Chenggang, ex-representante na OMC, assume o posto em meio à escalada de tensões comerciais com Washington

Foto: Reprodução/X/@MarioNawfal

A China anunciou nesta quarta-feira (16) a substituição de seu principal negociador comercial, Wang Shouwen, pelo ex-representante do país na Organização Mundial do Comércio (OMC), Li Chenggang, de 58 anos.

A troca ocorre em um momento crítico, com a intensificação da guerra tarifária entre Pequim e Washington, desencadeada por novas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Em 2 de abril, Trump impôs tarifas de 10% a 50% sobre mais de 180 países. Com a medida, a China passou a enfrentar uma taxa de 34% sobre seus produtos – taxa que se somou a outros 20% já vigentes.

Em resposta, dois dias depois, o governo chinês também impôs tarifas de 34% sobre todas as importações norte-americanas. Foi então que os EUA elevaram a taxação sobre a China para 104%.

Na quarta-feira (9), a China respondeu outra vez, elevando suas tarifas sobre produtos norte-americanos para 84%. No mesmo dia, Trump anunciou que as taxas sobre as importações chinesas chegariam a 145%. Mais tarde, o país asiático elevou as tarifas sobre os EUA para 125%.

Li Chenggang, o novo negociador, assume um papel central nesse cenário. Com experiência como ministro assistente do Comércio durante o primeiro governo Trump e como embaixador da OMC, ele é visto como uma figura estratégica para lidar com a crise.

Alfredo Montufar-Helu, consultor do Conference Board, sugeriu à agência de notícias Reuters que a troca pode refletir a busca por um novo enfoque para “quebrar o impasse” nas negociações.

No entanto, outros analistas apontam que a mudança pode ser apenas uma promoção de rotina em um momento de alta tensão.

A economia chinesa, que registrou crescimento de 5,4% no PIB entre janeiro e março, já sente a pressão das tarifas norte-americanas.

Autoridades chinesas, como Sheng Laiyun, do Departamento Nacional de Estatísticas, alertaram que as barreiras tarifárias dos EUA afetarão o comércio exterior e a economia do país, embora acreditem na resiliência de longo prazo.

Sheng criticou a postura dos EUA, classificando-a como uma prática de “intimidação comercial” que viola as regras da OMC e prejudica a economia global.

O jornal estatal China Daily também condenou os EUA, chamando ações de Trump de “caprichosas e destrutivas” e acusando Washington de se beneficiar da globalização enquanto se queixa do comércio internacional.