Exercícios militares chineses a 74 km da costa taiwanesa são condenados por Taipei como provocação à segurança regional e internacional
Foto: Divulgação/Ministério das Relações Exteriores de Taiwan
O Ministério da Defesa de Taiwan condenou nesta quarta-feira (25) a criação de uma zona de “treinamento com fogo real” pelo exército da China a cerca de 74 quilômetros (40 milhas náuticas) da costa sudoeste da ilha, próxima às cidades de Kaohsiung e Pingtung.
A medida, anunciada sem aviso prévio por Pequim, foi classificada pelo governo taiwanês como uma “provocação flagrante” à segurança regional e uma ameaça à navegação e à aviação internacionais.
O episódio ocorre um dia após a Guarda Costeira taiwanesa deter um navio de carga ligado à China suspeito de cortar um cabo submarino no Estreito de Taiwan, que conecta a ilha às ilhas Penghu.
O incidente intensificou as tensões já elevadas entre os dois lados. Autoridades de Taiwan não descartam que o dano ao cabo possa ser parte de uma “operação de zona cinzenta” – ações coercitivas que não chegam a um conflito aberto, mas que visam pressionar a ilha.
O Ministério da Defesa taiwanês informou que, desde a manhã desta quarta, detectou 32 aeronaves militares chinesas no Estreito de Taiwan. Delas, 22 realizaram uma “patrulha de prontidão de combate” junto a navios de guerra chineses, voando perto do norte e sudoeste da ilha.
Em resposta, Taiwan mobilizou forças aéreas, marítimas e terrestres para monitorar e reagir à presença militar chinesa. “Este movimento viola descaradamente as normas internacionais e representa uma grave ameaça à segurança da aviação e da navegação”, disse o Ministério em um comunicado.
Kaohsiung, um dos alvos próximos à zona de treinamento, é um centro comercial estratégico e abriga o maior porto de Taiwan, o que amplia as preocupações com os impactos da ação chinesa.
Exercícios chineses
A atividade militar de Pequim não se restringe a Taiwan. Na semana passada, a Marinha Chinesa realizou dois exercícios com fogo real entre a Austrália e a Nova Zelândia, forçando o desvio de dezenas de voos comerciais e gerando críticas de Canberra e Wellington.
Autoridades australianas souberam das manobras por um alerta de um piloto comercial, enquanto a China insistiu que emitiu avisos prévios e acusou a Austrália de “exagerar” a situação.
Taiwan diz que essas ações mostram que “a China se tornou a maior ameaça à paz e estabilidade no Estreito de Taiwan e na região Indo-Pacífica”. O Ministério reforçou que as medidas contradizem as alegações chinesas de “coexistência pacífica” e prometeu manter esforços para fortalecer sua prontidão militar.