Líderes mundiais expressaram condolências aos familiares e aos japoneses; Brasil decretou três dias de luto oficial

 

 

Texto: Redação/Record TV Japan
Foto: ©Alan Santos/PR

 

 

O Japão e o mundo terminaram a sexta-feira, dia 8, chocados. A notícia de que o ex-primeiro-ministro Shinzo Abe foi baleado em plena luz do dia, na frente de dezenas de pessoas, levantou questionamentos sobre a nação com menores índices de criminalidade e um dos locais com as leis mais rígidas para o porte de armas.

 

Com uma população de 125 milhões, o país teve apenas 10 casos criminais relacionados a armas no ano passado, resultando em uma morte e quatro feridos, segundo dados da polícia. Oito desses casos estavam relacionados a gangues. Tóquio teve zero incidentes de armas, ferimentos ou mortes durante o mesmo ano, embora 61 armas tenham sido apreendidas lá.

 

Segundo a imprensa, ainda não está claro a motivação de Tetsuya Yamagami, 41 anos, para o crime. Ele atirou pelas costas, contra Abe, o primeiro-ministro que ficou mais tempo no poder no Japão.

 

Em entrevista, o Hospital Universitário de Nara informou que a morte foi declarada às 17h03 locais, cinco horas depois de ter chegado ao hospital.

 

De acordo com o médico presente na entrevista, Shinzo Abe “já não tinha sinais vitais” quando chegou ao hospital. Os dois disparos que atingiram o ex-chefe de governo feriram o pescoço, do lado direito, e o peito, do lado esquerdo, chegando ao coração.

 

O ex-primeiro-ministro sangrou de forma “abundante” e recebeu várias transfusões de sangue para tentar salvar a sua vida, disse o médico.

 

Armas

 

Segundo reportagem da agência de notícias AP, embora as principais universidades do Japão tenham clubes de tiro e a polícia japonesa esteja armada, a maioria dos japoneses passa a vida sem nunca manusear, ou mesmo ver, uma arma de verdade.

 

Esfaqueamentos são mais comuns como um crime fatal. E assim o debate sobre o direito de portar armas é uma questão distante no Japão e tem sido há décadas.

 

O crime desta sexta-feira trouxe questões para serem debatidas. A arma usada era de fabricação caseira, provavelmente. Então, mesmo com a rigidez das leis, ela nunca teria sido encontrada.

 

Haverá ainda uma revisão de todo o processo de segurança que foi adotado no dia. Havia seguranças particulares e também policiais no local. Ninguém foi capaz de impedir o suspeito de chegar perto e atirar em Abe. 

 

A última vez que um tiroteio de alto nível ocorreu foi em 2019, quando um ex-membro de gangue foi baleado em um local de karaokê em Tóquio.

 

De acordo com a lei japonesa, a posse de armas de fogo, bem como certos tipos de facas e outras armas, como armas de arco, é ilegal sem uma licença especial. Importá-los também é ilegal.

 

Aqueles que desejam possuir armas de fogo devem passar por uma rigorosa verificação de antecedentes, incluindo autorização de um médico, e declarar informações sobre membros da família. Eles também devem passar por testes para mostrar que sabem usar armas de fogo corretamente. Quem passa e compra uma arma também deve comprar um sistema de travamento especial para a arma ao mesmo tempo.

 

Passar todos esses obstáculos permitirá que essa pessoa atire em alvos de barro. A caça requer uma licença especial adicional. Mesmo os policiais raramente recorrem a disparar suas pistolas.

 

Ataques

 

No passado, de acordo com reportagem da NHK, houve vários ataques a tiros contra pessoas importantes, incluindo políticos, no Japão.

 

Em 1992, um atirador direitista disparou tiros contra Kanemaru Shin, que na época era o vice-presidente do Partido Liberal Democrático, enquanto ele terminava de proferir um discurso na província de Tochigi, ao norte de Tóquio. Kanemaru escapou ileso.

 

Em 1994, o ex-primeiro-ministro Hosokawa Morihiro foi baleado num hotel de Tóquio por um ex-membro de um grupo direitista, e também escapou ileso.

 

Em 1990, o então prefeito da cidade de Nagasaki, Motoshima Hitoshi, ficou gravemente ferido após ser baleado por um direitista.

 

Em 2007, um outro prefeito de Nagasaki, Ito Itcho, faleceu após ter sido baleado por um membro de um grupo de crime organizado.

 

O então comissário-geral da Agência Nacional de Polícia, Kunimatsu Takaji, foi baleado e gravemente ferido na frente de sua residência em Tóquio em 1995.

 

Brasil

 

O presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta no Twitter uma nota na qual lamenta a morte do ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe. “Recebo com extrema indignação e pesar a notícia da morte de @AbeShinzo, líder brilhante e que foi um grande amigo do Brasil. Estendo à família de Abe, bem como aos nossos irmãos japoneses, a minha solidariedade e o desejo de que Deus cuide de suas almas neste momento de dor”, disse Bolsonaro na rede social.

 

O presidente brasileiro anunciou, em uma outra postagem, ter decretado luto oficial no país, em reconhecimento à boa relação entre o político japonês e o Brasil.

 

“Como sinal de nosso respeito ao povo japonês, de reconhecimento pela amizade de Shinzo Abe com Brasil e de solidariedade diante de uma crueldade injustificável, decretei luto oficial em todo o país durante 3 dias. Que seu assassinato seja punido com rigor. Estamos com o Japão”, twitou o presidente brasileiro.

 

Shinzo Abe, de 67 anos de idade, foi primeiro-ministro do Japão de 2006 a 2007 e, mais tarde, de 2012 a 2020. Foi o líder japonês com maior longevidade no cargo.

 

Itamaraty

 

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores informou que recebeu com tristeza e consternação a notícia do falecimento do ex-primeiro-ministro do Japão.

 

“O Brasil condena, nos mais fortes termos, o ataque covarde ao ex-primeiro-ministro e soma-se ao governo e ao povo do Japão no repúdio a todo tipo de violência política, que atenta contra nossos valores compartilhados de defesa da democracia e da paz.”

 

A pasta destacou que Abe trabalhou de maneira incansável pelo aprofundamento da amizade entre Brasil e Japão.

 

“Durante seu governo, as relações bilaterais elevaram-se para o patamar de parceria estratégica e global, revelando o reconhecimento da importância do relacionamento em todos os seus aspectos: político, econômico, humano. Abe sempre cultivou interlocução com o Brasil no mais alto nível e sua presença na cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos Rio 2016 simbolizou o afeto entre os dois países.”

 

Reações no mundo

 

Estados Unidos

 

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chamou o assassinato de Abe de “chocante” e “profundamente perturbador” e o descreveu como um líder de grande visão.

 

China

 

Porta-voz da embaixada chinesa no Japão: “O ex-primeiro-ministro Abe fez contribuições para melhorar as relações China-Japão durante seu mandato. Expressamos nossas condolências por sua morte e enviamos nossas condolências à sua família”.

 

Reino Unido

 

A rainha Elizabeth II, do Reino Unido, disse estar “profundamente triste” com a morte do ex-primeiro-ministro japonês.

 

“Minha família e eu ficamos profundamente tristes ao ouvir a notícia da morte súbita e trágica do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe”, disse a monarca de 96 anos, que acrescentou que tinha boas lembranças de conhecer Abe e sua esposa durante sua visita à Grã-Bretanha em 2016.

 

“Desejo transmitir minhas mais profundas condolências e condolências à sua família e ao povo do Japão neste momento difícil”.

 

“Notícia incrivelmente triste sobre Shinzo Abe. Sua liderança global em tempos desconhecidos será lembrada por muitos. Meus pensamentos estão com sua família, amigos e o povo japonês”, escreveu Boris Johnson.

 

“O Reino Unido está com você neste momento sombrio e triste”, acrescentou.

 

França

 

“Em nome do povo francês, envio minhas condolências às autoridades e ao povo japonês após o assassinato de Shinzo Abe. O Japão está perdendo um grande primeiro-ministro, que dedicou sua vida ao seu país e trabalhou para trazer equilíbrio ao mundo”, afirmou o presidente Emmanuel Macron.

 

Ucrânia

 

“Notícias horríveis de um assassinato brutal do ex-primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe. Estou estendendo minhas mais profundas condolências à sua família e ao povo do Japão neste momento difícil. Este ato hediondo de violência não tem desculpa”, publicou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky no Twitter.

 

Alemanha

 

“O assassinato de Shinzo Abe me deixa chocado e profundamente triste. Minhas mais profundas condolências vão para sua família, meu colega Fumio @kishida230 e nossos amigos japoneses. Estamos ao lado do Japão nestas horas difíceis”, escreveu o premiê Olaf Scholz.

 

Otan

 

“Profundamente entristecido pelo assassinato hediondo de Shinzo Abe, um defensor da democracia e meu amigo e colega por muitos anos. Minhas mais profundas condolências à sua família, PM @kishida230 e ao povo do parceiro da OTAN, Japão, neste momento difícil”, escreveu o secretário-geral Jens Stoltenberg.

 

União Europeia

 

“Faleceu uma pessoa maravilhosa, grande democrata e defensora da ordem mundial multilateral. Lamento com sua família, seus amigos e todo o povo do Japão. Este assassinato brutal e covarde de Shinzo Abe choca o mundo inteiro”, escreveu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

 

Holanda

 

“O ex-primeiro-ministro japonês Abe morreu, após um ataque covarde. Na reunião de gabinete de hoje, paramos para refletir sobre este dia sombrio para a democracia japonesa. Tenho boas lembranças de nossa amizade e do trabalho que fizemos juntos. Meus pensamentos estão com seus entes queridos e o povo do Japão”, escreveu o premiê Mark Rutte.

 

Turquia

 

“Estou profundamente triste com a morte do meu querido amigo Shinzo Abe, ex-primeiro-ministro do Japão, como resultado de um ataque armado. Eu condeno aqueles que realizaram este ataque hediondo”, escreveu o presidente Recep Erdogan.

 

“Minhas condolências à família do meu amigo Abe, entes queridos, todas as pessoas e governo do Japão”, acrescenta.

 

Austrália

 

“Chocado e triste com a trágica morte do ex-primeiro-ministro japonês Abe Shinzo. Ele era um grande amigo e aliado da Austrália. Sentimentos profundos à sua família e ao povo do Japão. Choramos com você”, escreveu o premiê Anthony Albanese.

 

 

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