Vírus Sincicial Respiratório (VSR) tem afetado um número grande de crianças pequenas e pode causar complicações

 

 

 

Texto: Ana Paula Ramos/Record TV Japan
Foto: AdobeStock

 

 

 

O número de casos de infecções pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR) chegou a um patamar absurdo neste mês de julho no Japão.

 

Segundo os dados do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas, na semana entre os dias 5 e 11, foram quase 16 mil infectados. Em um ano comum, o pico da doença se manifesta no mês de setembro e fica em torno de 10 mil casos semanais.

 

Os casos de VSR, que provoca sintomas de gripe e pode causar complicações em bebês, têm aparecido desde o mês de março. As autoridades de saúde do Japão acreditam que o maior número de infecções é uma consequência das restrições da pandemia no ano anterior.

 

Por causa da suspensão das atividades em creches e escolinhas em 2020, as crianças não foram expostas e não houve surto de VSR. A suspeita é de que isto tenha prejudicado a imunidade dos pequenos, o que fez com que o vírus tomasse fôlego este ano.

 

A contaminação das crianças tem afetado também as famílias brasileiras. Alguns pais tiveram que correr atrás de hospitais, exames e internações e sofreram as preocupações de ver os filhos pequenos com os sintomas agravados.

 

Karina Matsuju, de 38 anos, vive em Ibaraki e é mãe de duas meninas, Lilian de 4 anos e Rafaela, de 4 meses. A primeira a ficar doente foi Lilian, que acabou pegando o vírus na escolinha. Um dia depois, a bebê apresentou secreção no nariz e tosse.

 

“Primeiro eu fui na clínica pegar remédio para a maiorzinha e eles receitaram um xarope para a gripe. Quando a menor teve sintoma, eu levei para fazer exame e eles falaram que era uma simples gripe. Só podia tomar o xarope e esperar a recuperação”, contou para a Record Japan TV.

 

A “gripe”, na verdade, era VSR. O quadro de saúde da bebê começou a piorar com o passar dos dias. Rafaela passou a comer menos e a vomitar, teve febre e tosse. Karina conta que teve que correr atrás de hospital e atendimento.

 

“A minha pequena começou a piorar muito. O médico tirou raio X dos pulmões e  apareceu manchas brancas, mas não quis internar. Eles disseram que era apenas uma gripe forte, que não chegava a ser pneumonia. Estou desde o dia 11 levando as meninas para atendimento. Já estive em quatro clínicas e hospitais”, relatou.

 

O vírus também passa para os adultos, que podem apresentar sintomas semelhantes a uma gripe. “O que me preocupa é que esse vírus pode ficar grave se a criança tem menos de dois anos. Os adultos também pegam e eu peguei e fiquei bem mal, mas isto é o de menos”, disse.

 

VSR se confunde com gripe

 

Emily Bomfim, de 23 anos, também passou pela mesma tensão com os filhos em Hamamatsu (Shizuoka). A brasileira é mãe de Lohanna, de 4 anos e Luan, de 9 meses. As duas crianças pegaram VSR neste mês. A menina teve sintomas leves de tosse e secreção no nariz, mas o caso do bebê foi mais grave.

 

Emily e os filhos Lohanna e Luan – Foto: Arquivo pessoal/Cedida

“Ele começou a ter sintomas no domingo passado, tosse forte, secreção no nariz e febre durante a noite. Eu levei na clínica segunda-feira e confirmaram que era VSR, mas o médico disse que não tinha nada para tratar. Tinha que esperar ele melhorar”, contou.

 

Emily voltou para a casa com o filho, mas os sintomas pioraram. “Voltamos e ele passou a noite inteira com febre de 38°C a 38,5°C. Levei no hospital pela manhã e o novo médico também disse que não tinha o que fazer, só passou remédio para febre. Felizmente passou mais alguns dias e ele começou a melhorar”, relatou.

 

No caso dos filhos de Emily, a suspeita também é de que a criança mais velha tenha pegado o vírus na creche e acabou passando para o irmão.

 

“Eu não fazia ideia desse vírus. Achei que era só uma gripe comum, mas ele foi piorando muito rápido. Eu também peguei e quando o meu bebê começou a melhorar, eu fiquei bem ruim. Não conseguia fazer nada”.

 

É comum que o VSR seja confundindo com gripe por causa dos sintomas e na maioria dos casos, costuma passar sem a necessidade de tratamento ou complicações. O perigo é maior com as crianças pequenas.

 

De acordo com o Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, da Fiocruz, o VSR é responsável pela maioria das infecções do trato respiratório de bebês com menos de dois anos e lactantes. No Brasil, de 40% a 60% das crianças com menos de 1 ano pegam o vírus em algum momento. Entre as crianças de dois anos, a infecção atinge 95%.

 

O VSR é especialmente arriscado para os bebês prematuros, pois aumenta os riscos de complicações e hospitalização. A infecção pode evoluir para um quadro de bronquiolite ou de pneumonia.