A temporada de escalada na montanha mais alta do Japão está de volta. No verão de 2020, as rotas ficaram fechadas por causa da pandemia

 

 

 

Texto: Ana Paula Ramos/Record TV Japan
Foto: ©JNTO

 

 

 

As preocupações com o coronavírus não se dissolveram, mas aos poucos, atividades que foram suspensas voltam a funcionar sob medidas preventivas. A novidade deste verão no Japão é a reabertura do Monte Fuji, que esteve fechado durante toda a temporada de escalada no verão do último ano.

 

Uma cerimônia marcou a liberação da rota de Yoshida, pela província de Yamanashi, no dia 1° de julho. No último dia 10, foi a vez das trilhas pelo lado de Shizuoka serem abertas: Fujinomiya, Gotenba e Subashiri.

 

A montanha mais alta do Japão, que tem 3.776 metros de altura e é também um vulcão ativo, atraiu cerca de 236 mil montanhistas em 2019, antes da pandemia. Desta vez, a mídia japonesa noticiou que a liberação das rotas foi discreta, com uma fila de espera muito menor do que em um ano comum.

 

O brasileiro Jimmy Muto (26), que administra com a esposa Aline (26) o Instagram de viagens @jimmyandaline e mora em Kikugawa (Shizuoka), contou para a Record Japan TV que pretende subir o Fuji pela segunda vez nesta temporada.

 

Jimmy e Aline possuem quase 7 mil seguidores e já passaram por 24 países. O casal, que costuma compartilhar dicas de viagem no Japão, subiu o Monte Fuji em 2019 em um grupo de 11 amigos, a partir da 5ª estação e pela trilha de Fujinomiya, em Shizuoka.

 

“Escolhemos esta trilha por ser a mais próxima de onde moramos e também a mais curta, apesar de muito inclinada. A gente começou às 19h e chegamos no topo às 2h da madrugada. Ficamos esperando por uma hora e meia até o sol nascer”, contou.

 

Jimmy e Aline vão subir mais uma vez o Monte Fuji

Nem todos do grupo completaram o desafio. Das 11 pessoas, 9 chegaram ao topo. Dois integrantes desistiram na oitava estação e reencontraram o grupo pela manhã, após concluir a descida.

 

“Não houve nenhum acidente ou problema, tudo ocorreu bem. O único arrependimento foi não ter trazido protetor solar. O sol do início da manhã era muito intenso porque estávamos em um local alto e fomos pegos desprevenidos”, lamentou.

 

Jimmy completou 25 anos no topo do Monte Fuji e encheu balões com a esposa para comemorar. Este ano, pretende subir em agosto e reunir alguns amigos.

 

“Vamos em um grupo menor por causa da pandemia. Uma dica é evitar subir o Monte Fuji sozinho. O grupo acaba sendo animador durante os momentos difíceis da trilha e se você tiver uma emergência e está com alguém, fica mais fácil pedir ajuda”, aconselha.

 

Foto: Arquivo pessoal/@jimmyandaline/Divulgação

 

 

Prevenção ao coronavírus

 

A escalada reabriu, mas por causa das circunstâncias da pandemia que ainda não acabou, medidas preventivas estão sendo tomadas.

 

Os montanhistas que subirem o Monte Fuji este ano devem passar por uma checagem de saúde antes mesmo da escalada começar. É preciso responder a um questionário sobre sintomas e passar por verificações de temperatura.

 

A estrutura foi melhorada para facilitar a prevenção. As pousadas instaladas nas estações durante a subida estão operando com metade dos funcionários e a capacidade reduzida. O aventureiro interessado em fazer um descanso durante o trajeto deve reservar com antecedência.

 

Há também máscaras e desinfetantes de mãos para uso nas estações. O horário comercial da Fuji Subaru Line 5ª estação, que antes funcionava 24h horas, foi reduzido e está em operação das 3h às 18h.

 

O montanhista deve assinar o formulário de saúde da Prefeitura de Yamanashi, conferindo sete questões relacionadas à ocorrência de sintomas nas últimas duas semanas. Em caso de sintomas de coronavírus ou histórico recente, a subida deve ser cancelada ou adiada.

 

O documento deve ser impresso e assinado antes da escalada e entregue ao funcionário responsável no estacionamento da Fuji Subaru Line. Veja aqui (em japonês):

 

Dicas para escalada

 

Confira as dicas do Jimmy e da Aline para escalar o Monte Fuji com preparo, evitando situações desagradáveis durante a aventura.

 

  •  Quem está indo pela primeira vez deve levar uma latinha de oxigênio. É comum ter falta de ar durante a subida. 
  •  Leve também agasalhos, pois começa a esfriar na medida em que você sobe. O topo é bem frio. Apesar de ser auge do verão, quando chegamos lá, fazia -2°C. O frio é um fator que pode provocar desistência.
  •  É bom levar barrinhas de cereais, não apenas doce, mas também salgadas, além de outros mantimentos. Tem cup lamen para vender lá em cima, mas é muito caro. Passa de ¥1 mil ou ¥2 mil. Leve também várias moedas trocadas de ¥100. Os banheiros cobram e é por moeda.
  •  O protetor solar é fundamental para quem vai subir de noite. Na descida, o sol amanhece e queima bastante. Nós nos arrependemos disto na primeira vez, porque não sabíamos que ia queimar tanto.
  •  Outro item interessante é a capa de chuva. O tempo no Monte Fuji pode mudar rapidamente. Lá em cima não tem muita coisa para se abrigar da chuva.
  •  Na hora de escolher a lanterna, tenha preferência por uma do tipo que prende na cabeça, assim as mãos ficam livres durante a escalada. Muitas partes da trilha são íngremes e é preciso se segurar com as duas mãos.
  •  Procure fazer a sua escalada em grupo e evite ir sozinho. É uma atividade que é mais animadora se você estiver compartilhando o momento com outras pessoas. Em caso de emergência, é bom estar com algum conhecido para pedir ajuda.
  •  Comece a subir com calma, não se afobe para chegar no topo rapidamente. Se for muito rápido e chegar lá em cima muito antes do amanhecer, você vai ficar sem proteção nenhuma. Faz frio e venta muito no topo. Se programe para concluir a escalada por volta das 3h da manhã, quando já estiver perto do sol nascer. O nascer do sol do topo do Monte Fuji costuma acontecer mais cedo do que nas áreas planas, por volta de 3h30 ou 4h.

 

Foto: ©JNTO