Procedimento envolve o preenchimento de formulários, checagens repetitivas e horas de espera até ir para o isolamento em um hotel

 

 

 

Texto: Ana Paula Ramos/Record TV Japan
Foto: AdobeStock

 

 

 

Cada país efetivou suas próprias regras de quarentena para conter a disseminação do novo coronavírus durante as viagens essenciais. A obrigatoriedade de apresentar o teste PCR negativo e de permanecer isolado por alguns dias se tornou procedimento comum em várias nações, como no Reino Unido, no Canadá e também no Japão.

 

No arquipélago nipônico, o governo criou um sistema de controle para garantir o isolamento de acordo com as regras implementadas. As autoridades japonesas apostam no comprometimento do viajante em seguir as determinações à risca. O sistema envolve o preenchimento de um termo de compromisso e downloads de aplicativos para o controle diário de saúde e da localização durante o isolamento.

 

O viajante que chega no país precisa preencher e assinar os formulários, ter os documentos averiguados por várias mãos e provar que está apto a utilizar os aplicativos obrigatórios. Um teste de saliva é realizado na chegada e é preciso esperar algumas horas pelo resultado antes de seguir ao hotel da quarentena.

 

Claudia e o filho Yan no aeroporto de Narita – Foto: Arquivo pessoal

Brasileiros que passaram recentemente pelo processo contaram à Record Japan TV sobre as dificuldades de entender o procedimento. As informações estão disponíveis em japonês e inglês e não há material ou intérpretes de outras línguas. O fato de passar por várias mãos e o período prolongado de exposição no aeroporto geraram inseguranças.

 

Cláudia Kawano, de 32 anos, desembarcou no Aeroporto de Narita em Tóquio no dia 2 de junho com o filho Yan, de 7 anos. Ela conta que a burocracia foi incômoda, confusa e devagar. “A gente fica muito tempo aguardando em uma sala cheia de gente. Temos que preencher um monte de papeis e tudo em japonês ou inglês. O processo deveria ser mais ágil, ainda mais quando se está com criança pequena”, opinou.

 

Os três dias obrigatórios no hotel, onde as refeições são entregues três vezes na porta do quarto, também geraram transtornos pela falta de opções e informações. “Nós não comemos comida japonesa e não tinha nenhum intérprete para ajudar, mesmo com tanto estrangeiro que chega. Ficamos sem as orientações necessárias. A refeições eram geladas e podia pedir comida de fora, mas não sabíamos disto”, contou.

 

 

Refeição servida no hotel da quarentena – Foto: Arquivo pessoal

 

Primeira vez no Japão

 

A brasileira Tamis Kanno, de 27 anos, veio ao Japão pela primeira vez com Melina Yumi, a filha de três anos, depois de obter autorização para reunião familiar com o marido que já vivia no país. Ela chegou no Aeroporto de Narita no dia 6 de junho e também passou por dificuldades por não compreender os idiomas japonês e inglês.

 

“Entrei em diversas salas e tive contato com muitas pessoas. Eles guiam certinho, são bem-educados e isto me deixou menos preocupada. Eles tentavam se comunicar e na maior parte do tempo eu fui entendendo com mimica”, disse.

 

Tamis e a filha Yumi no hotel onde ficou os três dias obrigatórios – Foto: Arquivo pessoal

A burocracia, no entanto, deixou a desejar. Apesar do sistema ser voltado para impedir que o viajante contamine outras pessoas, o procedimento acaba por expor os viajantes uns aos outros. Uma pessoa que esteja com uma variante mais contagiosa, por exemplo, corre o risco de infectar um grupo de pessoas enquanto espera pelo resultado do teste.

 

“Acredito que uma única pessoa conseguiria resolver toda a burocracia. Eles passavam para diversos funcionários verificarem as mesmas coisas e eu não entendi o motivo de tanta sala e pessoas envolvidas. Apesar das máscaras e o álcool gel, acho que aumentou o risco para nós e foi desnecessário”, revelou.

 

Procedimento de chegada

 

Quem está vindo como residente, a negócios ou teve a entrada no país autorizada por razões especiais, deve cumprir os procedimentos de chegada e de quarentena conforme as orientações recebidas no aeroporto.

 

Além dos documentos, o viajante deve apresentar uma cópia do termo de comprometimento assinado e o questionário de saúde distribuído no avião. O comprovante de seguro de saúde e o comprovante do teste PCR negativo de COVID-19, realizado em até 72 horas antes do embarque, também são obrigatórios.

 

O termo pode ser baixado pelo site do Ministério das Relações Exteriores (veja aqui).  O documento faz o usuário se comprometer em cumprir as determinações de quarentena, como a instalação e monitoramento pelos aplicativos obrigatórios.

 

No aeroporto, os usuários são instruídos a baixar um aplicativo de mensagens para fornecer relatórios de saúde durante 14 dias. É preciso ainda instalar o COCOA, um aplicativo do governo japonês que faz o monitoramento de contato com infectados e o aplicativo de mapas do Google, que deve ser configurado para rastrear a localização.

 

Terminados os procedimentos no aeroporto, é necessário esperar algumas horas até obter o resultado do teste realizado na chegada. Se o resultado for negativo, o viajante é encaminhado para o hotel da quarentena e deve ficar três dias no quarto, recebendo as refeições na porta três vezes ao dia.

 

Ao concluir o prazo, o indivíduo deve fazer um novo teste PCR e está liberado para continuar a quarentena em casa até o fim do período de 14 dias. O viajante não pode pegar transporte público para a casa e deve continuar com os monitoramentos de saúde e de localização.

 

Em caso de desrespeito ao procedimento de quarentena ou se o usuário ficar inacessível pelos aplicativos será considerado que o termo de comprometimento foi descumprido. Se isto ocorrer, o estrangeiro poderá ser punido com a perda do visto de residência no Japão.

 

Mais informações

 

Site em japonês e inglês: https://www.mofa.go.jp/mofaj/ca/cp/page25_002003.html