Equipe da Record TV percorreu as três províncias mais afetadas pela tragédia; série de matérias poderá ser vista nos programas jornalísticos da emissora a partir desta segunda
Texto e fotos: A correspondente da Record TV, Silvia Kikuchi, mostra prédio destruído pelo tsunami que ainda não foi demolido / Ewerthon Tobace/Record TV Japan
No dia 11 de março de 2011, exatamente às 14:46, o Japão foi atingido pelo mais forte terremoto já registrado na história do país. O abalo sísmico de 9 graus de magnitude – 7 na escala japonesa, ou seja, o máximo do padrão da Agência de Meteorologia do Japão – fez a terra tremer principalmente na região nordeste do arquipélago. Quase uma hora depois, ondas gigantes, de mais de 15 metros varreram o litoral. Cidades inteiras foram destruídas e as cenas transmitidas pela tevê chocaram o mundo. Para completar o caos, a usina nuclear de Fukushima sofreu danos nos geradores que resfriam os tanques de combustível atômico, causando um dos piores acidentes nucleares da história.
Nesta semana, o Japão relembra os dez anos desta tripla tragédia. Por isso, a equipe de reportagem da Record TV na Ásia percorreu durante uma semana as províncias de Iwate, Miyagi e Fukushima para ver de perto como estão os trabalhos de recuperação da região. A série de reportagens poderá ser vista a partir de 7 de março, no Domigo Espetacular, e depois durante a semana no Jornal da Record e no Fala Brasil. Todos os programas são retransmitidos pela Record TV Japan. Confira mais detalhes e os horários dos programas aqui.
Muralha
Depois de dez anos, muita coisa foi feita, mas ainda há muito trabalho pela frente. Por quase toda a extensão do litoral, canteiros de obras seguem o trabalho incansavelmente. Os bairros destruídos e que ficavam próximos do mar deram lugar a áreas comerciais, hotéis, museus e prédios governamentais. Poucas são as famílias que optaram por reconstruir as casas nos mesmos lugares.
Mas o que mais chama a atenção é a enorme muralha, de cerca de 15 metros de altura, que foi construída próxima ao mar, uma tentativa de conter um futuro tsunami. Ao todo, serão construídos 430 quilômetros de barreiras, com cerca de 80% da obra concluída.
Muitos criticam o que chamam de “A Grande Muralha do Japão”. A paisagem mudou completamente e o mar não pode ser mais visto. Mas especialistas dizem que essa proteção vale a pena, pois ajuda a diminuir a força das ondas gigantes, o que reduz os danos, e serve para a população ganhar tempo para a evacuação.
Em entrevista à agência de notícias AFP, Tomoya Shibayama, professor de engenharia civil e ambiental na Universidade Waseda, disse que mesmo alguns minutos podem ser decisivos em uma situação de evacuação. “Houve muitos momentos (em 2011) em que esses poucos minutos decidiram se as pessoas conseguiriam evacuar ou se seriam apanhadas pelo tsunami”, disse ele.
Outras lições também foram aprendidas, como o aprimoramento de sistemas de alerta, simulações de computador para mapear rotas de evacuação e realocação de comunidades em regiões mais altas ou de fácil deslocamento em caso de urgência. As estradas estão ainda sendo reconstruídas, mas de forma mais planejada.
Para não esquecer da tragédia, foram construídos muitos museus. Praticamente toda cidade ou vila tem um memorial ou local para que as futuras gerações entendam a força de destruição de um forte terremoto e de um tsunami.
Fukushima
A equipe da Record TV também visitou duas cidades que haviam sido evacuadas depois do acidente nuclear na usina Fukushima 1. Futaba e Okuma já foram liberadas, mas os moradores não podem passar a noite lá. Então, o que se vê são cidades fantasmas. Poucas pessoas nas ruas durante o dia. Apenas trabalhadores que tentam recuperar as vias e policiais que fazem a patrulha.
Segundo a Companhia de Energia de Tóquio (Tepco), responsável pela planta nuclear, os trabalhos estão seguindo o cronograma e, em breve, as barreiras de evacuação serão totalmente liberadas. Resta saber se os moradores querem voltar a viver na região.