Brasileiros amantes de futebol falam sobre suas expectativas para a 22ª edição da Copa do Mundo, realizada no Catar, e apontam o Brasil como o principal favorito ao título – em busca de sua sexta taça

 

 

Texto: Gilberto Yoshinaga/Record TV Japan
Brasil busca o sexto título mundial no Catar – Foto: ©Agência Brasil

 

 

 

Uma das Copas do Mundo mais atípicas da história tem início neste domingo (20) – mas, em razão do fuso horário, para quem mora no Japão o jogo de estreia, entre o anfitrião Catar e a seleção do Equador, será realizado à uma da manhã da segunda-feira (21). O palco será o estádio Al Bayt, localizado na cidade de Al Khor.

 

Esta é a 22ª edição da Copa do Mundo e o Brasil, único detentor de cinco títulos mundiais, mantém a escrita de também ser o único país a participar de todas. Dekasseguis que quiserem acompanhar os jogos do Brasil precisarão madrugar. Pelo horário japonês, na primeira fase, o escrete comandado pelo técnico Tite enfrentará a Sérvia às 4h de sexta-feira 25; a Suíça, à 1h de terça-feira 29; e Camarões, às 4h de 3 de dezembro.

 

“A expectativa é grande e vou assistir a todos os jogos do Brasil, com certeza. Aliás, quero ver o máximo de jogos que conseguir e também vou acompanhar e torcer pelo Japão”, afirma Oscar Mazikina, 58, de Tóquio, que é treinador de futsal há 22 anos e ministra diversas atividades com jovens e crianças. “Meu horário de trabalho costuma ser entre a tarde e a noite e, por isso, madrugar não vai ser problema. Mas, mesmo que tivesse de dormir pouco e ir trabalhar com sono, eu também não deixaria de assistir aos jogos.”

 

Oscar Mazikina é treinador de futsal há 22 anos – Foto: Arquivo pessoal/Cedida

Para Mazikina, o Brasil é o principal favorito à conquista do título, mas ele também vê Argentina, França e Bélgica como outros times com boas chances. “Para mim, o campeão vai sair dentre esses quatro, espero que seja o Brasil. O Tite renovou a seleção e conseguiu fazer voltarmos a jogar um futebol alegre, vistoso, que parte para cima”, analisa. “Mas todo o bom retrospecto fica para trás, não entra em campo. O importante é que os jogadores estejam bem neste momento.”

 

 

 

Inspiração e perpetuação

 

Apaixonado por futebol desde os quatro anos, Rodrigo Igi de Freitas, 36, de Toyohashi (Aichi), também está otimista com a seleção brasileira. “Temos tudo para conquistar o hexa. O grupo está bem balanceado entre jogadores experientes e jovens promissores. A defesa está bem organizada e o ataque está muito confiante e com sangue novo”, analisa ele, que também é treinador de futebol – há pouco mais que dois anos, fundou a escolinha Vencedores Academy, que possui cerca de 80 alunos em Toyohashi e Gamagori.

Rodrigo Igi e Alessandro Santos – Foto: Arquivo pessoal/Cedida

No Japão desde 1996, Freitas lembra que em 2002, quando o Brasil conquistou o pentacampeonato, se surpreendeu ao ver Alessandro Santos, brasileiro naturalizado japonês, defender a seleção do Japão na Copa do Mundo. “Inspirado nele, comecei a trilhar meu caminho no futebol e cheguei a jogar na seleção de Toyokawa, onde eu morava, e posteriormente na seleção de Higashi-Mikawa”, orgulha-se. “Mas tive leucemia em 2003 e concluí que, se não havia mais como ser jogador, eu poderia ser técnico de futebol.”

 

O brasileiro, então, fez curso para obter a licença de treinador da JFA, a federação de futebol do Japão, e depois foi fazer estágios em Manchester, na Inglaterra – onde obteve, em 2017, as licenças das federações inglesa (FA) e europeia (UEFA). “Lá, tive a experiência de participar da comissão técnica do Manchester United, onde aprendi muita coisa”, lembra. De volta ao Japão ao final daquele ano, formatou o projeto da escolinha Vencedores Academy, inaugurada em 2020.

Rodrigo Igi e alunos – Foto: Arquivo pessoal/Cedida

Se hoje é referência e inspiração para seus alunos, Freitas, que também é professor do ensino médio na mesma escola japonesa em que estudou, destaca que o futebol pode ser um instrumento de formação social. “Mais que formar jogadores, procuro formar cidadãos, transmitindo valores como respeito, disciplina, educação”, explica. Nessa escalada de perpetuação, recentemente o próprio ex-jogador Alessandro Santos, que o inspirou, ministrou uma atividade especial.

 

Loucuras pela seleção

 

“Para quem já fez as loucuras que eu fiz por causa da seleção brasileira, assistir aos jogos de madrugada vai ser moleza”, brinca o professor de futsal Edvaldo Oshiro, 56, de Oizumi (Gunma). “O máximo que vai acontecer é ter que trabalhar com olheiras no dia seguinte. Mas vale a pena o sacrifício, porque a Copa do Mundo é um evento mágico e só acontece a cada quatro anos.”

 

Edvaldo Oshiro com Roberto Carlos e Denilson em 2002 – Foto: Arquivo pessoal/Cedida

As “loucuras” citadas por Oshiro foram feitas no Japão, em 2002, ano em que o Brasil conquistou seu último título mundial – o pentacampeonato. Primeiro, o fanático por futebol se candidatou como intérprete para assessorar a equipe de uma emissora brasileira. “Quando eles descobriram que eu mal sabia falar japonês, era tarde: eu já estava credenciado, com acesso garantido aos estádios”, diverte-se.

 

O ápice da ousadia de Oshiro ocorreu no estádio de Yokohama, em 30 de junho de 2002, assim que o Brasil sacramentou a vitória de 2 a 0 sobre a Alemanha e confirmou a conquista do penta. “Consegui pegar uma camisa comemorativa exclusiva da seleção e invadir o campo para festejar junto com os jogadores e a comissão técnica”, emociona-se. “Alguns jogadores olhavam para mim como quem se questiona ‘Mas quem é esse cara?’. Mas, no calor das comemorações, ninguém deu bola pelo fato de haver um intruso no meio da festa. Até da rodinha de agradecimento no meio do campo eu participei.”

Edvaldo Oshiro com Ronaldinho Gaucho em 2002 – Foto: Arquivo pessoal/Cedida

 

Mais que isso, Oshiro também passou pelo hotel onde a delegação brasileira estava hospedada e, além de tirar fotos com diversos craques, conseguiu recolher objetos esquecidos por alguns jogadores – sobretudo, peças de roupa. “Posso dizer que, na minha casa, tenho um mini-museu com relíquias do pentacampeonato”, orgulha-se.

 

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Fique ligado

 

A Copa do Mundo do Catar terá 32 países participantes que, na primeira fase, estarão divididos em oito grupos com quatro seleções, cada.

 

• Grupo A: Catar, Equador, Holanda e Senegal

• Grupo B: EUA, Inglaterra, Irã e País de Gales

• Grupo C: Arábia Saudita, Argentina, México e Polônia

• Grupo D: Austrália, DInamarca, França e Tunísia

• Grupo E: Alemanha, Costa Rica, Espanha e Japão

• Grupo F: Bélgica, Canadá, Croácia e Marrocos

• Grupo G: Brasil, Camarões, Sérvia e Suíça

• Grupo H: Coreia do Sul, Gana, Portugal e Uruguai

 

Dois times de cada grupo se classificam para os mata-matas (oitavas-de-final, quartas-de-final e semifinal). A final será realizada em 18 de dezembro, no Estádio Nacional Lusail, com capacidade para 80 mil torcedores.

 

Jogos do Brasil

 

Estes serão os três jogos do Brasil na primeira fase da Copa do Mundo do Catar (pelo horário do Japão)

• 25/11, às 4h: Brasil x Sérvia (Estádio Nacional Lusail)

• 29/11, à 1h: Brasil x Suíça (Estádio Ras Abou Aboud)

• 3/12, às 4h: Brasil x Camarões (Estádio Nacional Lusail)

 

Curiosidades 

 

• A Copa do Mundo do Catar é a mais cara da história. Ao todo, os investimentos giram em torno de US$ 200 bilhões (US$ 6,5 bilhões só na construção de estádios de futebol) 

 

• Tradicionalmente realizada entre os meses de junho e julho, neste ano a Copa foi programada para ocorrer entre novembro e dezembro, período de inverno no Catar – país de altas temperaturas. 

 

• O estádio Ras ABou Aboud, também conhecido como Estádio 974, foi construído com contêineres e módulos de aço e será totalmente desmontado após a realização da competição.

 

• O Catar enfrenta uma enxurrada de críticas com relação a supostas violações aos direitos humanos. Segundo o jornal inglês “The Guardian”, mais de 6,5 mil de pessoas que migraram para o país morreram devido às precárias condições de trabalho nas obras para a Copa.

 

• Nesta edição do torneio, a primeira realizada em um país do Oriente Médio, cada país pôde inscrever até 26 jogadores (até a última edição, o número era restrito a 23). O número de substituições permitidas por partida também subiu de três para cinco.

 

• Esta será a última edição da Copa com 32 participantes. Na próxima edição, a ser realizada em 2026 em três países-sedes (EUA, Canadá e México), a competição contará com 48 participantes. Com isso, o número de jogos subirá dos atuais 64 para 80.

 

• Caso conquiste a taça, o Brasil pode se distanciar na hegemonia mundial, com seis conquistas em Copa do Mundo. A Alemanha, que já conquistou quatro canecos, tem a chance de se igualar ao Brasil neste ranking. A Itália, única outra seleção com quatro títulos, não se classificou para o Mundial do Catar.

 

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