Brasil conta com 11 atletas, sendo um reserva; neste domingo Manex Silva, de 19 anos, será o primeiro atleta do país a competir no esqui cross-country
Texto: Redação/Record TV Japan
Foto: ©Pequim2022/Divulgação
Em 8 de agosto de 2008, o mundo se impressionava com a grandiosidade da Olimpíada de Pequim. Passados 14 anos, a capital chinesa voltou a receber Jogos Olímpicos, mas desta vez os de inverno, e novamente com o impressionante Ninho do Pássaro como protagonista da cerimônia de abertura, realizado na noite de sexta-feira.
Apesar do clima de celebração, a festa de abertura dos Jogos de Inverno não teve representantes diplomáticos dos Estados Unidos, Dinamarca, Austrália, Canadá, Japão e Reino Unido, que fazem boicote ao evento por supostas violações do governo da China aos direitos humanos. Já a Holanda afirma que não esteve presente devido à pandemia. Os atletas desses países, no entanto, estarão nas competições.
Outra ausência nesta edição foi de atletas da Coreia do Norte. O país foi suspenso pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) até o fim de 2022 por não enviar sua delegação aos Jogos de Tóquio, no ano passando, em razão da pandemia.
Os Jogos Olímpicos de Inverno se realizam até o dia 20 de fevereiro, com 2.500 atletas de 91 países competindo em modalidades como curling, hóquei, patinação artística, esqui e snowboard.
O Brasil tem 11 representantes em Pequim: Edson Bindilatti, Edson Martins, Erick Vianna, Rafael Souza e Jefferson Sabino (bobsled); Jaqueline Mourão, Eduarda Ribera e Manex Silva, do esqui cross-country; Nicole Silveira, do skeleton; Michel Macedo, do esqui alpino; e Sabrina Cass, do esqui estilo livre.
Abertura
Realizado no primeiro dia da primavera pelo calendário chinês, o evento começou com uma apresentação de dançarinos acenando com hastes verdes brilhantes para transmitir a vitalidade da temporada, seguida por uma explosão de fogos de artifício brancos e verdes que soletravam a palavra “Primavera”.
Jaqueline Mourão e Edson Bendilatti desfilaram como porta-bandeiras do Brasil na cerimônia de abertura da Olimpíada, representado a delegação nacional com 11 atletas.
Depois disso, a bandeira chinesa foi passada entre 56 pessoas representando diferentes grupos étnicos da China antes que fosse hasteada e o hino nacional executado.
Em um cubo tridimensional semelhante a um bloco de gelo, imagens de cada um dos 23 Jogos de Inverno anteriores foram esculpidas por lasers. O bloco foi então “quebrado” por jogadores de hóquei no gelo, permitindo que os anéis olímpicos surgissem, todos em branco.
O tradicional “desfile das nações” foi iniciado com o anúncio de “Hong Kong, China”, gerando aplausos no estádio.
Dirigido por Zhang Yimou, repetindo a participação nos Jogos de Verão de 2008 em Pequim, o evento contou com 3.000 artistas em um palco composto por 11.600 metros quadrados de tela de LED de alta definição semelhante a uma superfície de gelo.
Brasil
A Olimpíada de Inverno de Pequim começou na quinta-feira (3) para o Brasil com a participação da esquiadora Sabrina Cass, de 19 anos, na primeira prova classificatória de moguls (descida de montanha em velocidade, com dois saltos com acrobacias), no Parque de Neve de Genting, na zona de competição de Zhangjiakou, a cerca de 2h40 de Pequim. Estreia em dose dupla, já que o país nunca havia disputado a modalidade.
A brasileira ficou na 21ª posição, mas volta a esquiar às 19h de hoje (6) em busca da classificação na segunda e última qualificatória: apenas as 10 primeiras colocadas avançam à final.
“Hoje realizei um sonho. Queria vir para os Jogos Olímpicos desde pequena. Sempre sonhei, mas nunca imaginei que isso poderia se tornar realidade. É muito emocionante representar o Brasil nos Jogos. Estou muito feliz por ter chegado até aqui e agradeço a todos que me ajudaram e torceram por mim”, disse Sabrina, que somou 62.20 pontos, em depoimento ao Comitê Olímpico do Brasil (COB).
Na prova de moguls, o esquiador tem que descer a montanha no menor tempo possível e executar dois saltos com acrobacias. A pontuação é atribuída de acordo com a técnica de esqui, as manobras aéreas e o tempo para completar o percurso. Antes de Sabrina Cass, o Brasil só teve um representante no esqui estilo livre: Josi Santos, em Sochi (2014), só que na prova de aéreos. Na época, ela encerrou a participação na 22ª colocação.
Nascida em New Haven (Estados Unidos), Sabrina Cass foi campeã mundial em 2019 na prova de moguls (pista ondulada), quando ainda defendia a bandeira norte-americana. Em novembro passado, a jovem estreou como atleta brasileira no Aberto de Idre Fjall, na Suécia, encerrando a competição em nono lugar.
“Não achei as condições da prova muito ruins. Nasci esquiando em Vermont (EUA) e lá tem muitas pedras de gelo o tempo todo. Então estou acostumada. Quando estou esquiando, não dá pra sentir muito o frio, nem diferença na neve”, completou.
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Hoje também o Brasil estreia no esqui cross-country em Pequim 2022. Manex Silva, de 19 anos, será o primeiro atleta do país a competir na modalidade, que tem representantes brasileiros nos Jogos Olímpicos de Inverno desde Salt Lake 2002. Ele irá estrear na inédita prova de esquiatlo, que combina os dois estilos de esquiar, o clássico e skating, percorrendo uma distância de 15km em cada um. Isso representa quatro voltas no circuito no Centro Nacional de Esqui Cross-Country, em Zhangjiakou.
“É uma prova nova para mim e que vai exigir muito. Vamos fazer os primeiros 15km, trocamos de esquis, botas e bastões e começamos os outros 15km. O meu foco maior é no Sprint, fiz minha primeira prova de 50km ano passado. Mas como ganhei o direito de participar das quatro competições, vou fazer todas”, explicou Manex. Jaqueline Mourão e Eduarda Ribera, as outras representantes do Brasil no esqui cross-country, fazem a primeira competição no próximo dia 8.
Quando diz que ganhou o direito, ele não está exagerando. Pela primeira vez na história, um atleta brasileiro do esqui cross-country conseguiu se classificar para os Jogos Olímpicos com o índice A, abaixo dos 100 pontos FIS. Manex foi, inclusive, o primeiro a conseguir tal feito. Aos 19 anos, ele já tem outras grandes marcar como o top-40 nos Jogos Olímpicos da Juventude, Lausanne 2020, o melhor sul-americano na competição. Apesar das marcas expressivas ainda jovem, Manex sabe que ainda tem uma jornada de evolução pela frente.
“O nível do esqui cross-country no Brasil está cada vez mais elevado, não só pelos meus desempenhos, mas também pelos outros atletas que estão treinando muito e competindo cada vez melhor. Foi muito bom ter um adversário como o Steve (Hiestand) na busca pela vaga em Pequim 2022. Apesar de não termos nos visto muito durante a temporada porque participamos de competições diferente, a verdade é que ter um bom adversário te motiva mais a alcançar o objetivo”, disse o atleta, que está em Pequim 2022 acompanhado pelo seu técnico, Julen Garjon.
Em termos de posição final, os melhores resultados do Brasil na modalidade são de Franziska Becskehazy, nos 10km, e Alexandre Penna, nos 50km, ambos em 57º em Salt Lake 2002. Mas como o número de atletas era menor em 2002, é preciso analisar os pontos FIS. Nesse caso, os melhores desempenhos, no Distance, são de Jaqueline Mourão e Leandro Ribela em Vancouver 2010 com 172,88 e 238,02, respectivamente. Os dois também possuem a melhor pontuação no Sprint, ambas em Sochi 2014, com 242,73 para Mourão e 303,93 para Ribela.
“Para mim, estar em Pequim 2022 é uma etapa do meu processo de desenvolvimento, ainda tenho muito trabalho por fazer. Sei que sou muito novo e ainda não estou no nível dos melhores, mas acredito que com muita dedicação, foco e treino, chegarei a um patamar mais alto daqui a alguns anos”, comentou.
Nada mal pra quem se habituou ao frio e à neve, tendo saído do coração da Floresta Amazônica. As lembranças de Manex da sua terra natal são bem diferentes do que ele está vivendo e o que vai enfrentar em sua carreira como atleta.
“Eu voltei a Rio Branco algumas vezes, mas já faz algum tempo. Quando eu era menor, sempre ia lá a cada dois ou três anos. Lembro muito dos meus parentes que moram lá e também que faz muito calor”.
Pequim 2022 é a nona participação brasileira em Jogos de Inverno, iniciada em Albertville 1992. No total, até Pequim, 35 atletas do Brasil, sendo dez mulheres, em oito esportes (esqui alpino, bobsled, esqui cross country, luge, snowboard, biatlo, esqui estilo livre e patinação artística), participaram da competição.
Delegação brasileira
Bobslead
Edson Bindilatti
Edson Martins
Erick Vianna
Rafael Souza
Jefferson Sabino (reserva)
Esqui cross-country
Jaqueline Mourão
Eduarda Ribera
Manex Silva
Skeleton
Nicole Silveira
Esqui alpino
Michel Macedo
Esqui estilo livre (moglus)
Sabrina Cass