Modalidade é voltada a atletas com grau severo de comprometimento físico-motor, oriundo de uma paralisia cerebral elevada ou lesões medulares
Texto: Lincoln Chaves/Agência Brasil
Foto: ©Matsui Mikihito/CPB
A bocha paralímpica é praticada por atletas com grau severo de comprometimento físico-motor, oriundo de uma paralisia cerebral elevada ou lesões medulares. A modalidade, de origem italiana e adaptada a pessoas com deficiência a partir da década de 1970, entrou para os Jogos em 1984, em Nova York (Estados Unidos), substituindo um esporte semelhante, praticado na grama, chamado lawn bowls, que integrou o programa nas edições entre 1968 e 1980.
O objetivo da bocha é lançar bolas coloridas (vermelhas ou azuis) em direção a uma branca, idêntica em tamanho e peso (280 gramas), de nome jack, em uma quadra de 12,5 metros de comprimento por seis metros de largura. O atleta que deixar a esfera mais próxima da branca ao final da rodada soma um ponto, aumentando a pontuação a cada outra bola que estiver mais perto da jack que as do adversário.
As disputas individuais e em pares têm quatro rodadas. Na competição por equipes, são seis. Cada lado (atleta, par ou equipe) lança seis bolas por rodada. Vence quem faz mais pontos ao longo da partida.
A bocha é mista, ou seja, homens e mulheres não são divididos por gênero. A separação se dá por classes, conforme a deficiência físico-motora. As três primeiras são para competidores com paralisia cerebral. A BC1 reúne atletas que jogam com mãos ou pés, podendo ter um auxiliar que lhes entregue as bolas, diferente da BC2, em que não é permitida ajuda.
Na BC3 estão aqueles de maior comprometimento, que utilizam o apoio de uma calha para direcionarem as esferas e de um auxiliar sem deficiência (calheiro). Para lançar as bolas por meio da calha, os jogadores podem usar instrumentos específicos, como uma agulha acoplada a um capacete. A quarta classe é a BC4, onde competem os atletas com quadros severos de origem não cerebral, como lesionados medulares. Assim como na BC2, eles não recebem auxílio.
As primeiras medalhas paralímpicas do Brasil na bocha vieram nos Jogos de Pequim (China), em 2008. Maior nome do país na modalidade, Dirceu José Pinto, que faleceu no ano passado, foi o protagonista, com dois ouros, sendo um no individual e um nos pares, ao lado de Eliseu dos Santos (bronze no individual), ambos na classe BC4. Quatro anos depois, em Londres (Inglaterra), os brasileiros conquistaram três ouros e um bronze. Dirceu e Eliseu repetiram o desempenho de Pequim, enquanto Maciel Sousa foi o campeão da classe BC2.
Na Paralimpíada do Rio de Janeiro, a bocha brasileira foi duas vezes ao pódio, ambas nos torneios por equipes. Na classe BC4, Dirceu, Eliseu e Marcelo dos Santos foram medalhistas de prata. Na BC3, Evelyn Oliveira, Evani Calado e Antônio Leme, o Tó, levaram o ouro em uma final marcada pela celebração entre Tó e Fernando Leme, irmão e calheiro do atleta, que se abraçaram, emocionados, no chão da Arena Carioca 2.
Em Tóquio, o Brasil terá 11 atletas, um recorde do país na modalidade. Guilherme Moraes, Andreza de Oliveira e José Carlos Chagas serão os competidores na classe BC1. Além do campeão paralímpico Maciel, o país será representado na BC2 por Natalí Faria. Evelyn e Evani, dupla de ouro na Rio 2016, terão a companhia de Mateus Carvalho na BC3. Por fim, na BC4, Ercileide da Silva será a novidade ao lado dos medalhistas Eliseu e Marcelo.
A bocha será disputada no Centro de Ginástica de Ariake, a partir de 9h30 (horário local) do próximo dia 28 de agosto. Os torneios seguem até 4 de setembro, penúltimo dia da Paralimpíada.