O texto dos especialistas afirma que “as regras do jogo não foram estabelecidas com base em análises de risco feitas com rigor científico”

 

 

Texto: Redação/Record TV Japan
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Cresce a cada dia as vozes contra a realização da Olimpíada de Tóquio, que tem abertura marcada para o dia 23 de julho. Esta semana, um dos maiores jornais japoneses, o Asahi, se posicionou a favor do cancelamento. Especialistas também estão apreensivos. Um artigo publicado no Jornal de Medicina de New England na terça-feira (25) vem repercutindo fortemente. No texto, quatro estudiosos americanos de saúde pública pedem que os protocolos contra a covid-19 durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio sejam revisados.

 

Um dos experts é diretor da Universidade de Minnesota, professor Michael Osterholm, que fez parte do conselho consultivo sobre a Covid-19 na transição do governo do presidente Joe Biden. O artigo escrito por ele e mais três colegas critica o documento chamado “Regras do Jogo: Tóquio 2020”, que define as regras contra o coronavírus para os participantes dos Jogos. As diretrizes foram desenvolvidas em conjunto pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), pelo Comitê Paralímpico Internacional e pelo comitê organizador dos Jogos de Tóquio.

 

A versão final do livreto com as regras para Tóquio 2020 está prevista para ser publicada no mês que vem. O texto dos especialistas afirma que “as regras do jogo não foram estabelecidas com base em análises de risco feitas com rigor científico”. Eles dizem que “o COI pretende oferecer a cada atleta um smartphone equipado obrigatoriamente com aplicativos de rastreamento de contato e de relatórios de saúde”. Mas alertam que “pouquíssimos atletas olímpicos vão competir carregando telefones celulares”.

 

Segundo uma matéria publicada pela NHK, o artigo ressalta que as regras deveriam classificar os eventos, considerando se as competições ocorrem em ambientes fechados ou abertos e, também, se exigem contato próximo.

 

Novas variantes

 

Outro especialista, o médico Naoto Ueyama, presidente do Sindicato dos Médicos do Japão, disse esta semana em uma coletiva de imprensa que a Olimpíada de Tóquio pode ajudar a disseminar novas variantes do coronavírus. “Desde o surgimento da covid-19, não houve uma reunião tão perigosa de pessoas em um só lugar de tantos lugares diferentes ao redor do mundo”, lembrou. “Acho que a chave aqui é se uma nova cepa mutante do vírus surgisse como resultado disso, as Olimpíadas”, disse ele.

 

O British Medical Journal no mês passado, em um editorial, também pediu aos organizadores que “reconsiderassem” a realização das Olimpíadas no meio de uma pandemia.

 

Ueyama disse que cepas do vírus encontradas na Grã-Bretanha, Brasil, Índia e África do Sul poderiam encontrar seu caminho para Tóquio. Ele repetiu que o teste de PCR e as vacinas não são infalíveis.