Depois de ser adiada por um ano, revezamento inclui as 47 províncias japonesas; chegada da chama olímpica será dia 23 de julho na abertura dos Jogos Olímpicos
Texto e foto: Ewerthon Tobace/Record TV Japan
Uma grande festa estava preparada, cheio de gente, shows, queima de fogos, celebridades, atletas e convidados. No entanto, tudo foi deixado de lado e, de forma simples e rápida, sem público, foi dada a largada hoje (25) ao revezamento da tocha olímpica pelo Japão. A abertura foi no moderno complexo esportivo J-Village, em Fukushima, que ganhou reforço policial e procedimentos rígidos de segurança para evitar o maior medo dos organizadores dos Jogos Olímpicos: a disseminação do coronavírus.
A jornada da tocha durará exatos 121 dias e terminará em Tóquio, dia 23 de julho, quando a chama olímpica chegará no Estádio Nacional, durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio.
A escolha de Fukushima não foi por acaso. A província foi duramente afetada pelo terremoto e tsunami de março de 2011, mas acabou sendo foco das atenções no mundo mesmo por causa do acidente nuclear na Usina Fukushima Daiichi.
“A tocha de Tóquio 2020 se tornará uma luz brilhante de esperança para os cidadãos japoneses e cidadãos do mundo e uma luz no fim do túnel”, disse Seiko Hashimoto, presidente do comitê organizador local e também ex-atleta olímpica.
O primeiro-ministro Yoshihide Suga não participou da cerimônia, mas, em Tóquio, deu uma declaração animada aos jornalistas. “O revezamento da tocha olímpica a partir de hoje é uma oportunidade valiosa para as pessoas terem uma noção real dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos que se aproximam”, disse.
Cerimônia
A primeira corredora com a tocha foi a jogadora Azusa Iwashimi, da seleção japonesa de futebol que conquistou a Copa do Mundo Feminina em 2011. Ela estava cercada por outras 14 atletas e pelo técnico Norio Sasaki. “Fiquei feliz de ser a primeira a carregar a tocha e senti o peso da responsabilidade, de fazer com que a chama seja realmente uma esperança para os moradores da região nordeste e que eles possam retomar a vida completamente em breve”, comentou.
Os organizadores locais e o Comitê Olímpico Internacional esperam que o revezamento gere a opinião pública no Japão a favor das Olimpíadas. Os sentimentos expressos nas pesquisas no Japão até agora são esmagadoramente negativos, com cerca de 80% sugerindo outro atraso ou cancelamento.
Há pouco foi anunciado que os fãs do exterior serão proibidos de participar do evento no Japão. Além disso, a maioria dos voluntários que vinham de fora também foram descartados.
O revezamento é, portanto, um prelúdio para as dificuldades que os Jogos Olímpicos e Paralímpicos apresentarão com a chegada de mais de 15 mil esportistas, sem contar oficiais, juízes, VIPs, mídia e locutores. Os atletas serão mantidos em uma atmosfera de “bolha” em Tóquio e serão limitados à Vila Olímpica, aos locais de competição e áreas de treinamento.
Fukushima
A Record TV Japan acompanhou de perto a cerimônia da tocha e conversou com moradores e participantes do revezamento.
Os moradores foram instruídos a se distanciarem ao longo da estrada conforme a tocha passava, e eles deveriam evitar gritar e bater palmas. Os organizadores disseram que irão parar ou redirecionar o revezamento se o congestionamento se tornar um problema durante o desfile de quatro meses.
Shoko Watanabe estava eufórica com a missão de carregar, por alguns metros, a tocha. “Ela é pesada!”, dizia, enquanto moradores da cidade de Namie a incentivavam. “Carrego comigo todos os moradores”, disse a funcionária pública.
Hidezou Satou, de 76 anos, estava feliz com a pequena festa. Ele foi o primeiro morador a retornar à cidade, que ficou fechada por seis anos depois do acidente nuclear de Fukushima. “Aqui é o meu lar e tenho de ajudar na reconstrução dela”, disse. “A tocha traz uma luz de esperança e nos mostra o caminho que temos de seguir”, completa.