Missão brasileira tem como objetivo conhecer os principais modelos de tecnologia 5G no mundo para implantar no Brasil
Texto e foto: Ewerthon Tobace/Record TV Japan
Foi para conhecer a tecnologia 5G desenvolvida por duas empresas japonesas que a missão brasileira, liderada pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, esteve no Japão hoje (9). O grupo chegou na segunda-feira (8), vindo da Europa, onde conheceu as gigantes Nokia, na Finlândia, e Ericsson, na Suécia. Hoje mesmo a comitiva embarcou para a China, país em que tem marcada reunião com uma das maiores fornecedoras mundiais da tecnologia 5G, a Huawei.
Pela manhã, parte da comitiva foi à sede da NEC ver o que uma das principais parceiras comerciais do Brasil tem de inovador no chamado serviço de internet das coisas (IOT, na sigla em inglês). Outro grupo se reuniu com membros do Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão. “Esta é uma viagem para nossa comissão conhecer as tecnologias disponíveis no mercado hoje. Não estamos decidindo nada ainda”, disse o ministro à Record TV Japan.
Na sequência, Fábio Faria se encontrou com membros do Ministério dos Assuntos Internos e Comunicações, e depois foi conhecer a Fujitsu, que também desenvolve tecnologia 5G. “Está sendo muito proveitoso, pois estamos conseguindo ver de perto as diferenças entre as tecnologias e entender o que o Brasil precisa”, falou. “A única cidade que não visitamos foi Seul, na Coreia do Sul, devido às condições sanitárias impostas pelo governo local por causa da pandemia de Covid-19”, lamentou.
O leilão de tecnologia 5G no Brasil está previsto para ser realizado ainda no 1º semestre deste ano. A oferta deve atrair investidores de todo o mundo. “5G é uma nova ferramenta que vai trazer novas empresas, tecnologias e profissões”, garantiu o ministro, que não quis comentar o possível impedimento das empresas chinesas de participar do leilão. “Não trato desse assunto. O nosso trabalho é buscar informações acerca das empresas e tecnologias, e levá-las para o governo. Existem outras partes do governo que tratam desses assuntos”, disse.
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Entre as empresas do setor, a chinesa Huawei desponta como uma das principais fornecedoras de equipamentos paras operadores de telecomunicações que devem disputar o leilão. O grupo chinês disputa o mercado internacional com tecnologia dos Estados Unidos (EUA) e da Europa e chegou a ter suas operações restringidas no país norte-americano, no ano retrasado, após uma ordem do presidente Donald Trump, que alegou ameaça à segurança nacional, por supostos dispositivos de vigilância embutidos nos aparelhos da empresa.
Rapidez
A tecnologia 5G de internet móvel, em sua máxima potência, deverá oferecer altíssimas velocidades de internet no Brasil, além de maior confiabilidade e disponibilidade. Essa tecnologia terá também capacidade para conectar massivamente um número significativo de aparelhos ao mesmo tempo. Isso representará uma revolução para diversos setores, desde logística à agricultura, passando pela indústria e pelo planejamento urbano.
O leilão do 5G no Brasil abarcará as seguintes faixas de radiofrequência: 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz. São por meio dessas tecnologias que os dados serão transmitidos em ultravelocidade dos celulares e aparelhos em geral para as torres de comunicação.
Considerada a “banda de ouro” por especialistas, o 3,5 GHz deve ser o espectro mais cobiçado entre eles. A licitação dessa faixa será ofertada de forma nacional e regional. Para corrigir distorções, o leilão foi estruturado em forma de “blocos“. Por exemplo, a empresa que ganhar a operação em São Paulo terá que atender também a região Norte, com áreas menos rentáveis.
A expectativa de especialistas e do mercado é de que a oferta do 5G no Brasil seja a maior do mundo. Por causa da pandemia, o leilão – que estava previsto para acontecer no 1º semestre de 2020 – teve de ser adiado. O valor também ainda não foi definido.
Processo licitatório
O ministro Fábio Faria garantiu que o Brasil está pronto para realizar o processo licitatório. “Estamos finalizando a primeira fase e conseguiremos antecipar bastante o tempo para realizar o leilão”, disse. Foi justamente para apressar o processo de avaliação do edital das radiofrequências do 5G que o Tribunal de Contas da União (TCU) faz parte da comitiva. O órgão está empenhado em avaliar todo o processo licitatório em 60 dias.
“O TCU tem 150 dias para apreciar e retornar o processo para a Anatel. Visto que já temos alguns pontos adiantados e a Anatel já se disponibilizou para sanar algumas dúvidas pertinentes ao processo. O TCU já me informou que podemos reduzir de 150 para 60 dias, economizando 90 dias para adiantarmos o leilão do 5G”, destacou o ministro Fábio Faria.