Em dezembro de 2019, motoristas ficaram mais de dois dias parados em um congestionamento; a região do Mar do Japão ficou em alerta para mais nevascas, avalanches e deslizamentos de neve

 

Texto: Redação/Record TV Japan
Foto: AdobeStock

 

 

Foto: Reprodução/NHK World
Fila de carros presos na via expressa em Niigata

Uma forte massa de ar frio cobriu o arquipélago japonês, em conjunto com um padrão atmosférico típico desta estação, trouxe uma forte nevasca para a região do Mar do Japão. A quantidade inesperada de neve causou um congestionamento na via expressa Kanetsu, que conecta Tóquio e a província de Niigata, e mais de 2 mil carros ficaram presos por dois dias, o que obrigou a Força de Autodefesa do Japão a agir e ajudar na remoção dos carros, entrega de alimentos, água e gasolina. Pelo menos três pessoas foram levadas a hospitais com hipotermia.

 

Rodovia parada

 

Segundo a agência de notícias Kyodo, cerca de 650 veículos continuavam presos na pista com destino a Tóquio. “Quase não dormi e fiquei preocupado porque não tinha absolutamente nenhuma informação (sobre a situação)”, disse um homem de 48 anos que dirigia da província de Niigata para sua casa perto da capital. 

 

De acordo com a polícia, a fila de carros chegou a 16 quilômetros. Muitas pessoas ficaram dezenas de horas sem comida ou água e a mídia local contou a história de algumas delas, que foram forçadas a permanecer em seus veículos durante a noite. 

 

Como sobreviver 

 

A situação de congestionamento em meio a uma nevasca levou internautas a buscar informação sobre cuidados e o que fazer nestes casos. Embora haja evidências de que o calor extremo afeta as habilidades cognitivas das pessoas, é menos claro o que o frio extremo pode fazer com a mente humana.

 

Um estudo feito no Reino Unido mostrou que pessoas que chegaram muito perto da hipotermia (com temperatura corporal a 35,5°C) não sofreram nenhum declínio na função cognitiva. Para os estudiosos, isto significa que o nosso cérebro lida muito melhor com o frio do que com o calor extremo. Isso acontece porque as estratégias de sobrevivência do nosso organismo se concentram em manter nossos órgãos vitais funcionando às custas de outras partes do corpo consideradas menos essenciais. E o mais importante de todos, claro, é o cérebro.

 

Justamente por isso, nosso corpo, em situação de extremo frio, reduz o fluxo sanguíneo das mãos e pés. O processo é chamado de vasoconstrição. Isto acontece porque nosso organismo quer preservar a temperatura corporal. Sabe-se também que o tecido humano congela em temperatura de -0,5ºC. Então, à medida que o fluido em nossos tecidos começa a congelar, as paredes celulares se rompem, podendo levar à morte das células.

 

Segundo especialistas, para qualquer pessoa em situação de sobrevivência, há três frentes de defesa que protegem contra o frio: roupas ou equipamentos são a primeira linha de defesa, abrigo é a segunda, e a terceira é o fogo. “As pessoas pulam direto para o fogo, o que é um erro. Se não tiverem sucesso, morrem tentando iniciar um incêndio”, alerta Jessie Krebs, ex-instrutora de treinamento do programa Sobrevivência, Evasão, Resistência e Fuga (Sere) da Força Aérea dos EUA, em um programa da rede inglesa BBC.

Foto: Reprodução/Agência de Meteorologia do Japão
Agência de meteorologia emitiu alertas de nevasca e ventos fortes para este fim de semana

A situação descrita acima é para casos extremos, de isolamento em um ambiente muito frio. Mas reunimos aqui algumas dicas e conselhos de especialistas para quem ficar preso em um congestionamento, como o desta semana em Niigata. 

 

1. Combustível – A primeira coisa é verificar o nível de combustível. Não saia de casa se o tanque não estiver cheio ou quase cheio. Isto porque, em caso de ficar preso em um congestionamento, por exemplo, precisará disso para se manter aquecido e para evitar que o tanque congele e que a bateria falhe, bem como para poder deixar o local quando tudo estiver melhor.

 

2. Manutenção do carro – É sempre muito importante manter o carro em bom funcionamento e, para isso, fazer uma checagem constante do veículo, independente da época do ano. Mas no inverno, certifique-se principalmente de que os pneus estão cheios (se não tiver os pneus adequados, ter sempre as acessórios, como as correntes), os freios e a bateria estão funcionando bem, os fluidos do parabrisa não precisam ser trocados, se todos os faróis funcionam e que o óleo do motor está novo. Temperaturas negativas podem afetar bastante a parte mecânica e o desempenho do veículo. 

 

3. Escapamento – Esta talvez seja a dica mais importante de todas. Fique atento ao acúmulo de neve em volta do carro. Caso o escapamento seja bloqueado, é preciso retirar a neve urgentemente. Se entrar dentro do cano, é preciso limpar. Se tiver de fazê-lo, desligue o veículo antes. O carro com o escapamento entupido poderá ficar cheio de monóxido de carbono, um produto venenoso e que pode matar silenciosamente. O envenenamento por monóxido de carbono pode deixar as pessoas doentes e levar à morte após períodos longos ou até mesmo curtos (mas intensos) de exposição. Os principais sintomas são a náusea, as dores de cabeça e as vertigens. Desligue o motor, vista luvas e “escave” o máximo possível da neve. Se não tiver luvas, use um galho ou algo semelhante.

 

4. Mantenha-se aquecido – Durante uma nevasca, quando as temperaturas estão abaixo de zero, uma pessoa só consegue sobreviver por três horas sem se proteger do vento e da umidade. Então, o melhor é ficar dentro do carro e tentar manter a temperatura corporal. Roupas e mantas ajudam. Lembrando que a hipotermia, que só requer uma queda de temperatura de 2-3 graus do corpo, é a principal causa de morte em decorrência de exposição a situações assim. O primeiro efeito é a incapacidade de a pessoa pensar com eficiência. Caso more em regiões muito frias, deixe sempre no carro mantas e roupas extras, como meias de lã e luvas. Garrafas de água e alimentos não perecíveis também são importantes ter sempre.

 

 

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