Entrega das insígnias foi realizada na residência oficial do embaixador do Brasil no Japão, seguindo as normas de segurança para contenção da disseminação do coronavírus
Texto e fotos: Ewerthon Tobace/Record TV Japan
Em uma cerimônia simples e rápida, o ex-primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, e o atual vice-primeiro-ministro, Taro Aso, foram condecorados com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, grau de Grã-Cruz. A entrega das insígnias foi realizada nesta terça-feira (15), na residência oficial do embaixador do Brasil no Japão, Eduardo Saboia. “A homenagem simboliza nossa amizade e nosso desejo de tornar esses vínculos ainda mais fortes”, disse o diplomata.
“O Brasil é um país distante geograficamente, mas muito próximo dos nossos corações e um importante parceiro”, disse Abe em seu discurso de agradecimento, ao contar que levou 23 horas de viagem para chegar ao Rio de Janeiro, onde participou do encerramento dos Jogos Olímpicos de 2014, fantasiado de Mario, do game Super Mario Bros.
“A homenagem simboliza nossa amizade e nosso desejo de tornar esses vínculos ainda mais fortes”
“No Brasil, todos gostamos do Japão; gostamos da cultura e das tradições”, comentou Saboia, ao lembrar da aparição inesperada de Abe nos Jogos do Rio de Janeiro. “Os jovens brasileiros reconheceram imediatamente o Super Mario, mas também nos inspiramos no exemplo do sucesso japonês baseado no trabalho e na perseverança.”
A cerimônia foi acompanhada por alguns jornalistas, diplomatas e políticos japoneses. Não houve entrevistas ou declarações. Mas Saboia conversou exclusivamente com a Record TV Japan e explicou que os dois homenageados foram escolhidos porque trabalharam muito para a relação Brasil-Japão. “O ex-primeiro-ministro Abe esteve no Brasil no passado e se encontrou em três oportunidades com o nosso presidente, Jair Bolsonaro. É um dos líderes mundiais mais respeitados”, descreveu.
Já Taro Aso morou no Brasil e ele preside a Liga Parlamentar de Amizade Brasil-Japão. O atual vice-primeiro-ministro é também o ministro das Finanças do país. “Aso é uma das pessoas que mais conhece o Brasil. É uma amizade muito especial”, disse o embaixador. Ele lembrou que foi Aso quem inaugurou a primeira Japan House no mundo, na cidade de São Paulo, em maio de 2017. “Foi um presente valioso aos brasileiros e um sinal da importância do Brasil para o Japão”, ressaltou.
O embaixador Saboia disse ainda que Abe e Aso são exemplos para todos nós. “Eles foram fundamentais para fortalecer a liderança econômica e política do Japão e ambos sempre defenderam medidas importantes de estímulo fiscal para enfrentar as crises globais”, justificou.
As homenagens acontecem em um ano especial para as relações entre os dois países. “Os 30 anos dos brasileiros no Japão são um momento importante da nossa história com o Japão, mas também estamos celebrando 125 anos de relações diplomáticas entre os dois países”, contou Saboia.
Por causa da pandemia de coronavírus, a cerimônia foi bastante rigorosa e foram observadas as atuais recomendações de segurança para a contenção da epidemia, como monitoramento de temperatura na entrada, higienização das mãos, uso contínuo de máscaras, e distanciamento social. O único momento mais “descontraído” foi na hora da foto oficial, em que todos tiraram a máscara de proteção.
A homenagem
A Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul (ONCS) originou-se da extinta Ordem Imperial do Cruzeiro, instituída por Decreto de 1º de dezembro de 1822 de D. Pedro I, para assinalar de modo solene a sua Aclamação, Sagração e Coroação como Imperador Constitucional do Brasil e seu Defensor Perpétuo e em alusão à posição geográfica do país, sob a Constelação do Cruzeiro e também em memória do nome – Terra de Santa Cruz – dado ao Brasil por ocasião de seu descobrimento.
A Ordem Imperial do Cruzeiro foi abolida pela Constituição de 24 de fevereiro de 1891 e restabelecida, com sua nova denominação, pelo Decreto 22.165, de 5 de dezembro de 1932, do Presidente Getúlio Vargas.
Enquanto a Ordem Imperial do Cruzeiro se destinava a dignitários brasileiros e estrangeiros, a ONCS ficou restringida a personalidades estrangeiras. Sua concessão dá-se por decreto presidencial, configurando-se em ato de relações exteriores.
Já receberam a homenagem do Brasil personalidades como o revolucionário líder argentino-cubano Ernesto Che Guevara, o político peruano Alberto Fujimori, o astronauta soviético Yuri Gagarin, a Rainha Elizabeth e o ex-piloto de Fórmula 1 Alain Prost.