Ídolo do futebol mundial se recuperava de uma cirurgia no último dia 4; o ex-jogador sofreu um ataque cardiorrespiratório em casa, na cidade de Tigre

 

Texto: Lincoln Chaves/Agência Brasil
Foto: Vinod Divakaran/Creative Commons/Divulgação

 

O mundo do futebol está de luto pela morte de Diego Armando Maradona. Um dos maiores jogadores de todos os tempos, o argentino faleceu nesta quarta-feira, aos 60 anos, devido a um ataque cardiorrespiratório.

 

As diferentes redes sociais foram tomadas por homenagens ao ídolo. O ex-atacante Careca – que Maradona revelou ser o melhor companheiro de ataque que já teve – recordou a parceria entre eles no Napoli, da Itália, e a amizade entre eles, chamando o argentino de “irmão”.

 

Time onde Maradona mais brilhou no futebol europeu, o Napoli mudou a foto dos perfis nas redes sociais para um escudo na cor preta, sem o tradicional azul, em sinal de luto. Em uma das postagens ao destinadas ao craque, o clube disse que “o mundo aguarda nossas palavras, mas não há palavras para descrever a dor que estamos passando. É o momento de lamentar”. A conta oficial do Napoli no Twitter vem replicando desde cedo todas as homenagens prestadas por clubes europeus – Liverpool, Bayern de Munique, Barcelona e Milan, entre outros – e também de times brasileiros.

 

O argentino é idolatrado em Nápoles de tal forma que o prefeito local, Luigi de Magistris, pretende mudar o nome do estádio municipal, chamado San Paolo, para Diego Armando Maradona. Vestindo a camisa do Napoli entre 1984 e 1990, o ex-jogador foi bicampeão italiano e venceu também a Copa e a Supercopa da Itália, além da Copa da Uefa.

 

“Diego fez nosso povo sonhar. Ele resgatou Nápoles com sua genialidade. Em 2017, tornou-se cidadão honorário. Diego, napolitano e argentino, você nos deu alegria e felicidade”, escreveu Magistris, no Twitter.

 

Companheiros de Maradona na seleção argentina, como os ex-atacantes Gabriel Batistuta e Claudio Cannigia, também lamentaram o falecimento do ídolo pelas redes sociais. Em depoimento à agência de notícias Reuters, o ex-técnico César Luis Menotti disse estar “destruído” com a morte do craque. “Não tenho nenhuma explicação, muita dor. Não há opinião que sirva diante disso, não tenho cabeça”, declarou Menotti.

 

O atacante Lionel Messi, comandado por Maradona quando o astro dirigiu a seleção argentina, na Copa de 2010, foi outro a se manifestar. No Instagram, o camisa 10 do Barcelona, da Espanha, escreveu que o ídolo “nos deixa, mas não se vai, porque Diego é eterno”.

 

O falecimento de Maradona não comoveu somente aqueles que conviveram ativamente com ele. Atacante da Juventus, da Itália, o português Cristiano Ronaldo disse, pelo Instagram, que se despedia de um “amigo” e que o mundo dava adeus a um “gênio eterno” e a um “mágico inigualável”, que não será esquecido. “Parte demasiado cedo, mas deixa um legado sem limites e um vazio que jamais será preenchido. Descansa em paz, craque”, comentou o camisa 7.

 

Pelo Twitter, o francês Kylian Mbappé afirmou que a “lenda” Maradona permanecerá “para sempre” na história do futebol. “Obrigado pelo prazer que você deu a todo o mundo”, escreveu o atacante do Paris Saint-Germain, da França. Ele concluiu a postagem lamentando o difícil ano de 2020, marcado por perdas e pela pandemia do novo coronavírus (covid-19).

 

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) também publicou homenagem ao ídolo argentino no Twitter.

 

 

Além de personalidades do futebol, clubes e entidades também se manifestaram nas redes sociais. Em seu perfil oficial no Twitter, a Fifa publicou uma mensagem do presidente Gianni Infantino: “É um dia inacreditavelmente triste. Nosso Diego nos deixou. Nossos corações – e os dos que o amavam por quem ele era e o que representava – pararam por um momento. Descanse em paz, querido Diego. Te amamos”.

 

 

Fora do futebol, Maradona também promoveu reações. Atletas de outras modalidades demonstraram admiração pelo argentino, como o judoca francês Teddy Riner, o ex-velocista jamaicano Usain Bolt e o norte-americano ex-jogador de basquete Magic Johnson. Pelo Instagram, o heptacampeão mundial de Fórmula 1 Lewis Hamilton publicou nos stories a mensagem “Descanse em paz Maradona”. Já o cartunista Maurício de Souza recordou, em uma sequência de postagens no Twitter, o projeto que tinha feito de reproduzir a vida do craque em história em quadrinhos – e que teve teve participação do próprio ídolo – mas que acabou não avançando.

 

 

Ataque cardíaco

 

Segundo a Télam, agência pública de notícias da Argentina, o ex-jogador sofreu um ataque cardiorrespiratório em casa, na cidade de Tigre, zona norte da região metropolitana da capital Buenos Aires.

 

No início de novembro, Maradona foi submetido a uma cirurgia no cérebro para drenar um hematoma subdural. Por decisão da família, permaneceu hospitalizado devido a uma “baixa anímica, anemia e desidratação” e um quadro de abstinência devido ao vício em álcool, conforme informes médicos. Ele teve, inclusive, que ficar sedado. O ídolo argentino recebeu alta no último dia 11 para continuar a recuperação em casa.

 

 

Considerado o maior nome da história do futebol argentino, Maradona foi o grande nome da conquista albiceleste na Copa do Mundo de 1986. Na ocasião, ficou marcado por um gol de mão – que ele próprio apelidou de “Mano de Dios” (mão de Deus) – contra a Inglaterra e por outro, na mesma partida, que é considerado o mais bonito da história dos Mundiais, em que driblou quase todo o time inglês antes de balançar as redes.

 

Ele também brilhou vestindo, principalmente as camisas de Barcelona (Espanha), Napoli (Itália) – onde é venerado – e do Boca Juniors (Argentina), time do coração. Chegou a dirigir a seleção do país na Copa de 2010, sendo eliminado nas quartas de final pela Alemanha.

 

Fora de campo, no entanto, o ex-jogador acumulou problemas com drogas. Em 1991, Maradona foi suspenso por 15 meses por uso de cocaína. Três anos depois, na Copa do Mundo de 1994, o ídolo foi pego no doping por uso de efedrina, chegando inclusive a sair de campo, durante uma partida acompanhado por uma enfermeira. No início dos anos 2000, após ingerir um coquetel de remédios, o ex-atleta entrou em coma e esteve perto da morte.

 

O ex-jogador e atual senador Romário lamentou a morte do craque argentino em uma sequência de mensagens publicadas no Twitter.

 

 

Pelé também prestou homenagem ao craque argentino: “Noticia triste, perder amigos dessa maneira. Que Deus dê bastante força para a familia. Com certeza um dia vamos bater uma bola juntos lá no céu”, disse o ídolo brasileiro, de 80 anos, em declaração passada à agência de notícias por sua assessoria de imprensa.

 

 

;

 

Maradona era técnico do Gimnasia Y Esgrima, de La Plata (Argentina), mas estava afastado devido ao tratamento de saúde. Ele deixa dois filhos (Diego e Diego Fernando) e três filhas (Dalma, Gianinna, Jana).