Primeiro-ministro japonês pede atenção redobrada nas medidas de prevenção; Europa volta a impor restrições de locomoção enquanto hospitais começam a lotar

 

Texto: Ewerthon Tobace/Record TV Japan
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Estamos próximos de atingir a marca dos 50 milhões de infectados em todo o planeta. Com estas cifras assustadoras, o mundo observa apreensivo uma segunda onda de infecções de Sars-Cov-2 na Europa e um recorde de casos confirmados nos Estados Unidos sendo batido a cada dia. Na Ásia, o Japão, que vinha controlando a doença, viu nos últimos dias um aumento expressivo e também preocupante de contaminados. Na sexta-feira (6), o número chegou a 1.141 infectados, ultrapassando os 1.050 casos do dia anterior, e o total acumulado até agora em todo o país é de 106.827.

 

“Temos que observar a situação com um senso de cautela mais forte do que antes”, disse o primeiro-ministro Yoshihide Suga esta semana, em uma sessão de um comitê do parlamento japonês. A capital Tóquio e a cidade de Osaka continuam no topo do ranking de contaminados, mas a ilha de Hokkaido, no extremo norte, vem registrando um aumento rápido e preocupante.

 

“Temos que observar a situação com um senso de cautela mais forte do que antes”

 

Yasutoshi Nishimura, ministro da Revitalização Econômica do Japão, e encarregado da questão do coronavírus, pediu que sejam realizadas análises mais detalhadas dos casos de infecção por coronavírus. Ele disse ser importante saber quando uma pessoa desenvolveu os sintomas, e não quando o seu caso foi registrado. Assim, os especialistas podem traçar um plano melhor de contenção para lidar melhor com a pandemia.

 

O secretário-chefe de gabinete, Katsunobu Kato, afirmou em uma entrevista coletiva que o governo “não está medindo esforços” para conter novos surtos. Entre as medidas, um aumento dos testes de vírus em distritos de entretenimento, onde têm surgido focos.

 

Hokkaido e Tohoku

 

Os números, numa análise superficial, parecem inofensivos. Hokkaido teve uma média de pouco mais de 100 casos diários na última semana. Mas o fato é que, por estar mais ao norte, a província é a primeira parte do país a encontrar baixas temperaturas com baixa umidade, condições que potencializam a disseminação do coronavírus. Em mais um mês, o clima frio e seco chegará ao resto do arquipélago, o que não é um bom presságio para a saúde pública.

 

A região Tohoku (nordeste) também vê os números crescerem com a chegada do frio. A província de Aomori lidera a lista de locais onde aumentam os casos. Por lá o número passou de 36 para 227, um aumento de 630,6%. Em seguida vem Okayama (182,2%); Miyagi (178,8%); Fukushima (153,4%); e Hokkaido (148,8%). Tóquio ficou em 13º lugar, com 120,8%, e Osaka, em 14º, com 120,4%.

 

“Hokkaido está inclinado a emitir um conselho para evitar viagens de ida e volta entre outras prefeituras”, disse uma fonte do governo ao jornal Mainichi. O governador de Hokkaido, Naomichi Suzuki, aumentou neste sábado (7) o alerta de pandemia para o terceiro maior dos cinco níveis. O governo local também pediu ao comércio local, principalmente bares, restaurantes e casas noturnas, para reduzir o horário comercial.

 

O problema é grave porque há poucos hospitalares para pacientes com coronavírus. Segundo um levantamento do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar, Aomori está em primeiro lugar, com 27,9% dos leitos disponíveis para os casos COVID-19 ocupados, um aumento de 27,3% em outubro na comparação com o mês anterior. Completando o ranking das cinco primeiras províncias, em termos de aumentos na ocupação dos leitos, estão Miyagi (21,2%); Okinawa (19,2%); Okayama (14%) e Kumamoto (7%). Já Tóquio e Osaka tiveram leitos desocupados no último mês. Foram 4,5% e 5,6% a menos, respectivamente.

 

Uma das principais críticas de especialistas em infectologia são os programas de desconto do governo Go To Travel e Go To Eat. O objetivo é o de estimular as economias regionais, e o primeiro-ministro Yoshihide Suga parece estar satisfeito com os resultados. Mas, estudos mostraram que foram justamente esses viajantes, principalmente oriundos da capital japonesa, quem levaram o vírus para outras regiões. E essas localidades são mal preparadas para lidar com a pandemia do coronavírus.

 

Europa e Estados Unidos

 

A Europa é a região do mundo onde a pandemia do novo coronavírus mais cresce diariamente. A Espanha registrou novo recorde de contágios nas últimas 24 horas, mas a França continua a ser o país da União Europeia com maior número de novos casos diários, apesar de o país estar com restrições de locomoção.

 

Um dia depois das eleições presidenciais nos Estados Unidos, o país teve novo recorde de contágios, que passam dos 100 mil diários por lá, mas é a Europa o epicentro da pandemia.

 

A sobrecarga de doentes em cuidados intensivos já levou a França a transferir internados, por via aérea, para unidades hospitalares de regiões do país menos atingidas. No total, há 28.426 pessoas hospitalizadas na França com a doença e 4.230 desses pacientes estão em unidades de tratamento intensivo.

 

Nos Estados Unidos, somente nas últimas 24 horas, foram registradas 1.149 mortes causadas pela covid-19 e 127.021 mil novos casos, segundo contagem da Universidade Johns Hopkins. No total, são 236.025 óbitos e 9.727.345 infectados no país. O Instituto de Avaliações e Métricas de Saúde da Universidade de Washington estimou que até o final do ano os Estados Unidos vão registar 325 mil mortos e 400 mil até 1 de fevereiro.