O número de pessoas infectadas diminuiu drasticamente este ano em comparação com o ano anterior; mesmo assim, é melhor tomar a vacina?

 

Texto: Redação/Record TV Japan
Foto: Divulgação

 

Começou no dia 1 de outubro, em todo o Japão, a campanha 2020 de vacinação contra a influenza. Segundo divulgou o governo japonês, a prioridade será os idosos e aqueles com doenças pré-existentes, considerados de maior risco para o desenvolvimento de sintomas graves. A expectativa do governo é que a demanda por vacinações possa aumentar devido à pandemia do coronavírus.

 

Como é difícil distinguir os sintomas da gripe e da Covid-19, a doença respiratória causada pelo corovírus, espera-se que mais pessoas busquem vacinas contra a gripe antes do início da temporada da doença neste inverno. 

 

Profissionais de saúde, gestantes e crianças pequenas também terão alta prioridade. Por isso, o governo pediu aos fabricantes de vacinas que aumentem a oferta em comparação com a temporada passada, quando havia vacinas suficientes para cobrir 58 milhões de pessoas.

 

Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 10 milhões de pessoas, ou 10% da população do Japão, contraiam a gripe durante a estação mais fria do ano. O número na última temporada, no entanto, foi baixo e ficou em cerca de 7 milhões.

 

Queda no número

 

O número de pacientes com influenza no Japão este ano permanece em um nível muito baixo, totalmente fora do normal. Para os funcionários do Ministério da Saúde, isto se deve às ações tomadas pela população para prevenir a infecção pelo novo coronavírus, como lavar as mãos e usar máscaras faciais.

 

De acordo com o ministério, apenas sete casos de gripe foram registrados nas duas primeiras semanas do mês, até 13 de setembro. O número é menos de um milésimo do total do ano anterior e cerca de um centésimo do nível médio do ano.

 

Em setembro de cada ano, o ministério começa a divulgar o número de pacientes com influenza após relatórios de cerca de 5.000 instituições médicas em todo o Japão.

 

Este ano, o número chegou a apenas três na semana de 6 de setembro e a quatro na semana seguinte. Havia dois pacientes na província de Chiba, e um em cada uma das seguintes províncias: Gifu, Quioto, Osaka, Hyogo e Okinawa. Em contraste, o número ficou em 3.813 na primeira semana de setembro do ano passado e 5.738 na segunda semana, totalizando 9.551. 

 

Ainda assim, é difícil prever o curso da infecção por influenza nesta temporada, já que a doença geralmente começa a se espalhar entre novembro e dezembro, e atinge o pico em janeiro e em fevereiro.

 

“Apesar da baixa contagem de pacientes no momento, nunca devemos baixar a guarda”, lembrou o novo ministro da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão, Norihisa Tamura. “Este ano, teme-se uma propagação simultânea (da gripe) com o novo coronavírus. Queremos que as pessoas lavem as mãos e tomem outras medidas (preventivas) mais do que em anos normais.”

 

Devo tomar a vacina?

 

Todos os anos nos deparamos com esta tradicional campanha de vacinação. Então, a dúvida da maioria é: se já nos vacinamos no ano anterior, é necessário tomar mais uma dose em 2020 também? Segundo a Associação Médica do Japão (JMA), sim, a população deve se vacinar anualmente e essa é a forma de prevenção mais efetiva contra a doença. No começo de setembro, a Associação Japonesa de Doenças Infecciosas também recomendou fortemente que as pessoas, especialmente aquelas consideradas de alto risco, tomem vacinas contra a gripe.

 

Segundo a JMA, os vírus influenza, causadores da gripe, sofrem muitas mutações de um ano para o outro, e os vírus que circularam ano passado não necessariamente serão os mesmos deste ano. Essas alterações são suficientes para que o sistema imune não reconheça mais aquela cepa viral, deixando a pessoa mais suscetível à doença. Por isso, novas vacinas precisam ser produzidas anualmente e a composição delas é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

 

A gripe é causada, principalmente, por quatro tipos do vírus influenza: duas cepas A (H1N1 e H3N2) e duas linhagens B (Yamagata e Victoria). Para esse ano de 2020, a OMS anunciou que houve modificação em três cepas em relação à vacina do ano passado: nas duas cepas A e uma da linhagem B.

 

Coronavírus x gripe

 

Segundo a OMS, no início da evolução da Covid-19 e de uma gripe, não existe diferença quanto aos sinais e sintomas. Por isso, é importante ficar atento às áreas de transmissão local, tomar os cuidados necessários para se proteger e, caso apresente febre e sintomas respiratórios, procurar um atendimento médico.

 

Em todo o mundo, assim como no Japão, foi antecipada a campanha de vacinação da gripe. Essa decisão visa auxiliar os profissionais de saúde a descartarem os casos graves de influenza na triagem e acelerarem o diagnóstico para o coronavírus. Por isto, também, é importante a vacinação.

 

Gripe ou resfriado?

 

A gripe (influenza) é uma infecção viral respiratória aguda e altamente contagiosa, sendo mais grave do que um resfriado comum, podendo levar a complicações médicas sérias. A doença pode afetar qualquer pessoa em qualquer idade, sendo facilmente transmitida através da tosse, do espirro e do contato próximo com uma pessoa ou superfície contaminada.

 

Os sintomas da gripe podem incluir febre alta ou sensação de febre/calafrios, tosse, dor de garganta, nariz entupido, dores musculares ou corporais, dores de cabeça, fadiga (cansaço), sendo uma doença potencialmente fatal.

 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ocorrência de casos da influenza pode variar de leve a grave e até levar a óbito. Hospitalizações e óbitos ocorrem principalmente entre os grupos de alto risco – que são crianças menores de 5 anos, gestantes, portadores de doenças crônicas e idosos. Em todo o mundo, estima-se que epidemias anuais resultem em cerca de 3 a 5 milhões de casos de doença grave e cerca de 290 mil a 650 mil óbitos.

 

Já o resfriado é também uma infecção respiratória, mas que é desencadeada por diversos tipos de vírus. O rinovírus está entre os mais comuns e sua manifestação clínica é menos intensa. Os sintomas incluem coriza, febre baixa, tosse e espirros. A recuperação tende a ser mais rápida.