Vice-ministro da Economia do regime diz que mulheres não estão excluídas da sociedade e pede descongelamento de ativos por parte dos EUA

Foto: Reprodução Record News

O regime terrorista do Talibã, que governa o Afeganistão desde agosto de 2021, está buscando fortalecer laços com o Japão para obter suporte na reconstrução da infraestrutura e no desenvolvimento industrial do país.

Em entrevista ao jornal japonês Kyodo News no sábado (22), o vice-ministro da Economia, Latif Nazari, disse que o regime interino espera que a parceria com o Japão “melhore os padrões de vida do povo afegão”.

O Japão não reconhece oficialmente o Talibã como governo legítimo do Afeganistão, especialmente por causa das políticas repressivas do regime contra as mulheres.

A aproximação entre ambos, no entanto, ganhou destaque depois de uma visita de altos funcionários do Talibã ao país em fevereiro deste ano, a convite da Nippon Foundation, uma organização financiadora sediada em Tóquio.

Foi a primeira viagem diplomática conhecida do grupo islâmico ao Japão desde sua retomada do poder, marcando também a primeira incursão fora da Ásia Central e do Oriente Médio, segundo a agência de notícias AP.

A fundação japonesa, que não revelou detalhes da visita por “razões de segurança”, disse na época que o objetivo foi ajudar o Talibã a compreender a importância de “uma perspectiva ampla na construção de sua futura nação” e aceitar assistência humanitária internacional.

Durante a visita, autoridades do Ministério das Relações Exteriores japonês mantiveram conversas informais com os representantes do Talibã.

O chefe do escritório do Oriente Médio do Japão pediu que o regime respeite os direitos humanos e “reflita a voz do povo afegão” em sua governança, segundo o Kyodo News.

Um representante do governo japonês disse à AP que, embora a iniciativa tenha partido de uma organização privada, ela complementa os esforços de Tóquio e da comunidade internacional para pressionar o Talibã por mudanças políticas inclusivas.

Nazari, que integrou a delegação que visitou o Japão, disse em uma publicação no X que o Talibã busca “um envolvimento digno com o mundo como membro ativo da comunidade internacional”.

Ele também disse que espera construir relações amigáveis com grandes potências, incluindo os Estados Unidos. Nazari afirmou que é hora dos EUA “seguir em frente” e descongelar os ativos estrangeiros do Afeganistão, bloqueados desde 2021.

Desde a retomada do poder, após a retirada das tropas americanas em agosto de 2021 — que encerrou duas décadas de guerra iniciada pelos ataques de 11 de setembro –, o Talibã tem se aproximado de países como China e Rússia.