Os cães, assim como os humanos, devem fazer higiene dentária diariamente para evitar doenças comuns e até algo mais grave
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Ao contrário do que a maioria dos tutores pensa, não é normal um cachorro ter mau hálito. Segundo especialistas, é possível cuidar da saúde bucal dos cães, a ponto de controlar o famoso “bafinho”, além de evitar algumas doenças dentárias comuns e até outras mais graves. Em conversa com o RPet, especialistas falam sobre o assunto e contam curiosidades a respeito do “sorriso” dos bichos.
Segundo Carla Girardi, dentista veterinária da Pet Care, o cheiro ruim na boca dos cães é sinal de algo errado. “É um indicativo de que o pet tem a presença de placa bacteriana, tártaro, problema bucal ou algum outro problema de saúde, como a uremia [elevação de ureia no sangue]”, explica.
A forma mais simples de fazer seu cachorro não ter esses problemas é a escovação diária. “E também fazer uso de alimentos balanceados, que evitam a calcificação da placa bacteriana, e de brinquedos e mordedores adequados. E sempre checar os dentes dos animais. Caso haja algo diferente, entre em contato com seu médico-veterinário de confiança”, afirma o veterinário André Nunes.
Fora isso, há petiscos formulados para a saúde bucal dos bichos. “A textura dos petiscos criados para ajudar na limpeza dos dentes dos cães é diferente. Enquanto os petiscos convencionais se partem assim que são mordidos, os petiscos aliados da saúde oral para cães são atravessados pelos dentes, promovendo, assim, a retirada das sujeiras”, detalha Carla.
Cães pequenos, mini e toy têm mais problemas dentários
Para Carla, é fundamental ficar de olho nas atitudes diferentes de seu pet, que podem ser um indicativo que algo está errado. “Os cães também podem ter dor de dente. Eles demonstram o incômodo ao esfregar a patinha na boca ou a face no chão. Outros sinais podem ser tristeza, apatia, irritação, perda de apetite, dificuldade para comer ou mastigar usando apenas um lado da boca, salivação em excesso, inchaço na boca e, claro, mau hálito”, ensina.
A veterinária conta, ainda, que cães de porte pequeno, como poodle, lulu-da-pomerânia, pinscher, chihuahua, yorkshire e maltês, estão mais propensos a desenvolver doença periodontal e outros problemas dentários. “Suas bocas são pequenas, o que resulta em pouco espaço para os dentes, fazendo com que fiquem mais próximos uns dos outros”, descreve.
Cães têm mais dentes do que os gatos
Diferentemente dos humanos, os cães trocam os dentes muito cedo, dos 3 aos 6 meses de vida. “Filhotes costumam passar por um período conhecido como dentição, quando os dentes de leite são substituídos pelos permanentes. Nessa fase, alguns pets podem ficar irritados ou apresentar necessidade de mastigar e morder para aliviar o desconforto na gengiva”, diz Carla.
A saúde bucal, além de evitar doenças, é importante para saber a idade de um cão, por exemplo, que foi encontrado abandonado na rua. “É possível estimar a idade dos cães jovens observando seus dentes. À medida que envelhecem, o desgaste dentário também pode fornecer pistas sobre a idade.”
Outra curiosidade sobre os cachorros é que eles têm mais dentes do que os gatos. “Eles são onívoros (ou seja, comem de tudo), têm 42 dentes na fase adulta; os gatinhos têm 30. No entanto, os dentes dos gatos são bem mais afiados e pontiagudos, por eles serem carnívoros estritos”, define Carla.
Doenças bucais mais comuns nos cachorros
Todo esse zelo pelos dentes dos cães é uma maneira de evitar doenças bucais. As mais comuns são gengivite, tártaro, lesões endodônticas e doenças periodontais. “A ausência de cuidado com a boca do cão pode levar a sérias doenças sistêmicas e afetar rim, coração e até articulações”, alerta André.
Caso o cachorro acabe com alguma enfermidade nas gengivas e dentes, os tratamentos variam. “Pode ser resolvida desde uma simples remoção do tártaro e uso de antibióticos sistêmicos ou locais até mesmo a extração do dente quando se trata somente da doença bucal”, lista o veterinário.