Prêmio de mérito foi concedido pelo Conselho de Cidadãos de Tóquio a quatro pessoas ligadas ao filme “Família”
Texto e fotos: Ewerthon Tobace/Record TV Japan
Quatro integrantes do filme “Família” receberam nesta quinta-feira (29), o Prêmio de Mérito 2023 do Conselho de Cidadãos de Tóquio e do Consulado-Geral do Brasil em Tóquio na categoria personalidade japonesa. O roteirista Kiyotaka Inagaki, o diretor Izuru Narushima, o ator Koji Yakusho e o produtor-geral Naoya Kinoshita receberam o Troféu Sakura em um evento na Embaixada do Brasil.
O prêmio é um reconhecimento dado à entidades e pessoas que colaboram de modo significativo para que os brasileiros possam melhor se adaptar à vida no Japão. “O filme ‘Família’ contribui para propagar os ideais de multiculturalismo na sociedade japonesa”, explicou o presidente do conselho, Arthur Muranaga. “Ao assumir o casal brasileiro como sua nova família, o protagonista (do filme) demonstra que os laços afetivos estão acima de diferenças socioculturais. E nós, como seres humanos, fazemos parte um todo mais abrangente e mais relevante do que aquele determinado pelas fronteiras políticas dos países”, completou.
Para o cônsul-geral do Consulado de Tóquio, Guilherme Patriota, a escolha não poderia ter sido melhor. “O enredo do filme destaca algumas dificuldades enfrentadas pelos brasileiros que fizeram do Japão o seu novo lar. Grande parte da atuação do nosso consulado ocorre no mesmo sentido geral da mensagem do filme, na medida em que estimulamos a comunidade a buscar integrar-se à sociedade local sem abrir mão de suas raízes culturais. E o consulado tenta então fomentar o multiculturalismo, uma perspectiva que serve de base para o necessário respeito à identidade do outro, daquele que tem uma origem sociocultural diferente da nossa.”
Em seu discurso de agradecimento, o diretor Izuru Narushima lembrou que todos trabalharam para transmitir a mensagem de que as diferenças de raças, de religião, de origem, todas elas conseguem ser superadas quando a gente consegue se conectar com o coração. “Espero que um dia o mundo possa superar a violência, as guerras, entrar realmente em paz e, assim, se tornar uma grande família”, disse.
O filme
Das barreiras linguísticas à discriminação, “Familia” destaca as dificuldades vividas pelos brasileiros no Japão. É um filme que questiona se pessoas de diferentes países com diferentes línguas maternas podem constituir uma família. Marcos, o personagem brasileiro, grita em uma das cenas: “Quem somos nós exatamente, quando não podemos ser nem japoneses nem brasileiros?”
O filme conta a história de Seiji Kamiya (Yakusho), um artesão de cerâmica do interior do Japão. Enquanto recebe a visita do filho recém-casado, ele conhece Marcos, um jovem nikkei que mora em um danchi (conjunto habitacional) perto de sua casa e que está sendo perseguido por uma gangue da região.
A partir daí, o filme acompanha o crescimento da relação entre Seiji e Marcos, com o japonês se preocupando cada vez mais com as ameaças sofridas pelo brasileiro ao mesmo tempo que o jovem encontra no ceramista a figura paterna e exemplar que tanto faltou em sua vida.
Com direção de Izuru Narushima e roteiro de Kiyotaka Inagaki, o filme tem no elenco principal quatro brasileiros que fazem sua estreia nas telas de cinema Gustavo Sumida (Manoel), Lucas Sagae (Marcos), Fadile Waked (Erika) e Alan Shimada, o Flight-A do grupo de rap Green Kids (Rui).
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