Grande parte desse número recorde tem relação com a guerra na Ucrânia e com as inundações que atingiram o Paquistão
Do R7, com AFP
Em 2022, um total de 71,1 milhões de pessoas foram registradas como deslocados internos, um aumento anual de 20%. As informações são do relatório divulgado, nesta quinta-feira (11), pelo Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno (IDMC, com sede em Genebra) e pelo Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC).
“Uma grande parte do aumento é causado pela guerra na Ucrânia, mas também pelas inundações no Paquistão, por conflitos novos e os já existentes em todo o mundo e por uma série de desastres súbitos ou lentos que vimos das Américas até o Pacífico”, explica o diretora do IDMC, Alexandra Bilak.
Estima-se que 17 milhões de pessoas foram deslocadas dentro da Ucrânia desde o início da guerra com a Rússia, em 24 de fevereiro de 2022. Já as inundações no Paquiestão forçaram o deslocamento interno de mais oito milhões de pessoas em busca de um local seguro para viver.
No ano passado, os novos deslocamentos internos provocados por conflitos chegaram a 28,3 milhões, quase o dobro de 2021 e o triplo na comparação com a média anual dos últimos 10 anos.
A região da África subsaariana registrou 16,5 milhões de deslocamentos internos, mais da metade devido a conflitos, em particular na República Democrática do Congo e na Etiópia.
Dez países
Muitas pessoas foram forçadas a fugir em todas as regiões do planeta, mas quase 75% dos deslocados internos vivem em apenas 10 países: Síria, Afeganistão, República Democrática do Congo, Ucrânia, Colômbia, Etiópia, Iêmen, Nigéria, Somália e Sudão (em ordem decrescente do número de deslocados internos).
Muitos deslocados são vítimas de conflitos que duram vários anos, mas as catástrofes naturais são responsáveis pela maioria dos novos deslocamentos internos: 32,6 milhões de pessoas foram obrigadas a fugir por este motivo em 2022, 40% a mais que em 2021.
Para o diretor do NRC, Jan Egeland, o acúmulo de crises gera uma “tempestade perfeita”.
“Os conflitos e desastres se combinaram no ano passado para agravar as vulnerabilidades e desigualdades existentes, provocando deslocamentos em uma escala nunca observada antes”, afirmou em um comunicado.
Ele também denunciou a crise alimentar mundial, agravada pela guerra no Leste Europeu, que “minou o progresso de vários anos”.
O número que deslocados internos que foi um recorde no ano passado, mas deve ser superado em 2023.
No Sudão, onde os combates começaram em abril, mais de 700 mil pessoas foram forçadas a fugir para outras áreas do país.
“Desde o início do conflito mais recente em abril, nós registramos o mesmo número de deslocamentos que em todo ano de 2022”, declara o diretora do IDMC.