Segundo organização sem fins lucrativos Sabja é cada vez maior o número de jovens com crise de ansiedade e depressão

 

 

Texto: Redação/Record TV Japan
Foto: AdobeStock

 

 

Crianças e adolescentes intimidando os colegas nas mídias sociais e por meio de aplicativos de smartphones, o cyberbullying, está aumentando no Japão. A natureza fechada desses serviços e as leis de proteção de dados pessoais no país dificultam a identificação dos abusadores. Assim, buscar formas de evitar o crime se tornou um problema. 

 

Cyberbullying é o bullying realizado por meio das tecnologias digitais. Pode ocorrer nas mídias sociais, plataformas de mensagens, plataformas de jogos e celulares. É o comportamento repetido, com intuito de assustar, enfurecer ou envergonhar aqueles que são vítimas. Exemplos incluem:

 

  • espalhar mentiras ou compartilhar fotos constrangedoras de alguém nas mídias sociais;
  • enviar mensagens ou ameaças que humilham pelas plataformas de mensagens;
  • se passar por outra pessoa e enviar mensagens maldosas aos outros em seu nome.

 

O bullying presencial e o virtual acontecem lado a lado com frequência. Porém, o cyberbullying deixa um rastro digital – um registro que pode se tornar útil e fornecer indícios para ajudar a dar fim ao abuso.

 

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ministério da Educação do Japão, no ano letivo de 2021, houve 21.900 casos reconhecidos como cyberbullying entre os alunos naquele ano – um recorde.

 

Hajime Arai, professor da Universidade Kansai Gaidai na província de Osaka e especialista em cyberbullying entre crianças, disse ao jornal Mainichi que a idade para começar a usar smartphones está diminuindo, em um ritmo mais rápido do que o esperado. “É necessário que as crianças e seus responsáveis aprendam sobre os perigos da sociedade online cedo. Primeiro, os professores e funcionários devem entender o cyberbullying e trabalhar com especialistas externos, como a polícia e as universidades, para evitar que isso aconteça”, disse.

 

Para Erika Tamura, diretora da organização sem fins lucrativos (NPO) Sabja, o problema é grande também entre as crianças estrangeiras no Japão. “O cyberbullying vem aumentando entre os jovens brasileiros e percebemos uma procura cada vez maior pelo atendimento psicológico”, conta a brasileira. 

 

O problema começou a se agravar, principalmente, depois do início da pandemia de covid-19. “Com o acesso a informações cada vez maior, os jovens ficam mais valentes na internet”, sugere Erika, que recomenda terapia e conversas com psicólogos para saber o que fazer. “Os pais também precisam participar das terapias, pois muitos não sabem como agir”, lembra.

 

Depressão e ansiedade são os primeiros sintomas de que algo não está certo. “No Sabja, vemos cada vez mais adolescentes com crises de ansiedade”, conta a diretora do Sabja. “E o cyberbullying é apenas a ponta do iceberg”, emenda.

 

Lei

 

Sabendo do problema que se agrava a cada ano, o parlamento japonês aprovou no ano passado uma lei que torna os “insultos online” puníveis com prisão. A mudança veio por causa do suicídio de Hana Kimura, uma estrela de um reality show que havia enfrentado abusos nas redes sociais.

 

Kimura, 22, que era conhecida por seu papel no programa da Netflix “Terrace House”, morreu por suicídio em 2020. A notícia gerou pesar e choque em todo o país, com muitos apontando para o abuso online que ela havia recebido de usuários de mídia social nos meses anteriores. até a morte dela.

 

A mãe de Kimura, ex-lutadora profissional Kyoko Kimura, fez campanha por leis anti-cyberbullying mais fortes após a morte de sua filha e criou uma organização sem fins lucrativos chamada “Remember Hana” para aumentar a conscientização sobre o cyberbullying. “Quero que as pessoas saibam que o cyberbullying é um crime”, disse ela, acrescentando que esperava que a emenda levasse a uma legislação mais detalhada.

 

De acordo com a emenda ao código penal do país – que entrou em vigor no verão passado – os infratores condenados por insultos online podem ser presos por até um ano ou multados em 300.000 ienes.

 

O projeto de lei se mostrou controverso no país, com oponentes argumentando que poderia impedir a liberdade de expressão e críticas aos que estão no poder. No entanto, os defensores disseram que a legislação mais dura era necessária para reprimir o cyberbullying e o assédio online.

 

Ela só foi aprovada depois que uma cláusula foi adicionada, ordenando que a lei seja reexaminada três anos depois de entrar em vigor para avaliar seu impacto na liberdade de expressão.

 

De acordo com o código penal do Japão, os insultos são definidos como humilhar publicamente a posição social de alguém sem se referir a fatos específicos sobre eles ou a uma ação específica, de acordo com um porta-voz do Ministério da Justiça. O crime é diferente da difamação, definida como humilhar alguém publicamente enquanto aponta para fatos específicos.

 

Serviço

 

NPO Sabja

Site: https://www.nposabja.org

e-mail: nposabja@gmail.com

Telefone: 050-6861-6400

Instagram: https://www.instagram.com/npo_sabja/

Facebook: https://www.facebook.com/nposabja/

 

Dicas da Unicef

 

Estou sofrendo bullying online? Como saber a diferença entre brincadeira e bullying?

 

Todos os amigos zoam uns dos outros, mas às vezes é difícil dizer se alguém está apenas se divertindo ou se está tentando magoar você, principalmente online. Às vezes eles riem e dizem coisas do tipo “estava só brincando” ou “não leve isso tão a sério”.

 

Mas se você se magoa ou acha que os outros estão rindo de você, em vez de com você, é sinal de que a brincadeira já foi longe demais. Se permanecer assim mesmo depois de você pedir à pessoa que pare e se você continuar se sentindo mal com isso, então pode ser bullying.

 

E quando o bullying acontece online, pode resultar na atenção indesejada de uma grande variedade de pessoas, incluindo desconhecidos. Sempre que isso ocorrer, se você não estiver satisfeito com a situação, você não tem que tolerar isso.

 

Chame do que quiser – se você estiver sentindo-se mal e isso não tiver fim, então vale a pena pedir ajuda. Acabar com o cyberbullying não é apenas denunciar os agressores, é também reconhecer que todos merecem respeito – online e na vida real.

 

 

Quais são os efeitos do cyberbullying?

 

Quando o bullying ocorre online, pode parecer que você está sendo atacado por todos os lados, inclusive dentro da sua própria casa. Parece que não há como escapar. Os efeitos podem ser duradouros e afetam uma pessoa de muitas maneiras:

 

  • Mentalmente — sente-se chateada, constrangida, incapaz, até mesmo com raiva
  • Emocionalmente — sente-se envergonhada ou perde o interesse pelas coisas que ama
  • Fisicamente — sente-se cansada (ou perde o sono), ou tem sintomas como dor de barriga e de cabeça

 

O sentimento de ser zombado ou assediado pelos outros pode impedir que as pessoas se manifestem ou tentem lidar com o problema. Em casos extremos, o cyberbullying pode levar as pessoas ao suicídio.

 

O cyberbullying pode nos afetar de várias formas. Mas essas podem ser superadas e as pessoas podem recuperar a sua confiança e a sua saúde.

 

Com quem devo falar se sofro bullying online? Por que denunciar é importante?

 

Se você acha que está sofrendo bullying, o primeiro passo é procurar ajuda de alguém em que você confie, como seus pais, um familiar próximo, ou algum outro adulto confiável.

 

Na sua escola, você pode procurar um conselheiro, um treinador, ou sua professora ou seu professor preferido.

 

E caso não esteja confortável em conversar com alguém que conheça, procure um serviço de ajuda no seu país para conversar com um orientador profissional.

 

Se o bullying está acontecendo em uma rede social, pense na possibilidade de bloquear o agressor e denuncie formalmente o comportamento na própria plataforma. Empresas de mídias sociais são obrigadas a manter seus usuários seguros.

 

Pode ser útil coletar evidências – tais como mensagens e capturas de tela das publicações nas mídias sociais – para provar o que está ocorrendo.

 

Para que o bullying acabe, é necessário que ele seja identificado, e denunciar é a chave para isso. Também pode ajudar mostrar ao agressor que o comportamento dele é inaceitável.

 

Caso esteja em perigo iminente, então você deve procurar uma autoridade policial ou outro serviço de emergência no seu país.

 

Existe punição para o cyberbullying?

 

A maioria das escolas leva o bullying muito a sério e tomará alguma atitude a respeito. Se você está sendo intimidado virtualmente por outros estudantes, avise a sua escola.

 

Pessoas que são vítimas de qualquer forma de violência, incluindo bullying e cyberbullying, têm direito à justiça, e os agressores devem ser responsabilizados.

 

Leis contra o bullying, em particular sobre cyberbullying, são relativamente novas e não existem em todos os lugares. É por isso que vários países se apoiam em outras leis relevantes, tais como as que protegem contra o assédio, para punir os agressores virtuais.

 

Em países com leis específicas sobre cyberbullying, o comportamento online que intencionalmente provoca problemas emocionais é visto como uma atividade criminosa. Em alguns desses países, vítimas de cyberbullying podem procurar proteção, proibir a comunicação de uma pessoa específica e restringir o uso de aparelhos eletrônicos pelo agressor, temporariamente ou permanentemente.

 

No entanto, é importante lembrar que a punição nem sempre é a forma mais efetiva de mudar o comportamento dos agressores. Muitas vezes é necessário focar em consertar o dano e conciliar o relacionamento.

 

Fonte: Unicef

 

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