Primeiro ano de pandemia levou a excesso de mortes estimado em 4,5 milhões; Japão continua com restrições

 

 

Texto: Redação/Record TV Japan
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Já se passaram mais de dois anos desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) caracterizou a covid-19 como uma pandemia. O termo se refere à distribuição geográfica de uma doença e não à sua gravidade e, portanto, a designação reconhece que, no momento, existem surtos da doença em vários países e regiões do mundo. Os países asiáticos continuam, em sua maioria, fechados ou com restrições, enquanto o Ocidente vive um período de retomada da economia. No entanto, especialistas e órgãos de saúde alertam que o momento ainda é de cautela e que novas ondas podem fazer estragos no sistema de saúde de alguns países.

 

A OMS divulgou esta semana um relatório com impactos do primeiro ano da pandemia de covid-19, que levou a um excesso de mortes estimado em 4,5 milhões. Os dados fazem parte do conjunto de Estatísticas Mundiais de Saúde referentes a 2020. Já entre 1 de janeiro de 2020 e 31 de dezembro de 2021 foi de aproximadamente 14,9 milhões (intervalo de 13,3 milhões a 16,6 milhões). O excesso de mortalidade é calculado como a diferença entre o número de mortes que ocorreram e o número que seria esperado na ausência da pandemia com base em dados de anos anteriores.

 

“Esses dados preocupantes não apenas apontam para o impacto da pandemia, mas também para a necessidade de todos os países investirem em sistemas de saúde mais resilientes que possam sustentar serviços essenciais de saúde durante crises, incluindo sistemas de informação de saúde mais fortes”, declarou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. “A OMS está empenhada em trabalhar com todos os países a fim de fortalecer seus sistemas de informação em saúde e gerar dados melhores para melhores decisões e resultados.”

 

O excesso de mortalidade inclui mortes associadas diretamente à COVID-19 (devido à doença) ou indiretamente (devido ao impacto da pandemia nos sistemas de saúde e na sociedade). As mortes ligadas indiretamente à doença são atribuíveis a outras condições de saúde para as quais as pessoas não tiveram acesso à prevenção e tratamento porque os sistemas de saúde foram sobrecarregados pela pandemia. O número estimado de mortes em excesso pode ser influenciado também pelas mortes evitadas durante a pandemia devido aos menores riscos de determinados eventos, como acidentes no trânsito ou acidentes de trabalho.

 

As estatísticas revelam até que ponto a pandemia vem afetando os sistemas de saúde em todo o mundo, em alguns casos, restringindo severamente o acesso a serviços essenciais. De acordo com o documento, essas interrupções provavelmente atrasarão o progresso global tanto na expectativa de vida quanto na expectativa de vida saudável nos primeiros 20 anos do século.

 

A expectativa de vida global ao nascer aumentou de 66,8 anos em 2000 para 73,3 anos em 2019, enquanto a expectativa de vida saudável aumentou de 58,3 anos para 63,7 anos. Isso se deve, em grande parte, aos ganhos em saúde materno-infantil e aos grandes investimentos e melhorias em programas de doenças transmissíveis, como HIV, tuberculose e malária. No entanto, os dados de 2020 mostram que interrupções nos serviços contribuíram para o aumento de mortes por tuberculose e malária entre 2019 e 2020.

 

Segundo a OMS, antes da pandemia, também havia tendências mundiais que apontavam para a redução do atraso no crescimento infantil, do consumo de álcool e do uso de tabaco, além do no aumento do acesso à água potável gerenciada de forma segura, ao saneamento e a sistemas de esgoto gerenciados de forma segura, à higiene básica, a combustíveis limpos e a tecnologias para cozinhar.

 

Esses avanços foram parcialmente sustentados por uma duplicação dos gastos globais em saúde entre 2000 e 2019, atingindo 9,8% do Produto Interno Bruto (PIB) global. Mas aproximadamente 80% desses gastos ocorreram em países de alta renda, sendo a maior parte (cerca de 70%) proveniente de orçamentos governamentais. Nos países de baixa renda, o pagamento do próprio bolso foi a principal fonte dos gastos com saúde (44%), seguido por ajuda externa (29%).

 

Pandemia

 

Embora a cobertura dos serviços tenha melhorado nos últimos 20 anos, os gastos em saúde pioraram. “Com a atual recessão econômica mundial e os sistemas de saúde lutando para continuar oferecendo serviços de saúde, a pandemia de covid-19 provavelmente interromperá o progresso feito na cobertura de serviços e piorará ainda mais a proteção financeira globalmente”, avaliou a OMS.

 

Segundo a organização, o cenário ocorre porque algumas pessoas não conseguem acessar sistemas de saúde por não poderem pagar do próprio bolso. Além disso, entre os que procuram e obtêm serviços, há, atualmente, um risco maior de enfrentar dificuldades financeiras por causa dos gastos diretos com saúde do que antes da pandemia.

 

De acordo com o relatório, ao mesmo tempo, uma falha crônica em reconhecer o papel central da atenção primária à saúde e financiar adequadamente elementos-chave, como a força de trabalho em saúde, desacelerou a eficácia da resposta à covid-19 e desencadeou interrupções nos cuidados de rotina que ameaçam comprometer ainda mais a capacidade dos países de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para a saúde até 2030.

 

Mortes

 

A maioria das mortes em excesso (84%) está concentrada no Sudeste Asiático, Europa e Américas. Cerca de 68% estão concentradas em apenas 10 países em todo o mundo. Os países de média renda respondem por 81% das 14,9 milhões de mortes em excesso (53% em países de baixa-média renda e 28% em países de média-alta renda) no período de 24 meses, enquanto países de alta e baixa renda representam 15% e 4%, respectivamente.

 

“A medição do excesso de mortalidade é um componente essencial para entender o impacto da pandemia. As mudanças nas tendências de mortalidade oferecem informações aos tomadores de decisão para orientar as políticas, reduzir o número de mortes e prevenir efetivamente futuras crises. Devido aos investimentos limitados em sistemas de dados em muitos países, a verdadeira extensão do excesso de mortalidade geralmente permanece oculta”, afirmou Samira Asma, diretora-geral adjunta de Dados, Análise e Distribuição da OMS. “Essas novas estimativas usam os melhores dados disponíveis e foram produzidas usando uma metodologia robusta e uma abordagem completamente transparente.”

 

“Os dados são a base de nosso trabalho diário para promover a saúde, manter o mundo seguro e servir os vulneráveis. Sabemos onde estão as lacunas de dados e devemos intensificar coletivamente nosso apoio aos países, para que cada país tenha a capacidade de monitorar surtos em tempo real, garantir a prestação de serviços essenciais de saúde e proteger a saúde da população”, disse Ibrahima Socé Fall, diretor-geral assistente de resposta a emergências da OMS.

 

Histórico da pandemia 

 

Em 31 de dezembro de 2019, a OMS foi alertada sobre vários casos de pneumonia na cidade de Wuhan, província de Hubei, na China. Tratava-se de uma nova cepa (tipo) de coronavírus que não havia sido identificada antes em seres humanos.

 

Uma semana depois, em 7 de janeiro de 2020, as autoridades chinesas confirmaram que haviam identificado um novo tipo de coronavírus. Os coronavírus estão por toda parte. Eles são a segunda principal causa de resfriado comum (após rinovírus) e, até as últimas décadas, raramente causavam doenças mais graves em humanos do que o resfriado comum.

 

Ao todo, sete coronavírus humanos (HCoVs) já foram identificados: HCoV-229E, HCoV-OC43, HCoV-NL63, HCoV-HKU1, SARS-COV (que causa síndrome respiratória aguda grave), MERS-COV (que causa síndrome respiratória do Oriente Médio) e o, mais recente, novo coronavírus (que no início foi temporariamente nomeado 2019-nCoV e, em 11 de fevereiro de 2020, recebeu o nome de SARS-CoV-2). Esse novo coronavírus é responsável por causar a doença covid-19.

 

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