Inscrições vão até 15 de abril e o exame programado para 3 de julho

 

 

 

Texto: Ewerthon Tobace/Record TV Japan
Foto: AdobeStock

 

 

 

Quando chegou ao Japão há 23 anos, Eliane Kiyomi Iwasaki, de Inazawa (Aichi), se confundiu ao fazer um pedido em um restaurante e isso mudou sua relação com o idioma japonês. “Confundi um lámen de togarashi achando que era molho de tomate”, conta a brasileira, que ri da gafe hoje. Para quem não sabe, togarashi é um tipo de pimenta vermelha. “O menu estava todo em japonês”, lembra. Para evitar outros constrangimentos, desde então ela não parou de estudar e, este ano, resolveu dar um passo a mais e pretende prestar a prova de proficiência em japonês, nível N2.

 

As inscrições para o exame Nihongo Nouryoku Shiken (日本語能力試験) do meio do ano vão até o dia 15 de abril, e as provas estão programadas para 3 de julho (um domingo). O teste é realizado duas vezes por ano em várias partes do mundo e seu objetivo é avaliar e certificar a proficiência em língua japonesa aos não nativos.

 

A certificação possui cinco níveis (N5 é o mais básico, enquanto o N1 é o mais avançado). O próprio interessado é quem escolhe qual nível deseja testar seus conhecimentos e, caso seja aprovado no teste, receberá o certificado equivalente. Cada nível possui uma prova diferente e todas as questões são de múltipla escolha. 

 

Takashi Yamanishi, 28, de Brasília (DF), explica que a prova avalia vocabulário, gramática, leitura e compreensão oral. “Não é preciso redigir textos, responder perguntas abertas ou conversar em japonês”, detalha o professor, que dá dicas valiosas nas suas redes sociais e também no canal do Youtube “123 Japonês” . O jovem é formado em biologia, mas desde 2017 atua como professor de japonês. Ele veio ao Japão como bolsista em três oportunidades. Na última, fez um treinamento específico de professores de língua japonesa da Agência de Cooperação Internacional do Japão, a Jica.

 

Ofertas de trabalho

 

O teste não serve apenas para avaliar o seu nível de conhecimento do japonês. Muitas empresas e universidade pedem o documento oficial para quem quer concorrer a uma vaga ou se inscrever em cursos. Eliane está empenhada em obter os certificados de conhecimento do idioma. “Resolvi prestar o N2 ainda este ano por causa das muitas ofertas de emprego que exigem o N2 ou avançado. Um dos meus objetivos seria tradução de livros ou revistas, pois sei que no exterior o mercado de mangá está crescendo”, conta. 

 

A brasileira quer ainda aperfeiçoar o japonês falado, para tentar uma vaga na legendagem de j-dramas, as novelas japonesas, que são também muito populares entre os estrangeiros. “Outro motivo seria para o uso no trabalho em empresas e departamentos públicos, como hospitais e prefeituras”, emenda Eliane.

 

Takashi lembra, porém, que o teste não examina todos os conhecimentos da língua japonesa. A habilidade escrita, por exemplo, não é avaliada. “Mas é, sem dúvidas, a prova mais consolidada no mundo inteiro. Você consegue comprovar seus conhecimentos objetivos de japonês”, explica. A única ressalva do professor é não estudar especificamente e unicamente para o teste, pois assim o aluno não estará aprendendo o idioma de forma plena. 

 

Estudo

 

Para o professor Bruno Kaneko Tovaglieri, 36, de Ogaki (Gifu), um dos grandes erros dos brasileiros na hora de aprender o idioma japonês é focar demais na escrita e na leitura. “É preciso se concentrar mais na conversação”, ensina o brasileiro, que está há 21 anos no Japão e que há mais de dois anos ensina o idioma aos conterrâneos. Ele também passa dicas pelas redes sociais e tem um canal no Youtube, o “Nihongo na Prática” . 

 

Já Takashi diz um dos grandes erros dos brasileiros é tentar aplicar a lógica da língua portuguesa quando quer formar frases em japonês. “Na língua japonesa o verbo vem sempre no final da frase. Quando se coloca um verbo no meio da frase soa estranho para os japoneses”, exemplifica. Os adjetivos, diz o professor, também costumam confundir no começo. “Geralmente, colocamos o agente modificador depois do substantivo, como por exemplo ‘celular vermelho’ ou ‘bolsa nova’. Já no japonês é ao contrário”, atenta. Então, para ele, quando o aluno começa a entender essa lógica e compreende que a estrutura é diferente do português, o aprendizado se torna mais fluido.

 

Bruno conta que existem muitos brasileiros que estão aqui há anos e que não aprenderam o japonês. “Eles têm a mentalidade muito errada, pensamentos do tipo ‘eu não consigo’, ‘só consegue aprender quem estudou na escola japonesa’ e ‘isso não é pra mim’ impossibilitam o aprendizado antes mesmo de começar a estudar”, diz o professor. “Aqui no Japão, o principal fator é o tempo. Precisamos aprender a administrá-lo para conseguir identificar quais são os momentos que estão sendo perdidos. Isso é extremamente importante para conseguir se dedicar aos estudos”, aponta.

 

Bruno: “é preciso saber administrar o tempo para aprender bem o japonês” – Foto: Arquivo pessoal/Cedida

A principal dica de Bruno é não ter medo de errar. Só assim a gente aprende. “Se cobre menos, não coloque objetivos extremamente puxados, do tipo ‘vou estudar 3 horas por dia sem folga’. Lembre-se que o importante não é a quantidade de tempo que você estuda por dia, o importante é a constância”, fala. “Aprenda a colher micro resultados, a maioria das pessoas desiste no meio do caminho por não ver resultados”, emenda.

 

Prova

 

No dia da prova, a principal dica dos professores é ficar tranquilo e tentar se concentrar nas questões. “Muita gente estuda e acaba ficando nervoso no teste, causando esquecimento e erros. Pense que não tem problema se reprovar, pois vão ter outras chances novamente. Pensar isso normalmente alivia a pressão psicológica no dia do exame”, ensina Bruno.

 

Já Takashi sugere algumas estratégias comuns para exames, como ler as questões e as alternativas antes de começar a ler o texto. “Assim, na hora que for ler o texto já vai ter ideia dos principais pontos cobrados nas questões e, assim, não vai precisar ficar lendo duas vezes ou procurando a resposta no texto”, ensina. “Na compreensão auditiva, a gente está acostumado a ouvir o som na melhor condição possível, mas no dia da prova haverá problemas que não temos como controlar, como barulho externo e o nervosismo”, lembra o professor.

 

Takashi: “é preciso pensar em uma estratégia para prestar a prova de proficiência” – Foto: Arquivo pessoal/Cedida

 

COMO DETERMINAR SEU NÍVEL?

Uma dica dos professores ouvidos pela reportagem é fazer os testes de exemplo, que podem ser encontrados numa busca na internet, e avaliar qual nível se preparar. Também é possível ter uma noção do grau de dificuldade de cada nível através da seguinte tabela (lembrando que é apenas uma estimativa):

 

Nível

Conhecimento em kanji

Vocabulário

N5

100

800 palavras

N4

300

1.500 palavras

N3

600

3.000 palavras

N2

1.000

6.000 palavras

N1

2.000

10.000 palavras

 

Nihongo Nouryoku Shiken

 

Data do exame: 3 de julho (domingo)

Período de inscrição: até o dia 15 de abril 

Taxa de inscrição: ¥ 6.500

É preciso fazer a inscrição on-line, acessando o site https://www.jlpt.jp/, criando seu usuário (MyJLPT).

Métodos de pagamento: cartão de crédito, transferência bancária (Pay-easy) ou pagamento em lojas de conveniência.

Para mais informações em português, acesse o site https://jlpt.org.br/.

 

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