Ladrão de calcinhas
O invasor do apartamento de Maísa parecia estar interessado nas calcinhas usadas, um item cobiçado por muitos pervertidos do Japão. Solange Kaneko, de 40 anos, que mora atualmente em Toyama, descobriu essa realidade também em 2015, quando veio ao Japão pela primeira vez.
Na época, ela morava na cidade de Kariya (também em Aichi) com o marido, em um apartamento térreo. Ela nunca tinha ouvido falar neste tipo de ladrão e se surpreendeu quando percebeu que suas roupas íntimas, deixadas no varal para secar, simplesmente desapareciam.
“Eu tinha comprado muitas calcinhas no Brasil para trazer para cá. Comecei a perceber que ia sumindo de duas em duas. Eu achei que estava doida, fiquei procurando e não encontrava. Meu esposo não tinha me dito sobre esse tipo de coisa por aqui”, contou.
Ela acabou descobrindo por uma colega na fábrica, que alertou para a presença dos ladrões de calcinhas e o perigo maior para quem vive no térreo. “Ela me contou dos tarados que pegavam calcinhas e eu me toquei do motivo do sumiço das minhas. Eu lembro que sumiram umas oito peças, aí eu1 parei de deixar no varal. Passei a secar dentro do apartamento”, disse.
Solange reagiu com estranheza e também ficou assustada ao saber que alguém estava entrando nos limites do terreno para furtar as peças íntimas. “Na época, fiquei assustada achando que ele poderia entrar dentro de casa e comecei a tomar cuidado. Sabia que ele vinha de madrugada, porque eu verificava de manhã e as roupas tinham sumido. Era térreo, mas tinha uma grade alta que precisava pular para entrar. Acho que foi bem ousado”, contou.
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Perseguição e abusos
Akiko Sasaki tem 39 anos e vive atualmente em Toyohashi (Aichi). Ela está há 24 anos no Japão e conta que já passou por diversos episódios traumáticos com tarados, principalmente na adolescência e na época em que usava mais o transporte público, local comum para ação dos criminosos.
Um dos episódios mais marcantes aconteceu aos 17 anos, em uma ida corriqueira à loja de conveniência para pagar uma conta. A brasileira foi surpreendida por um outro adolescente pouco antes de entrar na loja.
“O estudante estava com a bicicleta na frente da loja. Eu desci do carro do meu cunhado e quando passei na frente dele, ele deu um oi em tom de malícia. Eu ignorei e passei rápido, mas ele tentou me agarrar. Eu consegui correr e entrar na loja. Fiquei com muito medo de andar sozinha depois desse episódio.”, relatou.
O assédio gerou um trauma e fez com que Akiko fizesse o possível para não chamar atenção. “Eu comecei a usar só camisetão e calças largas e bermudões. Comprava na parte masculina das lojas e vivia de boné. Eu estava de blusa de alcinha no dia em que aconteceu isso. Comecei a ter medo de voltar para a casa de noite, ficava com receio de aparecer um tarado”, revelou.
Uma vez em um trem, a brasileira conta que também agiu rápido para proteger uma amiga da ação de um tarado, assim que percebeu o que estava acontecendo.
“O japonês olhou para os seios dela e estendeu a mão tentando pegar. Na hora ela não teve reação. Eu fui rápida e a puxei para sentar perto de mim. Já estava esperta com essas situações, defendia minhas amigas porque sabia que se a pessoa ficar com vergonha ou chocada demais para reagir, eles se aproveitam”, disse.
Orientações da Polícia de Tóquio
Os casos acontecem em locais públicos ou mesmo dentro de casa. Qualquer pessoa está sujeita a se tornar vítima de um crime sexual e por isso, é importante tomar cuidado no dia a dia. Algumas atitudes ajudam a fortalecer a segurança e podem desencorajar os criminosos.
Os dados da Polícia Metropolitana de Tóquio mostram que houve cerca de 1.300 casos de crimes de pervertidos na província em 2020. No site oficial em japonês: (veja aqui)
A polícia dá algumas orientações para evitar a ação desses criminosos:
- Carregue um apito consigo para chamar atenção caso acabe surpreendida por um abusador em um local movimentado, como nos trens;
- Se andar sozinha à noite, escolha ruas mais iluminadas e com mais movimento;
- Evite andar ouvindo música ou mexendo no celular, pois você perde a noção do que está acontecendo ao redor;
- Se estiver perto de casa, não baixe a guarda por isso. Caso sinta que está sendo seguida, entre em uma loja de conveniência próxima ou chame a polícia pelo número 110;
- Ao entrar no elevador, se posicione perto do botão emergencial sempre que possível;
- Na hora de dormir, mantenha as janelas trancadas e deixe a porta de casa trancada, mesmo se estiver morando em um prédio com segurança;
- Ao utilizar o trem, procure ficar no vagão para mulheres e se estiver lotado, evite se posicionar perto das portas, pois é onde ocorre a maior aglomeração.
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