Brasil tem alguns fortes candidatos a medalha, como Gabriel Geraldo e os campeões mundiais Wendell Belarmino e Maria Carolina Santiago
Texto: Lincoln Chaves/Agência Brasil
Foto: ©Ale Cabral/CPB
A natação está presente na Paralimpíada desde a edição de 1960, a primeira oficial, em Roma (Itália). Na ocasião, a disputa reuniu 77 nadadores com lesões medulares, representando 15 países e competindo em 62 provas de, no máximo, 50 metros (m).
Atletas com amputações e deficiências visuais entraram na briga por medalhas a partir dos Jogos de Toronto (Canadá), em 1976. Quatro anos depois, em Arnhem (Holanda), a disputa foi aberta a nadadores com paralisia cerebral. Em 1984, cadeirantes e pessoas com outros tipos de deficiência locomotora (les autres, do francês os outros) foram incluídos nas edições realizadas, simultaneamente em Stoke Mandeville (Grã-Bretanha) e Nova Iorque (Estados Unidos). Por fim, na Paralimpíada de Sydney (Austrália), em 2000, tiveram vez os competidores com deficiência intelectual.
Os nadadores paralímpicos são divididos por categorias, de acordo com o grau da deficiência. As classes S (do inglês swimming) de 1 a 10 são voltadas a atletas com comprometimento físico-motor, sendo que, quanto maior o número, menor a limitação. Na hora da prova as próteses devem ser retiradas. Nas classes mais baixas é comum o competidor largar de dentro da piscina, por conta do tipo de comorbidade. No caso de amputados de membros superiores, alguns se apoiam em uma toalha, usando a boca, para largar no nado costas.
O mesmo critério (quanto maior o número, menor a limitação) também distingue as classes de S11 a S13, nas quais competem os deficientes visuais. Na S11 estão os atletas totalmente cegos, que necessitam do tapper, um bastão com espuma na ponta, que técnicos ou voluntários utilizam para tocá-los nos metros finais, alertando-os que a borda da piscina está próxima. Em outras categorias, os nadadores têm baixa visão, podendo, ou não, fazer uso do tapper. Nas três classes, os óculos devem ser escuros, para que a competição seja igual.
Entre as categorias físico-motoras (1 a 10), as provas de revezamento são 4×100 m (livre e medley) e 4×50 m (livre). Na primeira, a soma do número das classes dos nadadores (tanto na disputa masculina como na feminina) não pode superar 34. Na segunda, que reúne atletas com maior grau de comprometimento, a soma máxima é 20.
Nadadores com deficiência visual (11 a 13), além daqueles com deficiência intelectual (S14), também disputam revezamentos 4×100 m livre, todos mistos. No primeiro caso, porém, há uma restrição: a combinação do número das categorias de cada integrante não pode ir além de 49.
Na história da Paralimpíada, Estados Unidos e Grã-Bretanha disputam o posto de país com mais medalhas na natação. Segundo o Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês), os norte-americanos conquistaram 689 láureas, sendo 268 douradas, contra 681 pódios dos britânicos (217 vezes no topo). O top-5, com base nas medalhas de ouro, ainda tem Holanda (180), Canadá (161) e Austrália (128).
Parte significativa das conquistas norte-americanas vieram com Trischa Zorn, dona de 46 medalhas paralímpicas, sendo 32 douradas. Entre os homens, o britânico Mike Kenny é quem mais vezes esteve no topo do pódio (16), mas o maior medalhista é Daniel Dias, com 24 láureas (14 de ouro). Na última Paralimpíada da carreira, o brasileiro terá a chance de se tornar o maior campeão da modalidade no masculino.
O Brasil participa das competições de natação na Paralimpíada desde os Jogos de Heidelberg (Alemanha), em 1972. As primeiras medalhas vieram 12 anos depois, na edição de Stoke Mandeville: um ouro, cinco pratas e um bronze. Atualmente, a modalidade é a segunda que mais rendeu pódios ao país no evento: 102 (32 ouros, 34 pratas e 36 bronzes), atrás somente do atletismo (142).
A natação brasileira competirá renovada em Tóquio. São 13 estreantes paralímpicos entre os 35 convocados. Entre eles, alguns fortes candidatos a medalha, como Gabriel Geraldo (S2), recordista mundial da categoria, e os campeões mundiais Wendell Belarmino (S11) e Maria Carolina Santiago (S12). Além disso, 12 nadadores têm até 23 anos, caso do integrante mais jovem dos 260 atletas da delegação nacional em solo japonês: João Pedro Brutos (S14), de 18 anos.
As provas da natação serão disputadas no Centro Aquático de Tóquio. As eliminatórias ocorrem sempre a partir das 9h, no horário local, com finais às 17h do Japão.